terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ops

O slogan da Kiss FM é "depois de um rock vem sempre outro rock". Ok, mas o curioso é que, quando ele é anunciado, invariavelmente entra propaganda ou blá-blá-blá do locutor.

Oliver Stone

Como ele filma bem, de se tirar o chapéu. Mesmo não rezando de sua cartilha ideológica, meio a Michael Moore, admiro muito esse cineasta. E a crítica à guerra do Vietnã que ele faz em Nascido em 4 de Julho* (1989) é perfeita, irretocável. Atuação maravilhosa de Tom Cruise. Ontem de madrugada passou na TV, vi só a parte final, mas foi o suficiente para ter ficado muito impressionado, porque não tinha visto o filme. As cenas da manifestação dos ex-combatentes no comício de Nixon, em 1972, em que o presidente americano disputava reeleição, é soberba - várias ações acontecendo ao mesmo tempo, mas com uma edição de áudio original, em que não se consegue ouvir bem os diálogos no meio daquela confusão, criando uma tensão insuportável.

PS: A última vez que tinha notado uma condução de áudio tão interessante foi com Glauber, nas cenas finais de Terra em Transe (1967), em que o som é suprimido, causando um vazio, um estranhamento.

* Stone ganhou o Oscar de melhor diretor, e seu filme também recebeu a estatueta pela edição. Tom Cruise perdeu para Daniel Day-Lewis (Meu Pé Esquerdo), e o próprio 4 de Julho foi derrotado por Conduzindo Miss Dasy na disputa de melhor filme.

Foi a economia também

Muita gente se esquece que a beatlemania coincide com um período de boom econômico - principalmente nos Estados Unidos (golden years), mas também na Europa, que começava a colher os frutos do Plano Marshall. Não que o sucesso da banda se deva a essa contingência, mas esse círculo virtuoso de consumo, vitaminado por uma juventude pós-existencialista que reivindicava um lugar ao sol, foi, sim, determinante para o grau mega deste sucesso.

Interestaduais - anos 20

O auge dos torneios de seleções estaduais se deu nos anos 20 e início dos 30. Graças à rivalidade e à presença dos melhores jogadores do país, os confrontos São Paulo X Rio eram o must, e mobilizavam milhões de aficcionados do futebol. Gostaria de ver algum documentário a respeito, se possível com muita imagem da época, gols, torcedores, estádios etc. Sei que foram feitos bons registros em película, mas não saberia dizer em que estado se encontram hoje.

Os nerds e Freud

Acho que a nerdice não está relacionada necessariamente com muito talento e/ou genialidade, como tenho lido aqui e ali, a pretexto do filme A Rede, sobre o criador do Facebook - claro que alguns poucos chegaram ou chegarão a esse patamar, como em qualquer grupo ou recorte, mas penso que essa característica de personalidade tem mais a ver com insegurança, infância, criação, tipos de pai, de mãe etc. Sempre existiu. O que é relativamente recente é a possibilidade, dentro desse universo (que não é pequeno) de ser um nerd. Por isso é claro que nem todo inseguro vira nerd - pelo contrário, os nerds são apenas uma fração. Definitivamente, a incomunicabilidade não surge com o advento nerd, e tampouco as novas tecnologias são propícias a ela. Freud explicaria, se tivesse saco!

PS: difícil para mim considerar gênios Steve Jobs e Bill Gates (e muito menos Mark Zuckerberg), considerando que chamamos de gênios Caravaggio, Einstein, Bach, Mozart, Newton etc - questão de escala. Mas para quem acha que Lennon, Bowie, Cole Porter, Noel Rosa, Tom Jobim e tantos outros grandes talentos merecem o adjetivo, então Jobs e Gates também merecem.

Promessa de fim de ano e filme ruim

Pretendo deixar de acompanhar futebol*. Para mim deve ser tão difícil ou simples como parar de fumar de repente. Não posso dizer, nunca fumei. Mas é o que vou fazer. A verdade é que o futebol deixou de ser autêntico - tem a qualidade, rara no Brasil, de se basear na meritocracia - não há Dilma Roussef que transforme um cabeça-de-bagre num craque - mas só isso não basta. A televisão, o big business, sem querer, matou o futebol. Sempre defendi a economia de mercado, mas neste caso tenho de admitir que o capitalismo não fez lá um grande bem ao futebol - se por um lado, mais investimento fez multiplicar a remuneração da elite dos jogadores, algo muito positivo e justo, ao mesmo tempo foi minando seu aspecto lúdico, uma característica que sempre o diferenciou da maioria dos outros esportes coletivos. Esses supertimes europeus, com seus jogadores de 40 nacionalidades, seus estádios limpinhos e gramados perfeitos me dão sono, mesmo quando jogam entre si - de novo, não são autênticos. O futebol brasileiro, sem tanto dinheiro, também capitulou - essa coisa de "arenas", "sócio-torcedor" etc., que coisa mais chata. Acho que a gota d'água foi saber que a reforma do Maracanã vai implicar na redução do seu gramado portentoso. Ou talvez tenha sido esse entrega-entrega no Campeonato Brasileiro. Não sei. Por acaso passa na TV Melinda e Melinda (2004), de Woody Allen. Minha nossa, é péssimo e tão previsível, equivocado. Será possível que em nenhum momento passou pela cabeça do grande diretor abortar o filme, ou refazê-lo, em outros termos, como fez com Setembro (1987)?

* A história do futebol seguirá me interessando.