segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Musak de primeira

Tem uma excelente estação de rádio on line, chamada Cinemix (uma das 22 opções da MuseBox, para iPad, aplicativo gratuito), que só toca trilhas sonoras de Hollywood. No fim de semana, fiquei horas e horas escutando. Há coisas belíssimas, mas mesmo nas melhores, dá para sentir que o compositor precisa emocionar o espectador, manipular e tal - é o preço que a música paga por ser não mais que um pano de fundo - aliás, eu mesmo ouvia fazendo outras coisas, é sua sina. Geralmente o clímax é uma melodia vigorosa, marcante, mas há exemplos de monotemas quase repetitivos, como a de Twin Peaks (Angelo Badalamenti), de alto nível. Sempre achei que, por melhor que possam ser, trilhas não se sustentam sozinhas - um CD isolado etc -, mas como essa rádio toca sem parar, a experiência é interessante - a estação vence pela quantidade, pelo cansaço. É possível saber o que está tocando, mas o melhor é se deixar levar e manipular pela música: com exceção dos trechos muito famosos, ela nos remete a filmes que talvez já tenhamos visto, mas que ficou embaralhado na memória. Às vezes o objetivo é claramente passar um clima de happy end ou jubílio, mas em boa parte as melhores trilhas passam tristeza, angústia e melancolia. Mesmo em Hollywood, a felicidade que vem no final é curtinha.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Os vira-latas

Meu amigo Sebastião Porto, sociólogo e fundador da editora Porto de Idéias, santista roxo (ninguém é perfeito, mas agora com Neymar, vá lá...), a propósito da última edição da Copa América de futebol, me envia um texto forte, um desabafo que trata de algumas diferenças de postura que ele vê entre o jogador brasileiro e o uruguaio e argentino. Com (imperdoável) atraso de dois meses, segue, na íntegra.


COM JOGADORES VIRA-LATAS
 PERDEREMOS NOVAMENTE A COPA DO MUNDO EM CASA

Em viagem pelo Uruguai, e apaixonado por futebol, acompanhei pelos canais uruguaios e argentinos de TV a todas as partidas que pude da última Copa América disputada na Argentina. Desta vez, no entanto, em terra estrangeira, me senti extremamente constrangido com a covardia dos jogadores brasileiros e com a constatação do fato de que isto é devidamente percebido pelo nosso pequeno vizinho . Diante da garra e amor à camisa oficial de seus países, os jogadores das demais seleções evidenciavam ainda mais a completa falta de dignidade dos jogadores brasileiros. Em mais de uma ocasião fui questionado pelos uruguaios do porquê de tamanha falta de raça e garra de nossos jogadores. Lembrei-me imediatamente das crônicas de Nelson Rodrigues e conclui que estamos muito perto de perder mais uma Copa do Mundo em casa. Ficava evidente em muitos lances de jogo, que as TV´s insistiam em repetir, o espírito de vira-lata que movia nossos jogadores. Medrosos, sem qualquer amor à Pátria, os jogadores brasileiros comportavam-se em campo como os últimos da matilha. Quantas vezes, depois de terem tomado um belo sarrafo de seus marcadores, se levantavam numa atitude de completa submissão, esticando as mãos para cumprimentar seu agressor. De forma ultrajante, demonstravam não se cansar do capricho e parcialidade dos árbitros e das agressões dos adversários, desnudando em campo a pequenez do atleta tomado por um completo descompromisso com a vitória.  Com jogadores sem espírito de luta, sem dignidade, sem amor à camisa, que aceitam passivamente o resultado adverso e as agressões adversárias, certamente perderemos, em casa, a próxima Copa do Mundo. E o pior, se for para o Uruguai ou para a Argentina. Pelo que assisti nesta Copa América, o comportamento dos jogadores aproxima muito o time brasileiro da seleção francesa na última Copa do Mundo. Gostaria de saber no que pensam esses jogadores quando ouvem, antes das partidas, o Hino Nacional. Imagino que não consigam interiorizar uma única palavra sequer, pois não demonstram o menor sentimento pátrio. 
Sebastião Haroldo de Freitas Corrêa Porto

sábado, 15 de outubro de 2011

Nina Mello

Minha linda sobrinha acaba de estrear uma peça de Molière. Ela é a Jacinta em As malandragens de Escapino, adaptação de Edih Longo (do texto traduzido por Carlos Drummond de Andrade), com direção de Moisés Miastkwosky. Figurino de época e elenco impecáveis*, texto nada fácil, sem chance de embromation para os oito atores adolescentes. Tio coruja, sem dúvida, mas não sem razão!

Leon Cakoff

A Mostra de 1987 ficou comigo para sempre. Como na música de Caetano, eu ainda era alegre e jovem*. Estava com amigos na fila monstruosa, que avançava pela Augusta, para comprar ingressos para Daunbailó (Down By Law), de Jim Jarmusch. Era um domingo, começo de noite, e já tinha sido uma epopéia conseguir estacionar o carro - acabamos descolando uma vaga na garagem do prédio do avô de um amigo (que não estava presente!), nas proximidades. Mas havia outro problema: tinha outra fila, para entrar. Decidimos nos dividir, porque o filme estava para começar. Eu fiquei sozinho na dos ingressos, mas demorava, demorava... Quando finalmente chegou a minha vez, comprei e saí em disparada para a bilheteria. Que timing! A fila já andava e meus amigos estavam quase na borboleta, golaço! Conseguimos lugares bem localizados na sala entupida de gente do atual Unibanco, nem me lembro o nome que tinha na época (Nacional?). Uma sensação de vitória, de alegria, inesquecível. Mas o melhor foi mesmo o filme, filmaço em PB, com Tom Waits, Benigni e John Lurie arrebentando. Grande Cakoff, obrigado por tudo.

