terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Grande

Não gosto da expressão da hora 'fulano é o cara', 'beltrano é o cara', mas me deu vontade de usá-la agora para falar de Albert Einstein. Ele foi, sem dúvida, 'o cara' do século 20, talvez 'o cara' de todos os tempos. Mesmo em relação ao post abaixo das inevitáveis derrapadelas dos gênios - que são seres humanos e escorregam mesmo (na vida pessoal então...) é difícil encontrar alguma falha em sua obra. E que obra... Senão vejamos: sua constante cosmológica, tão ridicularizada no início, não só passou a ser levada a sério nos últimos 10, 15 anos, como tem recentemente rendido prêmios Nobels a alguns físicos que o estão estudando e comprovando sua existência (não tenho os nomes agora, mas depois localizo e posto); sua relutância/aversão em relação à mecânica quântica (mais pelos seus desdobramentos) tem se demostrado perspicaz, e na prática inatacável. E quanto a suas obras-primas - relatividade especial, relatividade geral, efeito fotoelétrico, artigos fundadores da cosmologia etc etc, elas formam um conjunto de criações/descobertas que beiram o absurdo ao sabermos que tudo foi gerado por uma única cabeça - acho que Einstein é o Shakespeare da física hehe. Além de tudo, e apesar de não criar nada do vácuo porque isso, claro, não existe (nem para ele), Einstein foi capaz de conceber suas teorias literalmente só, sem colegas, sem equipe, sem nada, contrariando os clichês mais arraigados do 'trabalho em equipe', "ninguém faz nada sozinho" etc. Por tudo isso, um sujeito como ele deveria dar a qualquer um orgulho de sermos seres humanos, além de um certo alívio, já que a mesma humanidade tb nos legou Hitlers e Stalins... Viva o grande suíço/alemão!

Soft

Voltando à música, ou melhor, a alguns gênios da música, me ocorre que mesmo entre eles, há obras que deixam a desejar. Mesmo nos melhores casos, ao menos parte delas - alguns movimentos, inteiros ou parte deles - mesmo que ínfima, soa forçado. E acredito que isso é fato para todos os grandes compositores, sem exceção - o que inclui até mesmo Bach, o deus maior da nossa música. E claro, se estende tb aos grandes mestres de todas artes, de Michelangelo a Truffaut. Tendemos a ignorar, ou melhor, a abstrair a ruindade deles (neles), quando ela aparece. Mas não é diferente em relação aos nossos amigos e familiares, o que para mim não era tão claro até hoje. Isso deveria soar bem, mas não me soa - o fato de que, quando convém, julgamos tudo e todos pelo que fazem de melhor, deixando o pior descansando no armário. Somos só aparentemente implacáveis, porque só assim conseguimos sobreviver.

Serviços em SP e Freud

Falando em cerveja, me vem à cabeça o nível dos serviços em bares e restaurante em SP, que merece uma consideração. Para mim, atendimento bom acontece em lugares - simples ou requintados - onde sentimos que o garçom está 'com a gente', satisfeito em nos atender, sem subserviência, mas satisfeito. Naqueles em que o atendimento é blasé ou antipático, a pessoa trai um certo mal estar de simplesmente trabalhar no ramo. Aí não dá, é o caso de mudar de profissão, e a eventual beleza física do fulano(a) não altera isso em nada. E se essa pessoa não tem a iniciativa de pedir o boné, que os donos destes estabelecimentos o façam por ela.

