sábado, 19 de dezembro de 2009

Arte e compaixão

Esse é um tema que quero poder dedicar mais espaço, porque me é muito caro. Mas vou só começar a registrar aqui, para desenvolver mais adiante. Para mim, a grande literatura, o grande cinema, a grande poesia - na pintura tb - a compaixão quase sempre se faz presente, com a sutileza que só os grandes mestres são capazes de imprimir a uma obra de arte. Me ocorrem grandes nomes e obras para citar, mas, porque vi recentemente o novo de Almodóvar - e ele me comoveu muitíssimo - cito "Abraços Rotos", onde ela é muito bem e belamente empregada. Volto ao tema em breve. Mas antes, registro que acho que o grande W. G. Sebald usa e abusa da compaixão no melhor sentido possível. E que John Coetzee e Primo Levi também.

Swimmers

Não sou muito de esportes olímpicos, mas a natação é justamente uma das poucas modalidades que gosto de acompanhar pela TV nas Olímpíadas (a outra era o vôlei pré fim das vantagens e o basquete pré americanos da NBA na parada, porque depois das mudanças ambos ficaram bem chatos). Por isso sempre me considerei, senão um fã, um grande admirador do grande Alexander Popov, recordista mundial dos 50 e 100 metros por um bom tempo, sendo que o recorde na primeira prova permaneceu imbatível por inacreditáveis oito anos. E isso numa era pré maiôs tecnológicos. Bom, mas com maiô ou não, é de tirar o chapéu o que o "nosso" Cesar Cielo vem fazendo desde o ano passado. Eu, que sou velho o suficiente para ter torcido (criancinha, vá lá..) por Djan Madruga, em 76, no Canadá (ficou com um frustrante, mas belo quarto lugar, sem medalha portanto), acho o feito do compatriota inacreditável. E sensacional. Parabéns pra ele, e que venham mais duas de ouro em Londres, se possível com novos recordes mundias - mas nem precisa.

Voto de Minerva

Pelo que entendi há pouco, no JN, os seguintes países fizeram questão de rechaçar hoje qualquer decisão da recém finada Conferência do Clima, em Copenhagen: Venezuela, Sudão, Bolívia, Cuba e talvez mais alguma ditadura de que tenha me fugido o nome, mas que vale escrever em negrito. Na boa, depois disso, alguém precisa de mais alguma informação para se decidir de que 'lado' ficar? PS: não mencionaram, mas nesse grupo senti falta da Líbia... pôxa, tendo ido à Dinamarca Hugo Chávez, Lula, Evo Morales, entre outros "líderes", por que não Muammar Kadafi?? hehe

Lutar?

As doenças graves nos chocam porque percebemos como somos frágeis, aí invocamos o destino etc, o que é justo e aceitável. Percebemos que, existindo doenças letais, nosso organismo precisa combatê-las o tempo todo, e é isso precisamente o que ele está programado para fazer e faz, ou tenta fazer, o tempo todo... Mas às vezes não dá, então... Bom, então morremos, o que é uma pena, mas morreríamos ou morreremos de qualquer forma, ou até por um ridículo acidente doméstico ou automobilístico, bem antes da hora etc. O que queria destacar aqui é que, mesmo enquanto dormimos, combatemos, por isso deve ser tão difícil - ainda que inconscientemente (atavicamente, for sure) - não lutar no nosso difícil ou fácil dia a dia, em nossa realidade objetiva. Isso soa como uma aberração, um tabu, um incesto, e talvez os seja, porque não lutar é ou seria um contra-senso. Ou nada disso. Voltarei ao assunto.

Villa jovem, folk, de Falla e rádio no celular

Sempre achei que não gostava muito de Villa-Lobos, mesmo sendo ele meu compatriota, que coisa né? Mas eis que, graças ao ótimo Gilberto Tinetti e idem seu programa Pianíssimo, na Cultura FM, na semana que homenageava o cinquentenário da morte do compositor, há um mês, tive acesso a uma peça extraordinária de Villa (vou procurar depois para citar, está arquivado no meu cel), composição de câmara ainda dos anos 1910. De arrepiar e pasme, até de me provocar orgulho, esse perigosíssimo sentimento que tanto estrago faz por aí. À época, o folclore não o intimidava, ou pelo menos ainda não dava as cartas em sua obra, alívio. Mas diga-se que essa praga não começou aqui no Brasil, claro que não. O grande Manuel de Falla, seu contemporâneo e um dos meus ídolos na adolescência, tb não resistiu a ela, ainda que isso não tenha causado maiores danos ao seu gênio e à sua obra, como acho que foi o caso com meu conterrâneo. PS: quero registrar que, depois de muitos anos (e sem rádio no carro porque cansei de ser roubado e não tinha nenhum até bem pouco tempo) o rádio acessível ao celular me fez voltar a ouvir este básico, belo e prosaico meio de comunicação (pena que só FM), e fico feliz de ter de nuevo Tinetti e idem o ótimo e querido Lourenção ao meu alcance (além da transmissão de futebol que invadiu as FMs, para o bem dos sem TV por assinatura como eu, demorou!), tks Nokia!