Trecho filme: http://www.youtube.com/watch?v=CrXj2tZbXps

* Itapuã (1991): http://www.youtube.com/watch?v=HJjeHMpzttM

Free As A Bird (1995)

Nunca fui fã de videoclipes. Aliás, mais que isso, sempre achei a grande maioria de uma cafonice atroz, mesmo nos anos 1980/90, em que eram insuportavelmente inevitáveis, onipresentes na TV. Mas esse, em gravação que reuniu os beatles remanescentes, homenagem póstuma a John Lennon, em canção de sua autoria (1977), mas nunca gravada em vida (só em fita cassete, com voz e piano) eu acho maravilhoso. A guitarra de Harrison ajuda muito. Direção de Julien Temple.

http://www.youtube.com/watch?v=UqHjXF1gUWU&feature=related

Versão fita cassete: http://www.youtube.com/watch?v=yHSFTRUekT0

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Tom/Dolores

Como me lembrei de "De Manhã", é obrigatório citar outra grande canção, e bem mais conhecida, que também começa com 'É de manhã': "Estrada do Sol" (1958), lançada por Agostinho do Santos, da interessante parceria que Tom Jobim e Dolores Duran mantiveram no final dos anos 50. É uma canção refinadíssima, música e letra. Antes de 'Estrada', fizeram o samba-canção "Por Causa de Você" (1957), que fez sucesso e "Se é por falta e Adeus (1955)", primeira canção e Dolores (gravada por Doris Monteiro). Como Dolores morreu prematuramente, no ano seguinte (aos 29 anos), é lícito considerar que perdemos outras possíveis obras-primas da dupla.

Estrada do Sol, com Agostinho do Santos: http://www.youtube.com/watch?v=McNX-sYJiEE

e com Gal (1979): http://www.youtube.com/watch?v=Gr-nZGXE8xk

Por Causa de Você (1957), com Dolores: http://www.youtube.com/watch?v=Ey-qSX6wluo

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A Voz da Amada (1995)

Esta canção tão triste, que remete ao fado, foi composta por Caetano para a trilha de O Quatrilho. Aqui, ele canta mais alto (agudo) do que nunca, recorrendo ao sempre perigoso falsete. Mas o resultado é muito satisfatório, inspirado, e dificilmente não seria, dado a riqueza melódica (também sem refrão) e letra de uma beleza arrebatadora, profunda. Ele gravou duas versões no CD. Só encontrei aquela com orquestra, em andamento um pouco mais lento - a que me agrada mais é só voz e violão -, mas não deixa de ser um belo registro. Releve-se a cafonice do "vídeo" pescado no Youtube.

http://www.youtube.com/watch?v=dP1tBp43CHg

De Manhã (1965)

Belíssima canção* de Caetano, pré-Tropicalismo. Foi gravada por uma super jovem Bethânia de 19 anos - era o lado B do seu primeiro compacto (simples), que tinha o sucesso "Carcará". É uma melodia bem construída e sem refrão. A letra vai se desenvolvendo com rimas pouco habituais para a época.

A introdução que existe na versão da cantora, com um tom meio declamatório, teatral, remetendo claramente a "Carcará", compromete o registro, uma pena, porque o arranjo bossa-lenta, com orquestra, é muito bom, assim como a própria interpretação de Bethânia - Caetano vai corrigir isso na versão que apresento abaixo, num Programa do Jô recente, só com voz e violão (bossa nova). Aos 23, o compositor já tinha sua carpintaria praticamente pronta para os voos mais altos que viriam.

Com Caetano: http://www.youtube.com/watch?v=El7RieXU1_s&feature=related

Com Bethânia, na versão original: http://www.youtube.com/watch?v=OR9laAmDR_M&feature=related

* O título aparece quase sempre grafado erroneamente como 'É de Manhã' (eu também achava), mas não existe esse "É".

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Prokofiev/Yuja

Íntegra da sonata nº6, ops 82. Verbier Festival 2010 (Suiça).
http://www.youtube.com/watch?v=QA7Sc0KxaO8

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Clássico

O maior Brasil X Argentina de todos os tempos nunca aconteceu: seria a decisão da Copa do Mundo de 86. Pelo que o grande Diego jogava na época, talvez tenha sido melhor assim. Ou não? Porque tínhamos um Careca exuberante, e Zico possivelmente já estaria apto a começar jogando. Ah, aquele pênalti perdido pelo Galinho... Nunca saberemos, mas que final não teria sido!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mozart

Andante da sonata para piano em Lá menor - K 310, com Sviatoslav Richter.
http://www.youtube.com/watch?v=IubxjOQ4Z0k

