quarta-feira, 30 de junho de 2010

Samuel Johnson

Já estão falando em Copa Mercosul. Calma. Melhor esperar as semifinais e contar quantos selecionados da América do Sul terão sobrevivido. Seria muito engraçado que os confrontos fossem os seguintes: Alemanha X Espanha e Holanda X Gana, hehe!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Blogs y la obra

A principal acusação (velada) contra blogueiros em geral é que estes – suprema pretensão – ambicionam criar uma obra, por pior que seja (a aposta em Freud é infalível, o acerto, não). Mesmo assim, qual o problema? Quem nasceu para ser José Eduardo Dutra nunca será Tocqueville, até aí tudo bem, e daí? Recentemente, um editor de uma conhecida revista de literatura (brasileira) ponderou (!) que o que falta na rede é justamente.... guess what?, edição!! Bom saber...

Nelson e a Copa

Se Nelson Rodrigues ainda fosse vivo, acho que torceria contra o Brasil. É que aquele complexo de vira-lata que tanto o incomodava deu lugar à uma soberba e oba-oba ridículos. Seria como se a sua 'grã fina de nariz de cadáver' ("who's the ball?"!), tivesse se tornado uma legião, e uma legião barulhenta. Não duvido que essa nova realidade lhe causasse repulsa.

Pós-sábado

Esta Copa está produzindo um efeito diferente e interessante em São Paulo. Nos jogos do Brasil em dias da semana, a cidade não só pára antes (com acento, ainda não é obrigatório) como fica tranqüila (idem), pós-jogo, por horas e horas. Mesmo quando o Brasil joga de manhã (às 11h), nada de "produtivo" acontece no resto do dia. Até quem não gosta de futebol parece apreciar não ter de fazer nada em dia útil, sem culpa. E é uma atmosfera que chama a atenção por ser diferente da que existe nos domingos, por exemplo, mais silenciosa e triste. Está mais para um feriado que caiu no sábado, em que quase ninguém viajou, mas em que se comemora coletivamente alguma coisa. Na verdade, não existe uma data específica do calendário em que isso acontece em São Paulo, a não ser Copas do Mundo, especialmente esta, porque até a Copa passada, a sensação de folga não se estendia tanto depois dos jogos - a megalópole agora globalizada se permite um relax maior, e isso faz sentido, não é um paradoxo. É um belo contraponto à histeria coletiva DURANTE os jogos. De qualquer forma, apesar de ter uma defesa fantástica e um time mais equilibrado, acho que nos despedimos na sexta-feira, contra a Holanda.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Alberto Iglesias

Os grandes filmes de Almodóvar não seriam tão grandes sem a música de Alberto Iglesias - acredito até que são mesmo dependentes dela. As trilhas de Iglesias funcionam como um segundo (às vezes único) narrador nos roteiros do grande cineasta. Mas às vezes são mais do que isso, porque a música, com sua intensidade e beleza, mais do que dialogar e complementar, consegue se expressar como se fosse um personagem autônomo - mas não qualquer personagem, um protagonista. No fundo, é. Está entre as mais felizes parceiras do cinema.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Link

Entrevista de Caetano Veloso concedida ao poeta Régis Bonvicino em São Paulo, no final de 1979. Linda e longa. Mas tudo soa como se fosse um tempo pré-histórico. Deve ser porque no Brasil, até o final dos anos 80, o atraso era bem mais encorpado. Na época, Régis tinha 24 anos e Caetano, 37. http://www.sibila.com.br/index.php/critica/1139-caetano-veloso-1979
Aliás, o site Sibila, de Bonvicino, sobre poesia e literatura, é bem bacana.

