quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

La Tregua

Mas meu livro preferido de Primo Levi é 'A Trégua', em que ele narra a épica jornada que se transformou seu retorno à Itália. Há várias passagens memoráveis, mas destaco aqui uma em especial. A que Levi descreve uma criança de três ou quatro anos, à beira da morte pela subnutrição. Ela havia nascido no campo e, nunca tendo saído dele, não tinha um nome e sequer sabia falar, se expressar, pelo menos não até aqueles primeiros dias iniciais de libertação, quando passou a ser notada e tratada com carinho por enfermeiras polonesas e ex-prisioneiros. A criança acaba não resistindo, e Levi, sem nenhuma pieguice e com notável economia de meios, realiza um tipo de relato ao mesmo tempo contido e intenso que seria impossível nas mãos de um escritor menos genial. O resultado é uma pequena obra-prima literária.

Data e Levi

Falando em 27 de janeiro, hoje faz exatos 65 anos que tropas russas libertaram o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. A descrição que Primo Levi faz dos dias que a antecederam, até o dia D final referido - experiência que ele compartilhou até o fim com inimigos, moribundos e principalmente dois prisioneiros franceses recém-chegados, presença que se revelaria de uma ajuda preciosa - é um dos grandes momentos da literatura do século 20 em minha opinião. Está nas paginas finais de 'É Isto o Homem?'.

Português

Gostei do JN de hoje usar a expressão ‘risco de vida’ para descrever a situação do jogador de futebol paraguaio Cabañas, que levou um tiro na cabeça no México (espero que se recupere, até porque se trata de um grande atacante, mesmo que não fosse, claro). Parecia que todos os veículos de tevê, inclusive os da Globo, tinham adotado para sempre o 'correr (ou não) risco de morte’, que acho péssimo. Bom sinal. Aliás, esse negócio de 'risco de morte' lembra bastante o caso da 'baixada paulista', que do nada começou a pipocar principalmente nas rádios, no lugar do tradicional e correto 'baixada santista'. Essa tentativa de mudar na marra uma expressão consagrada tampouco vingou, ainda bem.

Cumpleaños

Hoje Wolfgang Amadeus Mozart faz 254 aninhos - sua obra, um pouco menos. Parabéns amigo, muita saúde!

Belém

São Paulo virou Belém neste janeiro, já que todo santo dia, por volta das 14, 15 horas, chove. E tem caído não pouca água. Mas hoje (16h22) não choveu forte (ainda), foi só falar! Sempre gostei de temporais de verão (quem não gosta?), ver aquela quantidade incrível de água caindo me provoca uma sensação de paz imediata, um refresco para problemas mais urgentes, mas há tanta gente sofrendo com as enchentes na cidade, inclusive morrendo em decorrência dos alagamentos, que se trata de uma boa notícia.

Tks

Por falta de tempo, um post twitado: Robert Schumann é a própria delicadeza e beleza triste no seu trio para piano nº3, op 110. Tks, Gilberto Tinetti.