Gimpel

2011 tem sido um ano ingrato com o rádio brasileiro. Reali Júnior e Serginho Leite (precocemente) já tinham partido em abril, e ontem morreu Israel Gimpel, mais uma grande voz que se vai. Adorava sua voz de Pato Donald, que cobria com muita categoria tudo de importante que acontecia no Rio (especialmente futebol e carnaval), onde era correspondente da Jovem Pan desde 1969 - não sabia que já fazia todo esse tempo, quase 42 anos, mas para mim sua voz existia desde sempre, quando comecei a ouvir rádio nas transmissões esportivas, em meados dos anos 70. Grande Israel.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Reminiscências

Na sua coluna publicada hoje na Folha ("Tanta coisa e nada"), Carlos Heitor Cony conta um pouco de suas idas de carro à zona norte do Rio, para visitar a casa em que nasceu (1926). Ela ainda está de pé, mas muita coisa foi mudando nela ao longo do tempo. Além de bater umas fotos da fachada, Cony costumava tocar a campainha da casa e pedir para entrar, no que geralmente era atendido, mas não mais. Engraçado que também gosto de visitar e fotografar de vez em quando o sobrado em que vivi entre os três e quase seis anos, no começinho dos anos 70, cuja fachada continua praticamente intacta, na rua da Fraternidade, "baixo" Alto da Boa Vista - mas nunca me ocorreu tocar a campainha. É um bonito texto nostálgico (para assinantes da Folha http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0909201121.htm, que fez meu pai se lembrar de um lindo soneto que aborda o mesmo tema, de Guimarães Júnior (1845-1898).

Visita à casa paterna
Como a ave que volta ao ninho antigo
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.

Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma talvez do amor materno,
Tomou-me as mãos, olhou-me grave terno,
E, passo a passo, caminhou comigo.

Era esta a sala... (Oh! se me lembro! e quanto!)
Em que da luz noturna à claridade
Minhas irmãs e minha mãe... O pranto

jorrou-me em ondas... Resistir quem há-de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade.

África

A propósito do post anterior, é interessante como uma mesma viagem inspirou dois grandes discos de Caetano e Gil, mas completamente diferentes. No início de 1977, ambos visitaram (pela primeira vez) a África (Nigéria com certeza, talvez Angola e Moçambique, depois vou checar) e ficaram maravilhados com a música e ritmos locais. No final do mesmo ano, Caetano lançou Bicho, e Gil, Refavela (de onde tirei Sandra e Aqui e Agora, e poderia incluir Refavela, entre outras). As sonoridades são bastante diversas, mas nos dois trabalhos a África pipoca aqui e ali em algumas letras, sem demagogia ou deslumbramento. Bicho (com exceção de Leãozinho, que envelheceu mal), é um disco maravilhoso de Caetano. Segue a linda microcanção A Grande Borboleta (em versão amadora, a única que encontrei): http://www.youtube.com/watch?v=1k90qGwwE_k&feature=related

sábado, 3 de setembro de 2011

Gilberto Gil, cinco canções

Não são escolhas aleatórias (e obviamente estão em escala reduzida, já que há na obra do compositor várias outras jóias). Cada canção, para usar um clichê caro aos musicólogos, propõe e resolve com maestria problemas rítmicos e melódicos diferentes, e o mesmo se pode dizer das letras, que estão sempre à altura da proposta musical. O ideal é que esmiuçasse uma a uma sua arquitetura, mas, enfim... Seguem Domingo no Parque (1967), Retiros Espirituais (1975), Aqui e Agora (1977), Sandra (1977) e Oração pela Libertação da  África do Sul (1985).

PS: o Youtube aqui é apenas um veículo para se escutar as músicas, dando-se o devido desconto para a qualidade mais que discutível dos "clips" de cada uma delas.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Brahms (ler post abaixo)

Mas o primeiro movimento da sinfonia nº1 de Brahms chega perto daquela perfeição. Segue belíssima versão da Columbia University Orchestra: http://www.youtube.com/watch?v=v137BWsd_lw

La 5ª

Não sei por que, mas tem muita gente que parece que tem vegonha de dizer que a Quinta é a melhor sinfonia de Beethoven. E se isso é verdade, ela terá sido, até hoje, a maior sinfonia já composta por um ser humano - a despeito de Bruckner e Brahms (mas não Mahler), e das últimas sinfonias de Haydn e Mozart. Foi publicada em 1808, mesmo ano que a corte portuguesa se transferiu às pressas para o Brasil, fugindo do avanço de Napoleão (e daí? E daí muito!). Segue um bom link do primeiro movimento, ainda não deu pra saber que orquestra está tocando, mas é de primeira.
http://www.youtube.com/watch?v=_4IRMYuE1hI

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Miss You

Antes da volta, esta grande canção dos Rolling Stones, de 1978 - em plena era disco, algo pouco a ver com ela (mas nem tanto, se pensarmos bem): http://www.youtube.com/watch?v=hOf0FsA0Fio

De volta

Depois de dois meses inativo, o bog voltará a ser atualizado, acho que já a partir da semana que vem. Até lá!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Nada Além (1937) - Mais intervalos de quarta

De Custódio Mesquita e Mário Lago.Tem dois belos intervalos de quarta. "Nada além de uma ilu-são". E também: "Mentindo sempre-diz". Esta canção é uma obra-prima da época de ouro da MPB. Segue versão original (um foxe, com o grande Orlando Silva) e a letra completa.

