quarta-feira, 12 de maio de 2010

Os bons brasileiros

De acordo com a recente e esclarecedora declaração de Dilma Rousseff sobre a migração brasileira - o estado de São Paulo seria uma tipo de país à parte -, hoje à noite o Cruzeiro é Brasil pela Libertadores! Portanto, sejamos bons patriotas e torçamos para o time mineiro contra o tricolor paulista hehe!!

Chico/Caetano

Na canção ‘Iracema’, Chico Buarque comete um dos versos mais cafonas da história da MPB. Aliás, essa letra tem várias pérolas, mas escolho “vê um filme de quando em vez/não domina o idioma inglês”. Minha nossa senhora, isso é lindo! Citando um trecho de ‘Desde que o Samba É Samba’, bela canção de Caetano Veloso, Iracema ‘demora em ser tão ruim’ hehe! Aliás, Chico Buarque tem muita, mas muita coisa cafona, inclusive em seus sucessos mais aclamados. 'Mulheres de Atenas', a das "meretrizes" e "gestantes abandonadas", também é um primor de breguice. Caetano também tem suas músicas menos inspiradas, mas desafio o mais fanático fã de Chico Buarque a enumerar na obra do compositor baiano algo sequer próximo das jequices aqui citadas. Não vai encontrar. Ou melhor, vai, em "Esse Cara"!! - que mesmo assim se salva pela linda e rica melodia.

Pintar ou fazer amor

Falando em Proust, me veio à cabeça o filme “Pintar ou Fazer Amor” (Peindre ou Faire L'amour, 2005). É um dos pouquíssimos filmes destinados e pensados por adultos para adultos, sem qualquer concessão, uma avis rara no cinema mundial. É profundo e ambicioso, mas nunca pretensioso – já que realiza plenamente suas ambições. Vez ou outra, me lembro dele.

Livros e orelhas

“O imponderável não torce nem é justo. Acontece.” É Tostão na Folha de hoje, querendo ser profundo, com seu conhecimento enciclopédico de psicologia barata. Argh.

Proust/White 2

Ainda sobre a microbiografia que Edmund White escreveu sobre Proust, acho uma bobagem quando ele o chama de “escritor-filósofo”, mas “anti-intelectual”. White chegar a dizer que essa incongruência é um paradoxo. Errado. Trata-se de uma impossibilidade – mesmo que ele tenha imaginado um paralelo com um tipo de filosofia oriental, o que é pouco provável e seria forçado de qualquer forma. Mas ainda que tivesse ficado só no “escritor-filósofo”, discordaria também. Proust pode não ter lido Freud, mas possuía uma rara compreensão das ambivalências do ser humano, mesmo em relação a outros grandes escritores - antes e depois dele - é algo que realmente salta aos olhos. Mas é um tipo de sabedoria e sensibilidade quase psicanalíticas, pouco a ver com a filosofia – ter lido Leibniz e Ruskin não faz de Proust um escritor de veio filosófico. Acima de tudo, Proust foi um grande artista.