terça-feira, 17 de agosto de 2010

Apolíticos

Espero estar enganado, mas parece que o Brasil está entrando numa fase em que a escolha da chefia máxima do governo se tornou uma mera formalidade - o detentor do cargo define o seu "substituto", a portas fechadas, e a maioria da população, mesmo sem conhecer minimamente o personagem, referenda a indicação, nas urnas. Teríamos voltado aos piores momentos da República velha, em pleno século 21? Ou será a ressurreição do velho PRI mexicano?

Questão de escala

Gilberto Freyre se dizia um autêntico gênio brasileiro. Tendo a concordar, com a ressalva de que, se for mesmo assim, a quantidade de gênios já nascidos na Alemanha, por exemplo, deve alcançar quatro dígitos, pelo menos. Uma enormidade!

Insight

Você percebe que está ficando velho quando se dá conta de que seus pais eram mais novos (às vezes bem mais novos) do que você é hoje, em vários acontecimentos marcantes de sua infância e adolescência .

Beethoven - imitação de gênio

O primeiro movimento do concerto para piano nº 3, em Dó menor, de Beethoven, poderia ser, tranqüilamente, uma magnífica abertura do nº 28, de Mozart - que obviamente nunca foi composto, já que ele "só" chegou ao 27. É uma espécie de imitação, sim, porque, diferente da primeira sinfonia de Brahms* - que merece ser considerada a "décima" de Beethoven -, esteticamente não se dá um passo adiante. Mas só o fato de que a obra poderia, hipoteticamente, estar entre os melhores trabalhos da última e tão especial fase de Mozart, já é um grande feito, coisa de gênio. Como sabemos que não é o caso, falta a originalidade que Beethoven, ao menos em relação aos concertos para piano, só encontraria (não muito tempo) depois.


* Também a favor de Brahms, conta o fato de ter chegado tão longe logo em sua primeira sinfonia, enquanto Beethoven, já no terceiro concerto para piano, ainda não tinha alçado vôo próprio. Porém, há uma possível explicação: Brahms se lançou na empreitada de compor sua primeira sinfonia apenas na maturidade dos 40 e poucos anos, enquanto Beethoven, mesmo no concerto nº 3, ainda não tinha chegado aos 30 (a obra foi composta em 1800).

PS: há quem diga que a "verdadeira" 10ª de Beethoven é a segunda de Mahler... Ainda quero voltar ao assunto, que é fascinante.

Ouça com Nelson Freire ao piano e regência de Roberto Tibiriçá:

http://www.youtube.com/watch?v=b4cROUKAQSc (1º Mov. - primeira parte)
http://www.youtube.com/watch?v=j0IA6UUxk0Q (2 Mov. - segunda parte parte)