http://www.youtube.com/watch?v=_358PNNVDDc

Nada além
Nada além de uma ilusão
Chega bem
É demais para o meu coração

Acreditando em tudo que o amor
Mentindo sempre diz
Eu vou vivendo assim feliz
Na ilusão de ser feliz

Se o amor
Só nos causa sofrimento e dor
É melhor, bem melhor
A ilusão do amor

Eu não quero e nem peço
Para o meu coração

Nada além
De uma linda ilusão...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A mão que afaga é a mesma que... (ler post anterior)

Agora, no mesmo Canal Brasil, possivelmente um dos piores filmes já feitos: Sonho de Valsa (1987), de Ana Carolina. Xuxa Lopes faz o que pode, mas os diálogos são horríveis demais, a história, o roteiro, a direção de atores, idem, idem, idem, etc. etc. nesta pseudo-reflexão da alma feminina. E o grande Ney Matogrosso devia usar sua influência, à la Xuxa, para tentar impedir a exibição desse desastre. Ele está simplesmente ridículo como um dos protagonistas!

Jóia

O Canal Brasil está exibindo um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos, e falo sério: "Histórias que as Nossas Babás não Contavam" (1979), direção de Oswaldo de Oliveira (que fez a fotografia de " O Caso dos irmãos Naves", do grande Person), com a deusa Adele Fátima, nossa Scarlett esquecida.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dois livros

De Edgar Morin. 'Vidal e os Seus' (1989) e 'Meu Caminho'- entrevistas com Djénane Kareh Tager. No primeiro, o grande intelectual e humanista francês conta a história do seu pai, na terceira pessoa. Genial e tocante. O segundo livro, não menos sensacional (e vale a pena ler nesta sequência) é uma longa conversa dele com a jornalista Djénane, realizada ao longo de 2008. Em julho o pensador faz 90 anos, na ativa, como sempre.

Cinema Olympia (1969)

Nunca fui um grande fã de Elis Regina, principalmente pela escolha de repertório da grande cantora. Mas adoro ouvi-la nesta canção de Caetano (pré-exílio), gravada pela primeira vez por Gal Costa.

http://www.youtube.com/watch?v=FJdwwWXB0Io

O Mestre-Sala dos Mares (1973): mais um intervalo de quarta

É quase uma obsessão minha, identificar esses intervalos bem construídos em canções de qualquer gênero ou estilo. Me lembrei de mais este, da dupla João Bosco/Aldir Blanc, que homenageia a ‘Revolta da Chibata’. A letra de Aldir, tipo samba-enredo histórico, não me soa bem, mas a melodia de Bosco, riquíssima, é extraordinária, repleta de temas, sub-temas e refrões que se sucedem, assumindo inclusive mudanças de andamento. O intervalo de quarta a que me refiro (e tão mais raro por iniciar [e encerrar] a frase musical) - “Gló-ria a todas as lutas ingló-rias” -, é notável, soando tão natural, e musicalmente, para uma canção popular, é tudo menos isso.




Segue link com Elis Regina cantando ao vivo, na inauguração do Teatro Bandeirantes, 1974. http://www.youtube.com/watch?v=n6-i_XQsxCE

sábado, 7 de maio de 2011

Punk da Periferia (1983)

Gil, de novo. Aliterações de primeira classe na primeira estrofe. Sarcasmo ainda hoje não digerido dos simulacros que eram os punks de SP da época (e até hoje). Bom!

Reggae palatável

Gil, A Raça Humana (1984).

 http://www.youtube.com/watch?v=oS0STOGnaW4&playnext=1&list=PL748D13FE1C68839E

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Zico

Zico foi provavelmente o melhor jogador do mundo no período 1979-83, mas, infelizmente, não teve o reconhecimento que merecia. Ainda hoje não tem, por incrível que pareça, mesmo que tenha sido um dos maiores jogadores de futebol que já surgiram. Na época, Maradona (exceto em 79, em que fez uma temporada exuberante, aos 18 para 19 anos) era imaturo e viva machucado. Platini, Falcão e Sócrates eram extraordinários, mas ficavam aquém do Galinho. Rummeniggue era um atacante brilhante, decisivo, mas sem um décimo dos recursos e do repertório de Zico, um jogador completo, que possuía a raríssima qualidade de ser um mestre tanto da armação como da conclusão das jogadas. Messi segue esse caminho, hoje. Maradona, não – era muito mais um armador, e não tinha a velocidade e o arranque necessários para concluir na intensidade dos grandes artilheiros (Zico fez mais de 700 gols e, literalmente, milhares de assistências), ainda que fosse um gênio. Pelé, lógico, sim, a própria perfeição, principalmente no período 1958-65. Cruijff, em parte, e por pouco tempo. Antes, Zizinho e Di Stéfano. Zico.

