Nada como um programa atrás do outro. Na mesmíssima TV Sesc, dentro do mesmo programa (Direções), logo depois do tal teleteatro capenga, eis que surge um belíssimo curta-metragem em 35 mm, "Olhos de Ressaca", de Petra Costa, (colorido, 20 minutos) sobre as reminiscências de um casal na faixa dos 80 anos, feliz, saudável, sereno e com um quê de tristeza, há décadas vivendo numa fazenda.
Trata-se de uma linda reflexão sobre o passar do tempo, da finitude, e zero pieguice, porque os depoimentos de cada um são para lá de interessantes, sábeis, e as soluções visuais e narrativas escolhidas por Petra, bastante criativas. A diretora mistura com habilidade registros atuais do casal (que nunca falam olhando para a câmera), em bela fotografia, ótima edição de som e bons enquadramentos, com imagens - possivelmente reais - do passado da família, registradas em película (Super 8?) - os quatro filhos pequenos brincando entre si e com os pais, ainda jovens e (muito) bonitos, seqüências de passeios na fazenda, no presente, lembranças dos pais deles, de como se conheceram, do namoro, do casamento, tudo em poucas frases - é uma arqueologia poético-impressionista daquela família, daquele casal, já que dos filhos nada sabemos sobre o seu presente (ou futuro melhor dizendo).
Aqui e ali, sem cansar, um e outro se alternam na leitura de alguma poesia ou trecho de romances marcantes para eles - trechos nada óbvios de Drumond, Rosa etc. A cumplicidade dos dois, a relação suave entre eles, doce, é tocante. Filme muito bem concebido e realizado. No final a bela senhora diz, se referindo ao companheiro - "nossa vida é entrelaçada".
Claro que toda vida rende um filme. Às vezes o enredo ajuda, mas sempre precisa do talento do realizador.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
TV Sesc na madrugada e Lost
Apresentação de um trio que podia ser detido por tentativa de agressão física à música e aos pobres instrumentos - bateria/percussão, piano e contrabaixo acústico. Uma sonoridade sub, sub, sub-Gismonti, com improvisos horripilantes e música que não expressa nada, ou melhor, expressa um mal estar de não acabar nunca - o tempo parece parar, no pior sentido.
Já o episódio de Lost (de que nunca fui muito fã) exibido pela Globo, mesmo dublado, foi absurdamente bem realizado, horripilante no melhor sentido. O elenco feminino é de uma beleza (multiracial) incomparável, sempre com atuações de primeira.
PS: Ainda na TV Sesc, agora entrou um 'teleteatro' que tenta ser uma 'commedia dell'arte' metalingüística, com atores veteranos e desconhecidos; texto de quinta. Eita como se desperdiça energia!
Já o episódio de Lost (de que nunca fui muito fã) exibido pela Globo, mesmo dublado, foi absurdamente bem realizado, horripilante no melhor sentido. O elenco feminino é de uma beleza (multiracial) incomparável, sempre com atuações de primeira.
PS: Ainda na TV Sesc, agora entrou um 'teleteatro' que tenta ser uma 'commedia dell'arte' metalingüística, com atores veteranos e desconhecidos; texto de quinta. Eita como se desperdiça energia!
TV
Nada mal o programa "Classe Turística - brasileiros no exterior", exibido pela TV Bandeirantes. Uma idéia boa, que estava dando sopa. Vi só um, o de Barcelona, e foi interessante porque os brasileiros entrevistados, mesmo sem querer, deixaram passar uma solidão e uma certa perplexidade bem típicas de quem é estrangeiro e não tem vida fácil de endinheirado. Diversidade de personagens, de abordagens, enfim, bom. E demorou, porque com o novo "milagre", daqui a pouco todo o povo tá de volta...
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