Consultei o maravilhoso livrão Antology (edição brasileira, excelente tradução), a história da banda contada por seus protagonistas - e, de fato, John afirma que foi sua mãe, Julia, que lhe ensinou a tocar banjo (e não violão, como aparece no filme), quando tinha 16 anos. Ele também diz que ela era cantora amadora e tinha boa voz - se apresentava em pubs da cidade.
Mas li uma outra declaração que me fez entender o quanto um mito também pode ser ingênuo, quase naif. John insiste em associar seu talento ao sofrimento por que passou na infância e adolescência, pela ausência dos pais. Para ele, era muito natural que tivesse se tornado um artista famoso - e seguindo esse raciocínio, quem ele considerava que lhe era superior, como Lewis Carroll, o era porque teria sofrido mais... Parece que não lhe passava pela cabeça que milhões e milhões de pessoas poderiam ter sofrido mais, muito mais do que ele, no mesmo período da vida, e nem por isso tivessem se tornado artistas, ainda mais grandes artistas. John foi um artista extremamente popular, que obteve igualmente imenso reconhecimento da crítica. Isso seria e é muito raro, com ou sem infância problemática.
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