Por uma cerveja menos choca em 2010

Não sei bem por que, mas em São Paulo, as cervejas nacionais (Brahma, Antarctica, Bohemia, Kaiser etc) são piores que em outras capitais ou estados. É só comparar uma brahma que se bebe no Rio ou no Espírito Santo, por exemplo, com as daqui - talvez seja a diferença da qualidade da água, não sei, o fato é que em SP o sabor das cervas é incomparavelmente pior, mas é mais que isso, porque não dá sequer para beber, diferente de lá, em que a bebida desce bem legal, quase como na propaganda. De minha parte já desisti, e esse tem sido o lado bom da coisa - quase não bebo mais cerveja. Além da possível explicação da água, o desleixo com que se serve cervejas nos botecos de SP tb pode explicar o gosto horrível - em 90% (talvez 99%) deles ela está irremediavelmente choca, o caminho certo seria o lixo ou a pia, mas eles a servem para a gente... que na maioria das vezes, nunca reclama, talvez por nunca ter viajado ou pedido cerveja nos lugares que descrevi, o que é uma pena, mas ajuda a entender a situação.

Romantismo - um problema

O que me incomoda no Romantismo - falando de música - é um tipo de literatice que virou moda na época, possivelmente a partir do romantismo alemão. É aquele tipo de 'interpretação' do mundo em que uma composição passa a ter que ter um 'tema', uma inspiração 'oficial'. Então a música ganha título e até um enredo, como se fosse um romance ou um tipo de ópera, e o ouvinte deve limitar sua imaginação àquela realidade, o que me soa impositivo e chato. Beethoven já insinuava, mas, por sorte, acabou não dando tanta bola para a coisa, mas a geração seguinte, com exceção de Schubert, Chopin, Mendelssohn e Brahms (exceções bem representativas, tenho de admitir...). Para exemplificar, cito o caso de Lizt, com seus poemas sinfônicos. Wagner estaria no meio do caminho, já Robert Schumann foi capturado, mas o fato é que muitas vezes, a música é tão bela e celestial que o que critico aqui fica em segundo plano, ainda bem, pois a grande música é capaz de superar até as tolices de seus criadores - eu tb incluiria Mussorgsky e Tchaikovsky nessa lista. Depois pretendo voltar ao assunto.

Música e notícia: nada a ver

Pois é, voltei - vou parar de me despedir. A Cultura FM de São Paulo é uma benção, mas ainda não entendi por que enxertam na programação notíciários de uma em uma hora, tipo Globonews. Não carece (e o motivo passa longe de eles serem bem fraquinhos), porque quem quer ouvir música quer ouvir música, só isso, não deve ser tão difícil de entender. Acho um porre essa 'jornalização' de tudo (parece que precisamos saber das novas o tempo todo, quem sabe para saber que ainda estamos vivos...). Agora, se um asteróide gigante estiver a ponto de colidir com a Terra, tudo bem, que se dê a notícia, inclusive interrrompendo a programação. Tipo assim: "vc aí ouvinte, tem mais 40 minutos para fazer qualquer coisa na vida antes de morrer, mas se quiser seguir escutando a Cultura, ela vai continuar no ar até o fim" hehe. Mas que fique combinado, só se for por algo desta magnitude, e para cima..!

Unisex de longo alcance

Só para complementar o post abaixo. Acho que as verdadeiras loiras burras são as que pensam que são inteligentes. São mais divertidas, porque autênticas - e podem ser morenas, ruivas, negras etc etc. E claro, a máxima tb se aplica ao sexo masculino, que inclusive as supera de longe em número. Agora fui! feliz Natal e um grande 2010!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Solstício e humor

Hoje, que para nós é o dia mais longo do ano, fez um dia especialmente azul e luminoso em São Paulo. Em homenagem ao ano que quase já passou, e aos que virão, saudemos este belo dia. E para encerrar o ano aqui com algum riso, (assim espero), uma frase de minha lavra (não muito recente, mas o blog é.. hehe), espero que gostem, senão sorry e tento outra vez, qualquer hora... "Loira burra não tem o direito de ser feia". Haha!

