terça-feira, 30 de novembro de 2010

Campeonato Brasileiro 2010 - mais um dramin necessário

Engraçado os comentaristas que se crêem tão racionais colocar em dúvida a marmelada que aconteceu em alguns jogos fundamentais nesta reta final de Brasileirão. Qual é a deles, afinal? Medo de processos, de ficar mal com alguns jogadores e/ou dirigentes poderosos? Com exceção de Juca Kfouri e do sempre ótimo e incisivo Luís Quartarollo, praticamente nenhum outro teve a coragem de dizer com todas as letras o que todo mundo que acompanha futebol no Brasil viu: que São Paulo e Palmeiras entregaram descaradamente seus jogos contra o Fluminense, para prejudicar o Corinthians. É fato. E a hipocrisia nas declarações de Felipão, Carpegiani e de certos jogadores, antes e depois dos jogos, foi de lascar - nem sei se hipocrisia seria a melhor palavra, porque eles não estavam propriamente dissimulando, mas encenando, fingindo, mentindo, como se todos fôssemos idiotas.

No ano passado, o Corinthians, por sua vez, para dificultar as coisas para São Paulo e, principalmente, Internacional (já que este havia entregado para o Goiás, em 2007, rebaixando o time paulista) fez o mesmo, no jogo contra o Flamengo. Lamentável. Mas agora, pela feitura da tabela, deu azar e levou o troco em dobro, porque são dois jogos ou seis pontos dados de graça a um mesmo concorrente direto, o que, faltando apenas uma rodada, praticamente o tira da briga pelo título.

Também acho estranho que a crônica esportiva insista em acusar o Corinthians de “não ter feito a parte dele”. O que seria isso? Ganhar todos os jogos desde o início, aproveitamento de 100%? Manter uma vantagem estratégica de seis ou sete pontos em relação ao Fluminense, já prevendo a entrega dos rivais nas últimas rodadas? Na prática, o empate do Corinthians com o Vitória, na Bahia, foi normal, até um bom resultado - anormal foi o Fluminense ganhar seus dois jogos fora de casa contra dois grandes de São Paulo com tanta facilidade. Não que a boa equipe de Muricy não pudesse vencer esses dois confrontos, mas a tendência seria que, num ótimo cenário, o time carioca somasse quatro pontos (uma vitória e um empate). Já estaria bom demais, mas isso ainda daria ao Corinthians a oportunidade de depender só de si na última rodada, portanto... Não bastava um ou outro rival (inimigo?) facilitar, mas ambos, o que acabou acontecendo. Ridículo!

Realmente, é nessas horas que o brasileiro mostra que ainda acredita no vale-tudo, no levar vantagem a qualquer preço etc., porque no fundo os clubes estão atendendo um pedido, uma exigência de grande parte de suas torcidas. Não deveriam ceder - a honra de um clube deveria ser sempre inegociável - mas cedem. Dá vontade de desistir de acompanhar futebol, mas é um vício arraigado demais em mim. Mas vou me esforçar.

PS: a pretexto de livrar a cara de Palmeiras e São Paulo, alguns colunistas "isentos" enfatizaram as boas exibições dos goleiros Ceni e Deola nos jogos contra o Flu. Ora bolas! O gol tem mais de sete metros de largura, portanto os goleiros, que são mais visados, mesmo num jogo de compadres, estão 'liberados' para tentar defender tudo o que puderem, para não se comprometer. Mas se ao longo de 90 minutos o resto do time não se esforça para impedir o gol do adversário, que ao contrário, precisa e busca a vitória a todo custo, é claro que, em algum momento, ele sairá. Ceni levou quatro, Deola apenas dois - mas foi a conta. Não é por aí - é só a hipocrisia tentando soar verossímil.

