terça-feira, 4 de maio de 2010

Proust tradutor

A minibiografia de Edmund White sobre Proust, quando não foca apenas o lado gay do grande escritor (e tenta mostrar que praticamente todas as grandes personagens femininas de 'Em Busca do do Tempo Perdido' eram na verdade rapazes, meio boring isso) é bem legal, e tem uma passagem deliciosa, que é entregar que Proust traduziu para o francês dois (!) livros de John Ruskin exclusivamente por meio de colas que sua mãe e uma amiga inglesa de um primo lhe passavam, “palavra por palavra”. Ou seja, como ele não dominava nenhuma língua estrangeira – apesar de não ser monoglota – nem tentou se dar ao trabalho de ler sequer uma palavra do original, mas, segundo White, foi capaz de transformar as colas num francês fluente e belo. Sobre isso, li no bom blog Anos Loucos, que Proust, confrontado por um editor, se saiu com a seguinte resposta: "Não tenho a pretensão de saber inglês; eu reivindico saber Ruskin". Genial!