Paul Samuelson

Não, a intenção aqui não é registrar "uma lágrima" pela morte de Paul Samuelson, como aquele colunista esperto costuma fazer, dando o truque, porque conhece tanto dos defuntos ilustres pelos quais chora como os da vala comum que morrem todo o santo dia - o que seria ótimo se a soma não fosse zero. Paul Samuelson foi grande, viveu quase 100 anos, e ninguém senão seus amigos próximos e familiares deve renvindicar as lágrimas por sua morte. Poucos como ele conseguiram tanto da vida e por tanto tempo, isso é o que conta na esfera particular. Na pública, foi um gênio que nos legou poucos e clássicos livros, e isso vai interessar por muito tempo ainda.

Mundo

Houve uma época em que, ainda adolescente, logo depois de descobrir a música, me propus a escutar simplesmente toda a obra de Bach e Mozart, e o máximo que pudesse dos outros compositores que me interessavam - e eles eram muitos. Sem contar os livros, a lista que já vinha fazendo desde os 18, 19 anos. Ainda que não fosse o preguiçoso que me tornei (ou fui, por um tempo), isso teria sido impossível, porque logo apareceram outras seduções, outras demandas, outros desejos, mas eu pensava, mesmo assim, que daria um jeito. É que a adolescência, e mesmo parte da juventude, é uma fase tão linda quanto essencialmente ingênua, claro. Mas amadurecer tb tem a beleza de se constatar que não, não leremos todos os livros, não veremos todos os filmes, não escutaremos sequer a íntegra de Bach, não, não e não... Mas se pode fazer muita coisa, isso se realizarmos que temos de fazer escolhas (e é bom que acertemos nelas) abrir mão disso e daqulio, mas seguir adiante, keep going e aproveitar o melhor possível. Só isso, e não será pouco. Acho que agora só volto a postar em janeiro, au revoir, me voi!

Santo Amaro, Clipper e Ipanema

Apesar de não morar em Santo Amaro há mais de dez anos, considero o bairro minha 'terra natal', por ter vivido nele por quase trinta, em mais de um de seus subdistritos (não, não é o da Purificação, bem entendido, hehe). Portanto, serei sempre um santoamarense. Gostava de sair a pé aos sábados para longas caminhadas solitárias, passando por bairros menores, que fazem parte da grande Santo Amaro, se é que se pode usar esse termo. Nas mais longas, chegava a descer até a Granja (Julieta), mas nunca deixava de passar pelo Alto da Boa Vista, lindo recanto bastante arborizado e sossegado, com suas casas quase sempre térreas em terrenos amplos e jardins bem cuidados, às vezes em ruas de paralelepípedos. O lugar era um charme, tanto que passava pela minha cabeça, mesmo sendo tão novo na época, comprar uma casa lá depois que me aposentasse, ou algo assim - isso se pudesse, porque o lugar sempre foi caro, o que sempre me pareceu justo. Minha rua preferida era a Comendador Elias Zarzur. Nunca me preocupei com a ameaça dos prédios, porque sabia que lá era e é Z1, e isso muito dificilmente poderia ser modificado. Mas me enganei. De fato, continua sendo Z1, mas a malandragem das imobiliárias e incorporadoras, em concluio, claro, com vereadores do mal, fez com que passasse a ser permitida a construção de condomínios de casas relativamente pequenas (mas caras) no lugar das antigas que tanto gostava, que começaram, claro, a ser demolidas, uma a uma. Quer dizer, para cada casa antiga no chão, seu terreno vê brotar de oito a dez no lugar, de uma vez só, é mole?, uma ocupação caótica e grotesca, que ainda está em curso. Evidente que as ruas outrora tranquilas já têm carros passando a rodo... Claro que isso não aconteceu em um ou dois anos, vem acontecendo há quase dez, e como ainda voto num colégio do bairro, fui assistindo a sua degradação aos poucos, o que me causa uma sensação de perda, porque, quando e se me aposentar, o Alto da Boa Vista que conhecia não existirá, porque já não existe. Ainda bem que me resta outro lugar dos meus sonhos, e este ainda está bastante preservado, pelo menos em relação à minha memória afetiva. Fica no Rio, mais propriamente no Leblon, nas imediações da av. Ataulfo de Paiva, ou mais especificamente bem pertinho do Clipper, um maravilhoso bar que, sozinho, seria capaz de sintetizar a grande diferença entre Rio e São Paulo e ô porque de, sem a violência carioca (que há de acabar), o Rio vence por algumas cabeças (ou muitas). PS; ainda volto a falar do Clipper e de outro lugar no Rio para onde me mudaria amanhã, caso pudesse. O endereço? Rua Barão da Torre, qualquer número, Ipanema, amém!!