Itália garfada

Tudo bem que a seleção italiana, desfalcada de Pirlo e Buffon, seus dois melhores jogadores, não estava jogando um futebol dos sonhos, longe disso, mas também não precisava ser roubada como foi, hoje, contra a brava Eslováquia. Simplesmente DOIS gols anulados incorretamente, lamentável. Se fosse com o Brasil, a choradeira não terminaria nunca. Aqui só vale roubar a favor.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Curtas

O Canal Brasil (não confundir com Lula News) bem que podia ter um outro canal só de curtas-metragens. Assim, quem gosta de sua programação se veria livre deles.

sábado, 19 de junho de 2010

Las Tablas

Extremamente feliz o programa de Luis Nachbin no canal Futura (Passagem para...), mostrando o carnaval de Las Tabas, no Panamá, com suas rainhas, poieiras (instrumento de percussão), rumbas, idosos e jovens se divertindo na rua, sem ansiedade... Como assim, sem ansiedade? Parece contraditório aqui, porque o Brasil é (ou se tornou) histérico quando se trata de diversão. Me fez refletir que nós nos apropriamos do carnaval como se o tivéssemos inventado, e como se o que se faz no resto do mundo nessa época fosse fake ou careta. É uma idéia equivocada, cheia de ignorância. Las Tablas é o máximo, com uma atmosfera singela e complexa, difícil de descrever em palavras, até porque estou com preguiça de escrever. Grande Nachbin.

PS: um grande amigo leu este post e me falou que Las Tablas o fez lembrar de um carnaval inesquecível que passou em Olinda, ainda adolescente, no comecinho dos anos oitenta, com suas ruas animadas, várias festas ao mesmo tempo, gente de todas as idades, inclusive idosos e crianças dançando em torno de cadeiras, na frente de suas casas madrugada adentro, tudo muito animado mas sem a chatice da multidão sempre ansiosa. Essa atmosfera eu constatei que já virou passado em Olinda, e há um bom tempo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Doc

Não entendo por que "Garrincha a alegria do povo", de Joaquim Pedro de Andrade, é um documentário tão celebrado. Claro que o simples registro do Rio no início dos anos 60, com aquele povão made in Brasil em estado bruto - desdentado e desnutrido, meio pré-industrial, pré-histórico - foi adquirindo valor com o passar do tempo, assim como algumas cenas do Maracanã superlotado e alguns (bem poucos) dribles e fintas do grande craque, mas como filme, é fraco. E a fotografia... Provavelmente foi feito em preto em branco para soar mais 'artístico', pena. E aquela narração e texto empolados, ridículos. Vive passando na tevê porque o personagem é realmente espetacular, o diretor é badalado, e faltam imagens de arquivo. Ainda bem que Ruy Castro se dedicou ao assunto, e contou a história do jogador na extraordinária biografia 'Estrela Solitária - Um Brasileiro Chamado Garrincha'.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Forma

No documentário 'Rolling Stones, Exile on Main Street', que tem legendas nas canções, não deixa de ser engraçado ver Mick Jagger, em 1972, no auge da beleza e playboyzice, cantar que está “plantando algodão” em alguma hipotética fazenda no sul dos Estados Unidos. Importante frisar que a música é da dupla Jagger/Richards, e não um clássico do blues. É o que sempre me intrigou: bandas inglesas – grandes e pequenas - nunca tiveram medo de soarem fake e ridículas ao tentar emular o canto (e a forma) da black music americana de raiz, inclusive, às vezes, nas letras. Quase sempre o faziam e fazem com um filtro pop próprio, mas no disco ‘Exile’, todo, e em várias outras passagens esparsas dos Stones, não há essa mediação. De qualquer forma, a receptividade sempre foi a melhor possível, inclusive por parte do cânone americano do gênero – me lembro de uma entrevista de B.B King na tevê, tecendo grandes elogios à banda, assim como outra sumidade que me foge o nome agora. Para mim, canções pop como “You can't always get what you want” e “(I Can't get no) Satisfaction”, que se apropriam da raiz, mas viram outra coisa (incluindo as letras), soam bem mais autênticas. Vai ver King fazia referência exatamente a isso, e não à faceta puramente cover dos Stones, que, de todo modo, como Caetano em "O Ciúme", é válida e bela, ainda que talvez meio fake, quase kitsch.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Neste dia 14 de junho, há X anos

