quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Política e futuro

Não dou muita fé na cobertura de política feita por correspondentes estrangeiros, de cá e de lá. É que se os gringos que trabalham aqui - das melhores publicações possíveis -, conseguem entender tão mal o Brasil, ou, na melhor das hipóteses, não entendem bem o suficiente, por que seria diferente no resto do mundo? Claro que o básico é fácil de capturar e transmitir, e o entendimento do xadrez político das nações está bem servido de especialistas. Já as nuances, que fazem toda a diferença, não. 
Quando os assuntos são de outras áreas, como música, literatura, comportamento, nada contra a visão do estrangeiro, pelo contrário, mas política é outra história – há que se conhecer um país a fundo, e a maioria dos estrangeiros não chegará lá, incluindo brasileiros no exterior, claro. E o estranho é que isso não se restringe a povos de cultura muito diversa ou muito distantes entre si. É algo que se dá mesmo entre países vizinhos, que têm a mesma religião e podem falar a mesma língua, como Uruguai e Chile, Estados Unidos e Canadá, Brasil e Argentina etc. Então qual seria a solução? Ler jornais no original, ou parte deles (mal) traduzidos?
Honestamente, penso que não há solução no curto prazo - nosso destino, mesmo na era da informação, é processar apenas uma fração ínfima do dia a dia dos que vivem em outra sociedade. Mas no tempo em que o deslocamento for questão de segundos, seja qual for a distância, as coisas evidentemente mudarão radicalmente - o comportamento do ser humano tende a se homogeneizar (argh!), e talvez um grande e único idioma se forme. Mas vai levar tempo!

Turismo


Não basta o lugar ser badalado ou bonito (lindo), interessante ou histórico etc. Acho que tem que haver uma comunhão para queremos voltar. Não precisa acontecer logo de primeira, mas tem que acontecer. Para mim, às vezes acontece o contrário: não me sentir bem em um dado destino, e desde a chegada. Neste caso, dificilmente consigo reverter a sensação de mal estar. Exemplos. Em Interlaken, na Suíça, senti uma tristeza que me fez quase sair correndo. No Brasil, não me sinto confortável em Paraty ou Ouro Preto. Em Morro de São Paulo até consegui reverter, mas o melhor dia foi o último, voltando para Valença de balsa, pelo belo rio Una. Coisas que não se explicam.

Baba O' Riley (1971)

Essa música espetacular ainda por cima está num compasso completamente fora dos padrões do pop - e não só do pop: 7 por 6! Descobri isso assistindo a um dos documentários sobre a feitura de álbuns clássicos do pop/rock de todos os tempos, que o canal History exibiu uns anos atrás - eram ótimos.  No caso do The Who, o programa mostrou, claro, os bastidores de Who´s Next. Possuo o disco desde os anos oitenta, o qual me foi emprestado e depois dado por Pedro Autran, expert em vários gêneros musicais.

http://www.youtube.com/watch?v=x2KRpRMSu4g

Doc chapa-branca

Documentário da TV Sesc* com atores do projeto Prêt-à-porter em depoimentos totalmente deslumbrados com as montagens. Os auto-elogios da troupe (são eles os protagonistas e elogiam o próprio desempenho) se alternam com elogios rasgados ao método de representação desenvolvido por Antunes, como se esse grande encenador tivesse criado tudo no éter... Como se a psicanálise e o surrealismo não tivessem mudado o registro do teatro a partir já do comecinho do século 20. Nenhum crítico é ouvido para avaliar as peças. Constrangedor, porque o diretor não precisa desse tipo de doc chapa-branca, de jeito nenhum! E constrangedor para os atores, que pagam mico. 

* Programa "Teatro e Circunstância".

"I gave myself fifty percent"

Cena crucial de Cassino (1995), em que o personagem de De Niro está para se encontrar com o de Joe Pesci, um assassino compulsivo, e não está muito otimista que vai sair vivo de lá. Scorsese, um virtuose, compõe um quadro dessa tensão com imagens refletidas no espelho retrovisor do carro de De Niro, ao chegar ao local (deserto de Nevada) e espalhando areia pela estrada, meio em slow. Como fundo musical, um tema de rara beleza, 'Thème de Camille', de Georges Delerue. Que cena.

Segue link tema: http://www.youtube.com/watch?v=NyyeqADH7p8

PS: por falar em Cassino, James Woods é um ator espetacular, e a grande Sharon Stone merecia ter levado o Oscar de melhor atriz por Cassino - perdeu para Susan Sarandon em Os Últimos Passos de um Homem.