Timing

Um dos escritores brasileiros que mais admiro é José Lins do Rego. Principalmente por Banguê, que acho genial. Mas nesse post queria falar como às vezes, para determinadas coisas, pode-se nascer ou morrer antes da hora. O escritor tb foi um cronista muito conhecido no Rio e apaixonado por futebol e seu Flamengo. Mas como ele morreu antes dos 60 anos, no final de 1957, acabou perdendo por pouco o advento Pelé (mas não o de Garrincha, que presenciou em parte). É como amar a música, mas não ter chegado a ouvir Mozart e tudo que veio depois. Perdeu tb Zico (para mim o melhor jogador brasileiro da história depois dos dois citados), que o teria enchido de alegrias, mas aí já não se pode falar em má sorte, porque o Galinho surgiria já na velhice do romancista. De quebra, tb por poucos anos, perdeu todos os desdobramentos do surgimento do Beatles, mas provalvelmente isso não o teria incomodado muito. De qualquer forma, é óbvio que, ao morrer, sempre perderemos grandes coisas que às vezes estão para acontecer.

domingo, 20 de dezembro de 2009

A calçada, o ciclismo e a barbárie

A atitude dos motoboys em SP daria um tratado, mas vou passar (por enquanto), por pura preguiça de fim de ano. Mas o que tem me irritado muito ultimamente são bicicletas transitando descaradamente nas calçadas, em alta velocidade, fingindo que somos nós pedestres os loucos a caminhar no meio da rua... Para mim, que bato muita perna por aí (não é o que nos recomedam os verdes, o tempo todo?) a idade máxima de um ciclista para que fosse permitido a ele rodar na calçada seria de um dígito, não mais. Mas claro que são os grandões que desrespeitam, pirulões bem vestidos com 20, 25 anos, e já reparei que, decalcando o modus operandi dos motoqueiros, fazem sinais ao se aproximar, sinais nada amistosos. Outro dia, no caminho do banco, vi que um desses vinha à toda em minha direção e, já meio irritado, resolvi blefar, fingindo que estava distraído. Pois não tivesse algum reflexo e seria albarroado ali mesmo. Volto.

Festas, e Itália e França em agosto

A comemoração do Ano Novo é uma espécie de aniversário coletivo da humanidade, já que os que festejam comemoram a passagem do tempo - o que varia é a quantidade de festas de cada um ao longo da vida naquele dado momento. Depois de alguma idade, começa a ficar meio chato fazer dois aniversários por ano (só escapam disso aqueles que nasceram no último ou primeiro dia do ano)... mas não tem jeito, porque não deixa de ser um ritual importante, e não sou contra, porque eles servem de parâmetro e referência em nossas vidas, já que não vivemos muito - se nossa expectativa de vida fosse de, por exemplo, 3 mil anos ou mesmo menos, acredito que o ano novo não fosse considerado grande coisa e passaria batido. Tudo para dizer que sim, acho bobagem ignorar os rituais só por ignorar, fazer o original e sempre dormir na passagem etc - mas o entorno de alguns deles passa dos limites e nos leva ao stress e até depressão. Me refiro aos 'almoços' com amigos que pouco vemos, encontros com colegas de trabalho, happy hours, festas da 'firma', amigo secreto, enfim, é tudo tão forçado e sem graça que vira um filme ruim e longo, principalmente com o passar dos anos, com o tempo se comprimindo. Que se comemore o Natal (para quem for cristão) e o Ano Novo numa boa, mas sem os acessórios que só têm servido para esvaziar o pouco de autêntico que essa época ainda tem, se é que tem. Aliás, sobre o Natal, eu gostava muito, acreditei em Papai Noel até meus 7, 8 anos, e ainda bem depois me sentia estimulado com a aproximação da data, ela me caia bem. Não sei, mas toda essa obsessão de viajar acho que provocou as primeiras e maiores rachaduras - ninguém tem mais calma para ficar na cidade numa boa, é uma urgência de sair logo daqui, então tudo o que vem antes virou um fardo, e a ceia de Natal não consegue ser exceção. O "fenômeno" nem tão antigo das férias coletivas nessa época (entre mais ou menos 18/12 e 4 ou 5/01), que já inclui quase todos os setores da nossa economia, tb contribuiu, porque uma coisa puxou a outra - sem comércio a cidade meio que não vive, então todos evaporam, como na Itália e França em agosto, algo assustador.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Arte e compaixão

