terça-feira, 25 de outubro de 2011

Os vira-latas

Meu amigo Sebastião Porto, sociólogo e fundador da editora Porto de Idéias, santista roxo (ninguém é perfeito, mas agora com Neymar, vá lá...), a propósito da última edição da Copa América de futebol, me envia um texto forte, um desabafo que trata de algumas diferenças de postura que ele vê entre o jogador brasileiro e o uruguaio e argentino. Com (imperdoável) atraso de dois meses, segue, na íntegra.


COM JOGADORES VIRA-LATAS
 PERDEREMOS NOVAMENTE A COPA DO MUNDO EM CASA

Em viagem pelo Uruguai, e apaixonado por futebol, acompanhei pelos canais uruguaios e argentinos de TV a todas as partidas que pude da última Copa América disputada na Argentina. Desta vez, no entanto, em terra estrangeira, me senti extremamente constrangido com a covardia dos jogadores brasileiros e com a constatação do fato de que isto é devidamente percebido pelo nosso pequeno vizinho . Diante da garra e amor à camisa oficial de seus países, os jogadores das demais seleções evidenciavam ainda mais a completa falta de dignidade dos jogadores brasileiros. Em mais de uma ocasião fui questionado pelos uruguaios do porquê de tamanha falta de raça e garra de nossos jogadores. Lembrei-me imediatamente das crônicas de Nelson Rodrigues e conclui que estamos muito perto de perder mais uma Copa do Mundo em casa. Ficava evidente em muitos lances de jogo, que as TV´s insistiam em repetir, o espírito de vira-lata que movia nossos jogadores. Medrosos, sem qualquer amor à Pátria, os jogadores brasileiros comportavam-se em campo como os últimos da matilha. Quantas vezes, depois de terem tomado um belo sarrafo de seus marcadores, se levantavam numa atitude de completa submissão, esticando as mãos para cumprimentar seu agressor. De forma ultrajante, demonstravam não se cansar do capricho e parcialidade dos árbitros e das agressões dos adversários, desnudando em campo a pequenez do atleta tomado por um completo descompromisso com a vitória.  Com jogadores sem espírito de luta, sem dignidade, sem amor à camisa, que aceitam passivamente o resultado adverso e as agressões adversárias, certamente perderemos, em casa, a próxima Copa do Mundo. E o pior, se for para o Uruguai ou para a Argentina. Pelo que assisti nesta Copa América, o comportamento dos jogadores aproxima muito o time brasileiro da seleção francesa na última Copa do Mundo. Gostaria de saber no que pensam esses jogadores quando ouvem, antes das partidas, o Hino Nacional. Imagino que não consigam interiorizar uma única palavra sequer, pois não demonstram o menor sentimento pátrio. 
Sebastião Haroldo de Freitas Corrêa Porto