PS2: segue link do post que escrevi sobre o amolecimento do Corinthians contra o Mengo no final do ano passado, logo no comecinho deste blog.
http://oluziada.blogspot.com/2009/12/fut.html

Beatles - a real dimensão

Os Beatles foram causa e efeito de grandes mudanças ensejadas no pós-guerra. Não é pouca coisa, claro, mas pensando com os olhos confortáveis do presente, uma cena musical mais focada nos jovens acabaria por ser inevitável, com ou sem eles. O fato é que o destino quis que fosse a banda de John Lennon a pioneira daqueles novos tempos - ao diluir com imenso talento o rock 'n' roll criado na América, os Beatles praticamente inventaram a música pop. A história costuma se mover assim, em pequenos solavancos. Mas às vezes alguns gênios, de tão importantes, conseguem ‘apressar’ a história, como aconteceu com Newton, Einstein, Galileu, Bach, Monteverdi, Leonardo e não muitos outros. Claro que não foi o caso dos Fab Four.

Chaplin mudo e o swing - swing?

É muito boa a iniciativa da TV Cultura de exibir a fase muda de Charles Chaplin, boa parte composta de curtas-metragens geniais que o grande londrino, ainda bem jovem, já produzia em Hollywood, nos anos 10 – Mas tem um problema: não sei por que, a casa decidiu “musicar” os filmes, e pior, com um gênero musical que só seria desenvolvido posteriormente. Por isso, dá-lhe swing jazz (anos 30), nada a ver. Sabemos que cabia às salas de cinema da época contratar os pianistas que faziam o som ao vivo (geralmente com improvisos, mas às vezes executando partituras compostas especialmente para os filmes).
A solução poderia ser exatamente essa – gravações da época, que tenham sobrevivido, ou até uma adaptação, com pianistas contratados. De qualquer forma, foi maravilhoso poder ver, por exemplo, Chaplin interpretando “O Vagabundo” (1914), e assim dando os primeiros passos na criação de imortal Carlitos.

Osesp com Tortelier

Maravilha a execução da Cavalgada Noturna e Nascer do Sol, op. 55, de Sibelius, pela Osesp, regida por Yan Tortelier, bem como do Concerto número 1 para piano em Mi menor, op. 11, de Chopin. A apresentação, gravada ao vivo, foi realizada em maio deste ano, na Sala São Paulo - ouvi recentemente no celular, pela Cultura FM. Ainda não tinha acompanhado nada da Osesp sob a batuta do regente francês, e fiquei aliviado de constatar que a excelência de John Neschling está sendo preservada.

Toy Story 3 - DVD

Compramos o DVD para o Gab. Já tínhamos assistido no cinema, mas em casa é diferente – o filme passa tanto que dá para decorar o roteiro, como foi o caso de 'Carros', e os dois primeiros 'Toys'. A verdade é a seguinte: o filme - que é uma das grandes fábulas modernas - é tão bom que quase não dá para enjoar, pelo menos não nas primeiras 10, 15 vezes...!*O roteiro, as usual, é de primeira e não tem falhas – trata-se de um belo e impecável blockbuster, que não dispensa a fórmula ação-emoção-trilha sonora para entreter e comover (alguns dirão manipular), mas faz isso com tanto talento e graça que só podemos agradecer. A sequência final é linda, tocante, um fecho à altura dessa trilogia antológica.

* sacrifício, mesmo, seria ter de assistir, repetida e indefinidamente, a Tropa de Elite 2, Cidade de Deus, Se Eu Fosse Você (1 e 2),  Chico Xavier, Olga, Carandiru, 2 Filhos de Francisco e tantos outros sucessos brasileiros de bilheteria nesta década que está acabando.

Jabuti

O prêmio Jabuti está na berlinda, no pior sentido do termo, e com justiça, porque a premiação é um queijo suíço de falhas, cartas marcadas e absurdos lógicos. Logo que comecei este blog, eu, que nunca simpatizei com o Jabuti, ao ler o genial Pornopopéia, de Reinaldo Moraes, e constatar que o livro não tinha sido classificado para a 'fase final' do prêmio, escrevi um post a respeito. Não deixo de estar feliz de saber que finalmente um grupo tenha se mobilizado para dizer que sim, o rei está nu, e sempre esteve. Segue link:

http://oluziada.blogspot.com/2010/02/pornopopeia.html