Esse é um tema que quero poder dedicar mais espaço, porque me é muito caro. Mas vou só começar a registrar aqui, para desenvolver mais adiante. Para mim, a grande literatura, o grande cinema, a grande poesia - na pintura tb - a compaixão quase sempre se faz presente, com a sutileza que só os grandes mestres são capazes de imprimir a uma obra de arte. Me ocorrem grandes nomes e obras para citar, mas, porque vi recentemente o novo de Almodóvar - e ele me comoveu muitíssimo - cito "Abraços Rotos", onde ela é muito bem e belamente empregada. Volto ao tema em breve. Mas antes, registro que acho que o grande W. G. Sebald usa e abusa da compaixão no melhor sentido possível. E que John Coetzee e Primo Levi também.

Swimmers

Não sou muito de esportes olímpicos, mas a natação é justamente uma das poucas modalidades que gosto de acompanhar pela TV nas Olímpíadas (a outra era o vôlei pré fim das vantagens e o basquete pré americanos da NBA na parada, porque depois das mudanças ambos ficaram bem chatos). Por isso sempre me considerei, senão um fã, um grande admirador do grande Alexander Popov, recordista mundial dos 50 e 100 metros por um bom tempo, sendo que o recorde na primeira prova permaneceu imbatível por inacreditáveis oito anos. E isso numa era pré maiôs tecnológicos. Bom, mas com maiô ou não, é de tirar o chapéu o que o "nosso" Cesar Cielo vem fazendo desde o ano passado. Eu, que sou velho o suficiente para ter torcido (criancinha, vá lá..) por Djan Madruga, em 76, no Canadá (ficou com um frustrante, mas belo quarto lugar, sem medalha portanto), acho o feito do compatriota inacreditável. E sensacional. Parabéns pra ele, e que venham mais duas de ouro em Londres, se possível com novos recordes mundias - mas nem precisa.

Voto de Minerva

Pelo que entendi há pouco, no JN, os seguintes países fizeram questão de rechaçar hoje qualquer decisão da recém finada Conferência do Clima, em Copenhagen: Venezuela, Sudão, Bolívia, Cuba e talvez mais alguma ditadura de que tenha me fugido o nome, mas que vale escrever em negrito. Na boa, depois disso, alguém precisa de mais alguma informação para se decidir de que 'lado' ficar? PS: não mencionaram, mas nesse grupo senti falta da Líbia... pôxa, tendo ido à Dinamarca Hugo Chávez, Lula, Evo Morales, entre outros "líderes", por que não Muammar Kadafi?? hehe

Lutar?