Cyro Del Nero brilha no programa 'A Celebração do Dia' (Rádio Cultura FM), em que celebra o passado, ou melhor, celebra a vida cotidiana a pretexto de homenagear o passado. A música de fundo (de quem?), belíssima, é essencial para criar o clima. Seu blog também é interessante - http://cyrodelnero.fashionbubbles.com

Copa ruim

É meio cedo para dizer, mas acho que esta Copa já se candidata a ser das piores dos últimos tempos. É retranca e/ou cautela excessiva o tempo todo. Ainda faltam jogos importantes da primeira rodada (Portugal X Costa do Marfim, Itália X Paraguai, estréias de Espanha, Brasil e Chile), mas o que se viu até agora tem superado largamente, em ruindade, os piores jogos das Copas da Itália e Estados Unidos, o que não é fácil. Praticamente nada se salvou, a não ser alguns lampejos de Argentina (defesa fraca) e Alemanha (ganhou da nulidade Austrália). Os times africanos têm sido uma decepção total, vamos aguardar a Costa do Marfim - só sobrou ela. Holanda X Dinamarca, hoje de manhã, por exemplo, que prometia, foi um show de horrores. De Camarões X Japão, melhor nem comentar. Dá tempo de melhorar, mas não estou muito otimista. PS: a ausência de Ganso tende a ser ainda mais notada e sentida, numa Copa rarefeita de talentos no meio de campo. A ver. De qualquer forma, como já escrevi aqui, Copa do Mundo não combina muito com futebol globalizado, os jogadores não se comovem, é natural. Minha esperança é a Espanha, pelo fato de nunca ter vencido no torneio, e ter um grande time, atual campeão europeu. PS2: ironia que agora que a tevê já é digital e tão onipresente, já não há muito o que mostrar entre seleções nacionais.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Revolucíon à brasileira

Por mais que tente, não entra na minha cabeça que os cineastas brasileiros dos anos 60 - alguns já consagrados, e boa parte oriundos do Cinema Novo, movimento tão crítico ao sistema -, tenham aderido de tão bom grado à criação da Embrafilme, no auge da ditadura militar e em seu período mais sombrio (1969), recém AI-5. Cooptação é uma palavra que, se já não existisse, teria de ser criada especialmente para a situação. Haja pragmatismo ideológico... - um vexame, mas que é tratado como tabu por boa parte da imprensa, talvez para não comprar briga com os medalhões da intelligentsia da esquerda (artistas e críticos), ainda bem influentes. Uma pena, porque é um assunto na medida para um debate e/ou questionamento. Mas tudo bem, hoje temos a (já caduca) Lei Rouanet, bem mais discreta... Argh.

Oásis

Tão bom quanto raro usufruir de vida inteligente nas transmissões esportivas. No caso específico da Copa da África, cito os ótimos Luiz Carlos Júnior, Renato Maurício Prado, Telmo Zanini e Lédio Carmona, do Sportv, e Mauro Cezar Pereira, da ESPN Brasil. Fazem crítica sem demagogia, e possuem senso de humor sem patrulha nem populismo. Uau!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Geneton/Nelson Rodrigues

Sensacional a entrevista (em texto) que o muito jovem Geneton Moraes fez com Nelson Rodrigues, em 1978. É longa (enorme) e maravilhosa - perguntas e respostas num nível lá em cima. Está disponível no blog do repórter no site G1, dividida em duas partes ("primeiro e segundo movimentos"), mas como não há um link direto, é preciso ir para endereço do blog: http://colunas.g1.com.br/geneton  e localizar o seguinte título: Especial / “Ao cretino fundamental, nem água”: relato de um encontro com o gênio Nélson Rodrigues (em dia de jogo da seleção brasileira !). Vale a pena.