 PS: O Flamengo de 82 é bastante superior ao Barcelona de hoje. O Barça é ótimo, os estilos são parecidos (nem tanto: o toque de bola do Fla era mais objetivo e incisivo, sem tantos passes laterais), mas os jogadores do Mengo, acima de tudo, eram individualmente melhores, não dá para comparar. E o pior é que comparam, mesmo os que, como eu, tiveram o privilégio de assistir a verdadeiros shows de futebol-arte que Zico e Cia ofereciam, a preço de custo, nos estádios, e de graça, na TV. Foi o Santos do meu tempo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ronaldo comentarista e outro fenômeno

Se fosse efetivado, seria, de longe, o melhor comentarista de futebol da TV brasileira. Numa atividade em que reina o lugar comum (nas melhor das hipóteses), Ronaldo deu um show de inteligência e franqueza na transmissão de Real Madri X Barcelona, hoje, pela Globo.

PS: O segundo gol do Barça, de Messi (que também marcou o primeiro) foi de antologia. Me lembrou muito a memorável jogada de Maradona no gol de Caniggia, que eliminou o Brasil da Copa da Itália, em 1990, ainda nas oitavas de final. Só que hoje Messi fez tudo sozinho, com direito a marcar com o pé ruim, o direito, já caindo (assim como Maradona, célebre canhoto, já caindo, deu com o pé direito o passe milimétrico para Caniggia marcar). Genial.

Eu, que sempre relutei em compará-lo a seu grande compatriota, começo a me render. Compare abaixo as duas jogadas.

Maradona (1990): http://www.youtube.com/watch?v=euCgxfPuZIc
Messi (hoje): http://www.youtube.com/watch?v=a0n8EpWI_Rw

PS2: Duro ter de ouvir aqui e ali (não na Globo, verdade seja dita) os clichês mais surrados da “Barcelona republicana e contestadora”, e “a Madri da realeza, do governo centralizador, castrador” etc., como se a Espanha tivesse parado no tempo e Madri não fosse o que já é há muito tempo – uma cidade absolutamente livre e vibrante. Haja.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Breake

Nos últimos dois meses, não estou atualizando o blog como gostaria. Me faltam atualmente energia, tempo e inspiração para tanto, ainda que os temas continuem me chegando aos montes (e devidamente anotados em meu celular). Desde que este espaço foi criado - dezembro de 2009 -, é a primeira vez que isso acontece. Os motivos existem, mas não cabem aqui. Para meus poucos mas fiéis leitores, peço um pouco de paciência, pois vou retomar o velho ritmo brevemente, assim espero.

terça-feira, 12 de abril de 2011

"E o que resta não destrói a memória"

Não sou um grande fã do gênero conto, mas sempre que posso volto a O Dr. Henry Sewyn, de Sebald, o primeiro conto do livro "Os Emigrantes" (editora Record, em excelente tradução de Lya Luft e linda capa verde-água e laranja), que li pela primeira vez no meio de 2005. É uma obra-prima do começo ao fim, e me reconforta a cada leitura. O que mais se pode pedir de um livro ou qualquer obra de arte?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Neste momento, às margens do Sena, junto a Maison de la Radio, os termômetros marcam..."

Esse bordão me marcou. Reali Júnior morreu no sábado passado, aos 71. Quando eu era criança - na metade dos anos 1970 -, o ouvia com frequência no caminho para a escola, no rádio do carro dos meus pais, que gostavam de acompanhar o Jornal da Manhã*, da Jovem Pan ("Repita!"). Me impressionava com as temperaturas invariavelmente baixas de Paris - a não ser nos meses de verão, e olhe lá. Ficava imaginando como seria essa tal  Maison de la Radiô. Reali era uma voz marcante, um grande texto, jornalista completo e famoso também pela generosidade incomum. Não sabia que estava doente. Vai fazer muita falta.

* Logo me tornei um fã deste noticiário ágil e muito bem produzido, que está no ar até hoje, basicamente no mesmo formato, compreensivelmente sem a mesma relevância daqueles tempos - numa época ainda bem distante da internet, o Jornal da Manhã sabia repercurtir com muita competência as principais manchetes da grande imprensa de São Paulo e Rio, o que o fez ganhar uma audiência fiel e numerosa. Gostava especialmente das entradas ao vivo dos correspondentes, que davam boletins direto das capitais, de norte a sul do país (além de Realy, de Paris). Além dos sotaques próprios de cada região, o contraste das temperaturas me encantava.

sábado, 9 de abril de 2011

TCM, madrugada e M. Pfeiffer

Há filmes que vão melhor na madrugada. Como o remake de Scarface (1983), Brian de Palma. O bom é que o canal TCM sabe disso. PS: Michelle Pfeiffer deveria ter ganhado um Oscar de coadjuvante pelo papel de mulher de gangster, contrastando com sua beleza quase absurda, no sense - claro que Al Pacino também merecia um por seu Tony Montana, meio over, é verdade. Aliás o filme, estranhamente, não mereceu nenhuma indicação. Roteiro de Oliver Stone. Nunca vi a versão original, de 1932 (Howard Hawks).

End of line

Passa no canal futura mais uma reprise de Paris, Texas (1984). Nastassja Kinski está divina aos 24 anos, e nada de anormal nisso, já que ela é, foi, uma das deusas do cinema - hoje é Scarlett. Mas Deus, que filme chato, chega a ser ridículo de tão pretensioso e piegas - sim, piegas, talvez o maior insulto que se possa fazer a Wim Wenders, "o profundo". E aquele trilha diluindo tudo o quanto é possível do blues é uma monstruosidade chatérrima também, assim como cada um daqueles enquadramentos vazios no "deserto". E como foi badalado, aclamado - papou uma Palma de Ouro de Cannes, nada mal. E não deixa de ser até hoje, com todas essas reprises na TV (mas hoje engana bem menos trouxas, que bom). Dizer que o filme envelheceu muito mal seria um elogio, por considerar que ele chegou a ser bom, o que não é verdade. Argh.