As doenças graves nos chocam porque percebemos como somos frágeis, aí invocamos o destino etc, o que é justo e aceitável. Percebemos que, existindo doenças letais, nosso organismo precisa combatê-las o tempo todo, e é isso precisamente o que ele está programado para fazer e faz, ou tenta fazer, o tempo todo... Mas às vezes não dá, então... Bom, então morremos, o que é uma pena, mas morreríamos ou morreremos de qualquer forma, ou até por um ridículo acidente doméstico ou automobilístico, bem antes da hora etc. O que queria destacar aqui é que, mesmo enquanto dormimos, combatemos, por isso deve ser tão difícil - ainda que inconscientemente (atavicamente, for sure) - não lutar no nosso difícil ou fácil dia a dia, em nossa realidade objetiva. Isso soa como uma aberração, um tabu, um incesto, e talvez os seja, porque não lutar é ou seria um contra-senso. Ou nada disso. Voltarei ao assunto.

Villa jovem, folk, de Falla e rádio no celular

Sempre achei que não gostava muito de Villa-Lobos, mesmo sendo ele meu compatriota, que coisa né? Mas eis que, graças ao ótimo Gilberto Tinetti e idem seu programa Pianíssimo, na Cultura FM, na semana que homenageava o cinquentenário da morte do compositor, há um mês, tive acesso a uma peça extraordinária de Villa (vou procurar depois para citar, está arquivado no meu cel), composição de câmara ainda dos anos 1910. De arrepiar e pasme, até de me provocar orgulho, esse perigosíssimo sentimento que tanto estrago faz por aí. À época, o folclore não o intimidava, ou pelo menos ainda não dava as cartas em sua obra, alívio. Mas diga-se que essa praga não começou aqui no Brasil, claro que não. O grande Manuel de Falla, seu contemporâneo e um dos meus ídolos na adolescência, tb não resistiu a ela, ainda que isso não tenha causado maiores danos ao seu gênio e à sua obra, como acho que foi o caso com meu conterrâneo. PS: quero registrar que, depois de muitos anos (e sem rádio no carro porque cansei de ser roubado e não tinha nenhum até bem pouco tempo) o rádio acessível ao celular me fez voltar a ouvir este básico, belo e prosaico meio de comunicação (pena que só FM), e fico feliz de ter de nuevo Tinetti e idem o ótimo e querido Lourenção ao meu alcance (além da transmissão de futebol que invadiu as FMs, para o bem dos sem TV por assinatura como eu, demorou!), tks Nokia!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Fut

Essa é sobre futebol, e como meus dois únicos leitores - minha mãe e minha mulher - não gostam muito do assunto, provavelmente vou escrever só para mim mesmo, mas isso já me basta - acho que o espírito da coisa aqui é isso. Bom, passado mais um Brasileirão por pontos corridos, teria várias observações a fazer, mas estou com um pouco de preguiça, então vou me deter no que mais me irritou (gostei de várias outras coisas tb). Aquele discursinho dos "jornalistas especializados" (e que, claro, migrou para parte dos jogadores, tipo o Rogério Ceni, por exemplo) de que a última rodada deveria ser uma 'mera formalidade, pois tudo já deveria estar definido'. Tudo para tentar tapar a realidade de que, sim, alguns times entregaram o jogo para prejudicar outros, por rivalidades locais. Para começar, é preciso dizer que, por uma questão de lógica - matemática mesmo - a última rodada é tão importante quanto a primeira, certo? Claro que sim. Por acaso ela vale menos? Evidente que não. Então por que não seria lícito, justo, que o campeonato fosse decidido na última rodada? Aliás seria ótimo que fosse, e foi... Daí a importância de todos os jogos serem jogados com determinação e busca pela vitória, sempre. Eu me lembro que há dois anos, o Cruzeiro dependia de uma vitória atleticana contra o Palmeiras, em São Paulo, para se classificar para a pré Libertadores 2008. E o Palmeiras tb jogava com o mesmo objetivo - uma vitória simples contra o Galo e estaria dentro. E o Galo não jogava por nada, mas, dirigido por Leão, jogou a sério, derrotou o Palmeiras e o Cruzeiro foi à Libertadores. E Cruzeiro e Atlético não fazem uma das mairoes rivalidades entre clubes no Brasil? Ela teria ficado abalada depois do acontecido? Então qual o problema de o Grêmio jogar para valer contra o Mengo na última rodada? E o que dizer do Corinthians, meu time, contra o mesmo Flamengo, na penúltima - na prática a rodada que decidiu o título? Pois é, achei ridículo que os tais "especialistas", a pretexto de defender os pontos corridos, tenham então atentado contra a lógica e criado essa "tese" de que 'o que não se fez antes não se poderia exigir dos rivais que fizessem', etc. É uma grande asneira. O sistema de pontos corridos tem defeitos, mas é bacana e não precisa deste tipo de defesa, que é provinciana e imoral. O campeonato por pontos corridos está sujeito a tabelas que ajudam uns e atrapalham outros, mas se todos jogarem a sério, para vencer, até o fim, como na Europa, o tal problema da última rodada não existe. Simples assim. PS: depois volto para dizer o que penso dos jornalistas "especializados" que estão se especializando em fritar carreiras antes da hora ("ex-jogador em atividade" "só marketing" e outras pérolas), e neste ano de 2009 acabaram se especializando em quebrar deliciosamente as próprias caras. A ver.

