sábado, 9 de janeiro de 2010

Meteorologia e Bergman

Vi vários filmes aos 18 anos que me tocaram fundo e ainda tocam - aliás, exatamente por isso não subestimo ninguém com essa idade, pelo contrário. Vou citar quatro: Verdades e Mentiras, Dersu Uzala, E La Nave Vá e Fanny e Alexander (devo admitir que a lista podia incluir Citizen Kane, o problema é que o filme não me conquistou...). Pretendo falar de cada um mais adiante, mas me lembrei de tudo isso porque ontem andei fuçando temperaturas européias na web. Tem sido um inverno muito rigoroso por lá, e procurei pelas mais baixas em Moscou, Helsinque e Estocolmo. Helsinque, ainda às 18h00, estava com inacreditáveis (mesmo para eles) 20 graus abaixo de zero. Estocolmo, menos 15 e por aí vai (Moscou até que estava ok, com "só" 8 negativos). Aliás, a internet me fez realizar um sonho que tinha desde muito criança (saudades do grande Narciso Vernizzi!), e que na época era completamente impossível, o de saber instantaneamente a temperatura nas mais variadas cidades do Brasil e do mundo. Ainda não chega a ser instantâneo, mas é maravilhoso pra mim poder pesquisar à vontade - no ano passado flagrei pelo Google Earth 41 negativos numa cidadezinha da Sibéria, uau! Calor excessivo tb me interessa - já encontrei temperaturas de mais de 36 graus, em plena madrugada, no verão do Oriente Médio (Iraque e Arábia Saudita) e quase isso em pontos da África. Bom, ontem o frio na Escandinávia me fez lembrar Bergman (mas tb de Mika Hakkinen!!), então fiquei com vontade de rever Fanny, um dos grandes filmes que já assisti na vida. Aliás, os filmes de Bergman, pelo menos para mim, só são possíveis de ver quando estou numa fase boa, do contrário me fazem gelar de medo. Hoje daria para encarar.

Pizza e vida

Tenho comido pizza na padaria de baixo. Só um pedaço, geralmente de manhã. Os sanduíches já não consigo mais, são invariavelmente ruins, em qualquer padoca, o que varia é o grau de ruindade (mais ou menos gordurosos, ingredientes de segunda, de terceira etc). As pizzas não são lá grande coisa, mas já estão prontas, e só um pedaço não tem muita caloria e me serve de cafá da manhã (já que tb peço um café puro, este melhor que a média). O problema é que fatalmente tb vou enjoar de pedi-las. Reflexão ordinária para uma manhã de sábado luminosa...

Música e histeria

Tem gente que ouve música o dia inteiro, o tempo todo. São pessoas que trabalham ouvindo música, praticam esportes, fazem sexo etc, sempre com algum fundo musical. É aí que queria chegar - ouso dizer que essas pessoas não amam a música, porque acho que ela não nasceu para ser um mero pano de fundo. Ou melhor, pode ser, mas nesse caso ouvi-la terá sido um ato secundário. Quando escolho ouvir música, isso deve ser a principal coisa que estou fazendo naquele momento e tanto melhor se for um ato solitário, quase como a leitura, e mesmo que esteja dirigindo (sozinho) ou caminhando, já que conseguimos dar conta dessas atividades por reflexo, sem interferir na contemplação da música, até pelo contrário. Claro que tudo bem colocar música como fundo durante uma conversa, para uma visita, mas aí fica explícito que escutá-la está em segundo plano, é só um plus. Mesmo quando dançamos, o principal ali é estarmos dançando, a música é só o veículo, o detonador e tudo bem. O que quero chamar a atenção é que essas pessoas que ouvem música 15 horas por dia não se dão conta de que, provavelmente, a música quase NUNCA é prioridade para elas e isso é triste. Talvez a música lhes sirva apenas para encobrir o silêncio, o que é igualmente triste, pois o silêncio é vital e não deveria ser assustador. PS: o pior é que, em não poucos casos, esses ouvintes histéricos são músicos...