PS: Mas adoro Wim Wenders, não por esse filme, claro!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Christophe Honoré e jazz

É o pior 'melhor jovem ator francês' dos últimos tempos. Poser total.
PS: filmes ambientados em Paris com trilha de bebop - devia ser proibido, para o bem do bebop (e de Paris).

quarta-feira, 30 de março de 2011

Bach e Mozart - aberturas

Bach andou fazendo aniversário. A abertura de sua Paixão Segundo São Mateus (BWV 244) é uma das obras máximas da música humana. Talvez a abertura do Requiem (K 626) de Mozart possa, eventualmente, lhe fazer frente.

http://www.youtube.com/watch?v=nuBeByQQUo8 (Münchener Bach-Orchester).

http://www.youtube.com/watch?v=jqkMbk8eX6Y (Filarmônica de Viena, regência Karl Böhm).

segunda-feira, 28 de março de 2011

I Heard It Through The Grapevine (1968)

No dia que o pop brasileiro produzir algo remotamente à altura desta obra-prima celebrizada na voz de Marvin Gaye, o América do Rio já terá sido pentacampeão mundial!

http://www.youtube.com/watch?v=hajBdDM2qdg

domingo, 27 de março de 2011

Decepcionado mas não surpreso

Eu sei que Caetano Veloso escreve uma coluna para O Globo (acho que quinzenal, aos domingos), por isso estava curioso e ao mesmo tempo apreensivo sobre o que ele teria a dizer sobre o imbroglio do tal blog de poesia de sua irmã Maria Bethânia, financiado com dinheiro público. Apreensivo porque o considero um grande artista, um dos maiores que o Brasil já produziu, e a chance de se equivocar na defesa da irmã era enorme. E não deu outra. Hoje saiu pelo jornal um texto de sua autoria, totalmente equivocado, fora de tom, defendendo o indefensável e, principalmente, perdendo tempo em negar aquilo que não se disse sobre o assunto. Uma lástima.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Shakira 3 X 1 Madonna

Shakira está fazendo shows no Brasil, e, por curiosidade, já que não conhecia praticamente nada do seu trabalho, acabei assistindo a alguns vídeos da artista no Youtube. Fiquei chapado - ela é nada menos que estonteante. Dança divinamente, e sua bela voz consegue ser naturalmente suave e sexual ao mesmo tempo, vulgaridade zero. Mesmo rebolando, passa uma imagem de mulher frágil, ultrafeminina, à Marilyn, que "precisa" do homem amado. É quase em tudo o oposto do que é (foi) Madonna, que, com sua coreografia fake de bad girl da Broadway, parece jogar sua independência na nossa cara (os homens), como que nos dando uma banana, como se isso fosse mesmo necessário, talvez tivesse sido. Fico com a primeira, de longe, ainda que Madonna voltasse aos seus 34 anos, idade da colombiana de Barranquilha.

http://www.youtube.com/watch?v=rgh0EXgaCWE

domingo, 6 de março de 2011

Caranaval (2)

Como me soam fake esses blocos de rua temporões que estão bombando no Rio, batendo recordes de público etc. Em Olinda também, idem Salvador, que há muito parece um grande congresso de playboys de SP, Minas e Rio, com música 'local' apenas como fundo. Terá sobrado no Brasil um carnaval de rua autêntico* e sem turistas? Difícil, mas nada demais nisso, o carnaval brasileiro não é mais uma necessidade, só um feriado grande.

* Mas o que seria 'carnaval autêntico', hoje? Talvez exatamente o que se vê em Salvador, blocos fakes do Rio, Olinda etc. Uma festona a mais, sem maior significado.

PS: Incrível que, com tudo isso, os desfiles das escolas de samba do Rio permanecem importantes, ou seja, 'necessários'.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Business à brasileira

Ou eu entendi mal, e espero que tenha sido o caso, ou, de uma paulada só, três tradicionais e bem-sucedidas estações de rádio de São Paulo, com públicos cativos - Eldorado AM e FM, além da 107,3 FM - darão lugar a uma nova, possível monstrengo, que vai privilegiar esportes (diga-se, futebol) e noticiário. Nada contra as parcerias da ESPN Brasil com a Eldorado e a 107,3, que estão funcionando muito bem, mas não consegui, na minha limitação, enxergar um ganho nesta "unificação" - prevista para o final do mês.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Part of The Queue (2005)

Homenagem a Noel Gallagher, o gêniozinho de Manchester, nesta que talvez seja a última grande canção do Oasis, de sua autoria, claro. Ele também está no vocal. Beatles no auge.
http://www.youtube.com/watch?v=zq0DldWTXdA

João no Facebook?