Tempo

Não, não vou entrar nessa seara de refletir sobre o tempo. Pelo menos não agora. Só gostaria de saber como acertar o relógio deste blog, que indica sempre a hora errada, mesmo depois de supostamente acertado por mim. Meus dois ou três leitores (e claro que nessa estimativa incluo minha mulher e minha mãe!), por favor, me ajudem. PS: são 10h59 da manhã desta sexta-feira, vamos ver o que indica o relógio na postagem. Lá vai!

Mozart/Beethoven

Sempre achei que os musicólogos subestimam a diferença de idade entre esses dois grandes gênios da humanidade (não escrevo gênios 'da música' porque acho meio limitante, assim como acho bobagem dizer que Einstein, Kepler e Galileu são gênios 'da física', por exemplo. Idem para Platão, Shakespeare, Bach, Dante, Camões etc etc). E ela é bem pequena, já que Mozart nasceu em janeiro de 1756 e Beethoven em dezembro de 1770, ou seja, pouco menos de 15 anos. O fato de Mozart ter morrido aos 35 para 36, quando Beethoven estava para completar 21, talvez explique em parte essa omissão (lembremos tb que Mozart já compunha peças importantes desde muito cedo, e Beethoven não, então é como se a diferença de idade fosse maior). Beethoven ficou orfão de sua principal influência, mas isso talvez tenha sido essencial para que ele pudesse superá-la, o que de fato ele conseguiu, já que encontrou seu caminho e enriqueceu a história da música (mas afirmar por isso que o compositor alemão é superior ao austríaco acho precipitado, além de inútil). Até aí nada a questionar. O que me intriga, e acho, sim, um assunto subestimado pelos musicólogos sérios (talvez não se interessem porque seria mera especulação, mas que seja, e daí?!) é como poderia ter sido a carreira de Beethoven se Mozart tivesse tido uma vida menos curta, ou até longa para a época (vamos considerar a hipótese que Mozart vivesse até os seus 63 anos, 1819 portanto, apenas oito antes da morte de Beethoven). Aliás me intriga também (e até mais) o que Mozart teria criado, até onde teria chegado - se o romantismo que ele já insinuava predominaria etc, é fascinante conjecturar, não duvido que antecipasse o próprio dodecafonismo, hehe! Mas voltando ao gênio alemão. Ele teria conseguido criar o próprio estilo com a sombra do seu ídolo tão próxima (Viena) e por tanto tempo? Gostaria de ter lido um belo ensaio do grande Alfred Einstein sobre isso, mas acho que não rolou! Voltarei ao assunto, porque talvez em breve me arrisque a fazê-lo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Argh 4