Encolheu

A Folha de S. Paulo aumentou tanto a fonte da primeira página que me fez lembrar o Shopping News, e isso, claro, não é um elogio. Quanto às matérias, com fontes maiores, elas diminuíram bem de tamanho, como era de se imaginar - alguns colunistas, mas nem todos, perderam muito espaço. No último domingo, em meia hora, me dei por satisfeito. A impressão que passa é que a direção do jornal não quer tomar muito tempo do leitor, para não incomodá-lo - já há tantas solicitações... Acho uma postura muito tímida, pessimista. Para mim, quanto mais texto, mais matérias, melhor - saudades de quando guardava no computador várias reportagens e artigos que saiam no domingo, por falta de tempo de ler tudo no mesmo dia. Espero que seja só um problema temporário, típico de mudanças abruptas que não foram inteiramente assimiladas. Mas temo que não seja o caso, apenas perda de qualidade do conteúdo, decorrente da opção editorial minimalista. Se este é mesmo o jornal (de papel) do futuro, ele é sombrio.

Enquete 2

E quem jogou mais? Cruyff, Rivelino, Ademir da Guia, Eusébio, Zidane, Laudrup, Francescoli, Didi, Gérson, Jair Rosa Pinto, Platini, José Manuel Moreno, Zizinho, Puskas, Neeskens, Sócrates, Pedro Rocha, Bobby Charlton ou Zico? PS: Pelé, Garrincha e Maradona não contam, são incomparáveis. E em relação aos centroavantes inesquecíveis? Romário, George Best, Van Basten, Ronaldo, Di Stefano, Gerd Müller, Weah, Reinaldo, Friedenreich, Careca, Fontaine, Coutinho, Leônidas? PS2: para mim - sem ter visto todos, claro -, respectivamente: Zico e Cruyff (empate técnico)e Romário!

Enquete

Em tempo de Copa do mundo, uma pergunta: qual foi mo maior líbero de todos os tempos? Franz Beckenbauer ou Franco Baresi? De qualquer forma, ambos foram gênios do futebol. PS: Fernando Redondo não foi um líbero, mas como volante, está entre os maiores.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Infância: pau pra toda obra

Incrível como tem clichês evidentes que parecem não intimidar certa intelligentsia. Há pouco, em uma entrevista na revista Bravo, um conhecido escritor inglês repete a ladainha de que passou a escrever “depois de ter realizado que nunca mais teria sua infância de volta” etc e tal. É um clichê freudiano repetido como verdade absoluta, mas o ponto nem seria esse. Se perder a infância é um trauma tão acachapante, deveria ser assim para todos - para o arquiteto, enfermeira, cineasta etc. etc. Mas é engraçado notar que são os escritores os que mais reivindicam e se apegam a esse clichê para se justificarem como artistas. Essa atitude talvez diga algo sobre a natureza do ofício.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Beethoven/Tolstói

A abertura da sonata para violino e piano nº 9, em Lá maior, op. 47, também conhecida como sonata Kreutzer, é mais uma daquelas criações que só um compositor monstruosamente genial poderia conceber. Chega a dar angústia, de tão sinistra e enigmática - Beethoven da segunda fase na veia. http://www.youtube.com/watch?v=mixnMzHUYxA
Noto que o tema começa em tonalidade maior, mas o magistral acorde incial do piano é menor. Tolstói escreveu uma novela elogiada com esse nome ("A Sonata de Kreutzer"), que não li. Só mesmo Tolstói para se arriscar tanto, mas ele podia.

A surpresa da Copa será a seleção dos Estados Unidos

Uns dias atrás, recebi de uma drogaria uma tabela da Copa muito bem feita, que estava pedindo para ser preenchida. Hoje tive um tempinho e cometi minhas previsões. Para minha surpresa, feitos os chutes, a seleção dos Estados Unidos aparece nas semifinais! Isso, caso os americanos consigam eliminar a Argentina, nas quartas - o que, por sua vez, seria uma pena, porque esse time de Maradona promete um grande futebol. De qualquer forma, os EUA chegarem a uma quarta de final de Copa do Mundo já se configuraria uma bela zebra. Eis os confrontos: Inglaterra (vencedor do jogo 57) X Estados Unidos (vencedor jogo 58) e Holanda (vencedor jogo 59) X Espanha (vencedor jogo 60). O campeão? Inglaterra, na prorrogação, em final histórica contra a Holanda!