COM JOGADORES VIRA-LATAS
PERDEREMOS NOVAMENTE A COPA DO MUNDO EM CASA
Em viagem pelo Uruguai, e
apaixonado por futebol, acompanhei pelos canais uruguaios e argentinos de TV a
todas as partidas que pude da última Copa América disputada na Argentina. Desta
vez, no entanto, em terra estrangeira, me senti extremamente constrangido com a
covardia dos jogadores brasileiros e com a constatação do fato de que isto é
devidamente percebido pelo nosso pequeno vizinho . Diante da garra e amor à
camisa oficial de seus países, os jogadores das demais seleções evidenciavam
ainda mais a completa falta de dignidade dos jogadores brasileiros. Em mais de
uma ocasião fui questionado pelos uruguaios do porquê de tamanha falta de raça e
garra de nossos jogadores. Lembrei-me imediatamente das crônicas de Nelson
Rodrigues e conclui que estamos muito perto de perder mais uma Copa do Mundo em
casa. Ficava evidente em muitos lances de jogo, que as TV´s insistiam em
repetir, o espírito de vira-lata que movia nossos jogadores. Medrosos, sem
qualquer amor à Pátria, os jogadores brasileiros comportavam-se em campo como
os últimos da matilha. Quantas vezes, depois de terem tomado um belo sarrafo de
seus marcadores, se levantavam numa atitude de completa submissão, esticando as
mãos para cumprimentar seu agressor. De forma ultrajante, demonstravam não se
cansar do capricho e parcialidade dos árbitros e das agressões dos adversários,
desnudando em campo a pequenez do atleta tomado por um completo descompromisso
com a vitória. Com jogadores sem
espírito de luta, sem dignidade, sem amor à camisa, que aceitam passivamente o
resultado adverso e as agressões adversárias, certamente perderemos, em casa, a
próxima Copa do Mundo. E o pior, se for para o Uruguai ou para a Argentina. Pelo
que assisti nesta Copa América, o comportamento dos jogadores aproxima muito o
time brasileiro da seleção francesa na última Copa do Mundo. Gostaria de saber
no que pensam esses jogadores quando ouvem, antes das partidas, o Hino
Nacional. Imagino que não consigam interiorizar uma única palavra sequer, pois
não demonstram o menor sentimento pátrio.
Sebastião Haroldo de Freitas
Corrêa Porto