Estou quase terminando de ver a sexta temporada da série The Shield - ótima dica do blog do Bortolotto, que se recupera bem, que bom. Fico pensando porque jamais teremos algo parecido no Br. Principalmente porque não conseguimos dirigir bons coadjuvantes - na série, até as portas e paredes atuam na medida, sem firulas; por aqui é uma piada, como bem o demonstrou "Os Filhos do Brasil" e aquela outra série sobre tráfico no Rio, exibido acho que pela Fox, não me lembro do nome, mas idem horrível. Mas, claro, não temos roteiristas, quer dizer, não temos uma indústria que produza quantidade suficiente para que a seleção natural aja... Bom, mas em pequenos países da Europa e Ásia e mesmo na AL tampouco existe essa abudância e mesmo assim às vezes conseguem algo digno de nota, pelo menos no cinema ("pelo menos" é engraçado, mas é que a TV já é capaz de fazer grandes coisas, não é mais o patinho feio, pelo menos não pra mim). Mas no Brasil, não mesmo, em TV ou cinema. E voltando à temática barra pesada de Shield, num país em que se mata 40 mil pessoas por ano, por baixo, mesmo sem "indústria" deveria chover roteiros abordando nossa violência de cada dia, no Rio, SP, BH, Recife ou qualquer lugar. Mas não, uma série como Shield costuma chocar nossos bons costumes, então nada feito, e os gatos pingados que encaram a coisa não tem know how, talento e competência para produzi-la a contento.

Argh 3

Aliás, tem tanta coisa fake por aí.. Esportes de Aventura, por exemplo, sempre me incomodou. Simulacros de perigo e adrenalina, tão autênticos que são reais.. porém falsos como nota de 3. E dá-lhe executivos(as) frustrados fazendo a linha super-homem (ou superwoman) em trilhas arriscadas, cheias de mosquitos, lutando contra o tempo... Uau! Não duvido que vire esporte olímpico, passando a perna no xadrez, como tantos 'esportes' já passaram, como o vôlei de praia (argh, o fut-vôlei ao menos seria uma escolha mais graciosa).

Argh 2

Não suporto essas passeatas anti-tudo nos paises ricos, com pseudo-violência por parte de manifestantes jovens e corados, contida com pseudo-força por policiais bem treinados e bem remunerados. Me soa tão falso...  Pra mim é meio que um simulacro das atitudes punks autênticas e corajosas que ficaram lá trás, bem longe. Um bando de filhinhos de papai querendo fazer o rebelde, com direito a fotos e vídeo para colocar nos porta-retratos da futura sala de alguma grande corporação, depois do MBA... Mas, claro, devem continuar tendo o direito de fazê-las, liberdade, sempre. Mas é uma papagaiada, isso é.

Argh

Sobre esse novo mensalão, agora envolvendo Legislativo e Executivo do Distrito Federal. As mobilizações contra o governo são corretas, mas me soam mal. A base de tudo são imagens, principalmente a do governador. Sem elas e ninguém se mobilizaria. É como se as investigações estivessem a reboque delas - sem imagem, nada feito, não há "provas". Me soa fascistóide porque é como se não precisássemos da Justiça, mas de celulares. E o pior é que os temos de sobra...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Início


É difícil refletir sobre o tempo presente porque o estamos vivendo, óbvio. Mas não se trata de 'falta de perspectiva histórica' ou outras baboseiras - inútes para tratar do dia a dia de indivíduos. Temos medo do presente, simples assim, e isso é ridículo, patético, só diminui nosso já escasso tempo de vida útil ou inútil. Quando a gente se apavora, a civilização que já construimos nos abandona e nossa existência deixa de fazer qualquer sentido, até o sentido de espécie animal que já deixamos de ser. Por outro lado temos filhos, e isso nos aproxima de todos os outros seres vivos do planeta, inclusive os que não são humanos, e não me refiro apenas aos mamíferos, mas insetos, peixes etc. Fazemos sexo tb, mas e daí? A solução seria produzir arte, arte, arte, arte. Mas a má arte presta um grande desserviço porque confunde, distorce, engana. Não há soluções fáceis, na verdade não há soluções e isso é bom.