Impagável e deliciosa a matéria de capa da Ilustrada de hoje ("João Ninguém"), sobre um suposto João Gilberto no Facebook, assinada pelo sempre competente Marcus Preto. Até os amigos estão em dúvida, porque o sujeito dá detalhes impressionantes de conversas reservadas etc. Se for fake, acho que é alguma namorada ou amigo, talvez com o consentimento do artista - talvez não! Até Caetano foi chamado, ele que, além de amigo do cantor, também é um notório madrugador - as postagens do possível João geralmente são escritas na madrugada. Para o compositor, não se trata do verdadeiro João. Mas enfim, a questão do fake é ótima - por que não seria até lógico que alguém tão recluso quanto ele passasse a usar para valer o Facebook?
http://sergyovitro.blogspot.com/2011/03/joao-ninguem.html

PS: faltou um depoimento do grande Ruy Castro, um craque em João Gilberto.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O processo

Post* de um blog de literatura cheio de diquinhas pseudo-espertas para escritores aspirantes. “Escreva, reescreva, jogue fora, puxe pela memória etc.”, parece receita de bolo. É o trololó “moderno-minimalista” de sempre, e já centenário. No limite, o sujeito vai escrever uma frase a cada dez dias, bem lapidada, claro, tudo muito sério, profundo, “enxuto”. E mesmo que o discurso não tivesse o surrado viés do minimalismo, um escritor, qualquer um, que se sujeita a fórmulas, e tão rígidas como aquelas, merece cair imediatamente no ridículo, porque obviamente está se levando muito a sério. Afinal, boa parte de tudo o que se produz, é irrelevante, é ruim, sempre foi assim. Uma obra menor a mais não faz a menor diferença, é até bem-vinda. Se ela se sobressair, ótimo, sucesso à vista, mas é o tal “processo” que seduz quem se arrisca a criar.

* http://veja.abril.com.br/blog/todoprosa/sobrescritos/conselhos-literarios-fundamentais-i/

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Embra

Quase todo cineasta brasileiro de 50 anos para cima diz que o cinema brasileiro "tinha morrido" com o fim da Embrafilme, decretado logo no início do governo Collor, em 1990. Curioso. Como funcionavam as coisas antes? A verdade é que a criação dessa estatal, em 1969, em plena era de chumbo da ditadura militar, e sua rápida adesão por parte dos cineastas que se opunham ao regime, é uma das (muitas) bizarrices da cena político-artística brasileira - um case mundial! Argh. Merece um post bem maior, que será feito assim que eu conseguir um tempinho para o blog.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sebald filmado?

Nada como um programa atrás do outro. Na mesmíssima TV Sesc, dentro do mesmo programa (Direções), logo depois do tal teleteatro capenga, eis que surge um belíssimo curta-metragem em 35 mm, "Olhos de Ressaca", de Petra Costa, (colorido, 20 minutos) sobre as reminiscências de um casal na faixa dos 80 anos, feliz, saudável, sereno e com um quê de tristeza, há décadas vivendo numa fazenda.

Trata-se de uma linda reflexão sobre o passar do tempo, da finitude, e zero pieguice, porque os depoimentos de cada um são para lá de interessantes, sábeis, e as soluções visuais e narrativas escolhidas por Petra, bastante criativas. A diretora mistura com habilidade registros atuais do casal (que nunca falam olhando para a câmera), em bela fotografia, ótima edição de som e bons enquadramentos, com imagens - possivelmente reais - do passado da família, registradas em película (Super 8?) - os quatro filhos pequenos brincando entre si e com os pais, ainda jovens e (muito) bonitos, seqüências de passeios na fazenda, no presente, lembranças dos pais deles, de como se conheceram, do namoro, do casamento, tudo em poucas frases - é uma arqueologia poético-impressionista daquela família, daquele casal, já que dos filhos nada sabemos sobre o seu presente (ou futuro melhor dizendo).

Aqui e ali, sem cansar, um e outro se alternam na leitura de alguma poesia ou trecho de romances marcantes para eles - trechos nada óbvios de Drumond, Rosa etc. A cumplicidade dos dois, a relação suave entre eles, doce, é tocante. Filme muito bem concebido e realizado. No final a bela senhora diz, se referindo ao companheiro - "nossa vida é entrelaçada".

Claro que toda vida rende um filme. Às vezes o enredo ajuda, mas sempre precisa do talento do realizador.

TV Sesc na madrugada e Lost

Apresentação de um trio que podia ser detido por tentativa de agressão física à música e aos pobres instrumentos - bateria/percussão, piano e contrabaixo acústico. Uma sonoridade sub, sub, sub-Gismonti, com improvisos horripilantes e música que não expressa nada, ou melhor, expressa um mal estar de não acabar nunca - o tempo parece parar, no pior sentido.

Já o episódio de Lost (de que nunca fui muito fã) exibido pela Globo, mesmo dublado, foi absurdamente bem realizado, horripilante no melhor sentido. O elenco feminino é de uma beleza (multiracial) incomparável, sempre com atuações de primeira.

PS: Ainda na TV Sesc, agora entrou um 'teleteatro' que tenta ser uma 'commedia dell'arte' metalingüística, com atores veteranos e desconhecidos; texto de quinta. Eita como se desperdiça energia!

TV

Nada mal o programa "Classe Turística - brasileiros no exterior", exibido pela TV Bandeirantes. Uma idéia boa, que estava dando sopa. Vi só um, o de Barcelona, e foi interessante porque os brasileiros entrevistados, mesmo sem querer, deixaram passar uma solidão e uma certa perplexidade bem típicas de quem é estrangeiro e não tem vida fácil de endinheirado. Diversidade de personagens, de abordagens, enfim, bom. E demorou, porque com o novo "milagre", daqui a pouco todo o povo tá de volta...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ronaldo

Fui pego de surpresa com a aposentadoria do grande Ronaldo Nazário. O futebol brasileiro fica obviamente mais sem graça sem ele, e os críticos cri-cri terão de escolher outra vítima. Neymar que se prepare.

Ronaldo teve momentos memoráveis em sua volta ao Brasil em 2009, vestindo a camisa do Corinthians, a despeito das toneladas de bobagens que saíram na imprensa esportiva na época, projetando seu fracasso antes mesmo que ele estreasse.
 
A estréia marcante contra o Palmeiras, com direto a drible de chaleira e gol de cabeça no acréscimos, os gols de antologia contra o Santos, na Vila, pela semi do Paulistão, o gol decisivo contra o Internacional, na final da Copa do Brasil, no Pacaembu, em que colocou o bom zagueiro Índio para dançar com um corte seco e tiro rasteiro com o pé esquerdo, no canto do goleiro; um de voleio contra a Ponte Preta, de alta precisão, em que trocou de pé no último momento, coisa de gênio. Sem contar os passes quase sempre precisos, o toque na bola diferenciado, os deslocamentos que confundiam as defesas e a visão de jogo que só os grandes mestres possuem. Em 2010, as seguidas contusões atrapalharam, mas ele continuou fazendo a diferença.

PS: Ronaldo tem uma trajetória atípica em relação aos grandes craques da história do futebol, ele que foi um deles, com todos os méritos e sem questionamentos - apesar de ter feito seu nome nos clubes, com impressionantes média de gols e arrancadas, os grandes títulos ficaram restritos à sua passagem pela Seleção Brasileira. Isso se explica pelo fato de que o excepcional atacante quase nunca jogava no melhor time do campeonato que disputava, com exceção do Real Madrid de 2003, no qual foi campeão nacional. Se o Corinthians não tivesse perdido alguns de seus principais jogadores no meio de 2009, talvez triunfasse no Brasileirão e/ou na Libertadores, títulos que compensariam com sobras o que lhe faltou na Europa. Mas não será mais possível, uma pena. Valeu Fenômeno!

PS2: Zico considerava os dribles em velocidade a qualidade mais marcante de Ronaldo, o que o fazia único. Da minha parte, lembro que Pelé, no auge, também tinha essa característica, e não muitos outros.

PS3: Não sei por que Ronaldo, tão bem conectado ao marketing, não coloca no mercado um DVD com TODOS os seus mais de 400 gols como jogador profissional. Ele já é de uma época em que há registros completos, imagino, diferente de Pelé, claro. Dizem que há dezenas de obras-primas em sua passagem pelo PSV, quando ainda não era tão conhecido, mas quase não se mostra. Sinto falta de um produto assim com Maradona, por exemplo.

PS4: Ronaldo chorou na entrevista coletiva ao se referir à torcida do Corinthians. Certamente não agradecia aos imbecis das organizadas, que só fazem piorar o nosso futebol, mas aos torcedores comuns, como eu, que o receberam de braços abertos. Como corintiano e amante do bom futebol, me emocionei também.

Jogos/gols Ronaldo: Fonte Wikipédia.
 
Cruzeiro (1993-94): 46 jogos, 44 gols.
PSV Heindhoven (94-96): 57 jogos, 54 gols.
Barcelona (96-97): 49 jogos, 47 gols.
Internazionale de Milão (97-2002): 99 jogos, 59 gols.
Real Madri (2002-2007): 177 jogos, 104 gols.
Milan (2007-2008): 20 jogos, 9 gols.
Corinthians (2009-2011): 69 jogos, 35 gols
 
Seleção Brasileira (1994-2006): 97 jogos, 62 gols.
 
Total: 614 jogos, 414 gols, média de 0.67. Números notáveis, mas frios, como toda estatística - e quanto à profusão de dribles, canetas, arranques, passes, lançamentos etc? Isso tudo somado é que fez dele um dos grandes da história.

Copacabana (1946)

Do gênio Braguinha, com o grande Dick Farney. Não consegui a versão original, mas a que segue está bem bonita.

http://www.youtube.com/watch?v=BRn_b7KVZO0

Noturno (1979)

Interpretada em grande estilo por Raimundo Fagner, esta gravação é uma obra-prima da MPB. A canção foi composta pelos irmãos cearenses Graco e Caio Sílvio. Ideal para ouvir bem alto no carro, cantando também bem alto (se possível em dupla), o refrão Ai, Coração Alaaaaaaaaaado!

http://www.youtube.com/watch?v=RbwLJGgU138

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Política e futuro

Não dou muita fé na cobertura de política feita por correspondentes estrangeiros, de cá e de lá. É que se os gringos que trabalham aqui - das melhores publicações possíveis -, conseguem entender tão mal o Brasil, ou, na melhor das hipóteses, não entendem bem o suficiente, por que seria diferente no resto do mundo? Claro que o básico é fácil de capturar e transmitir, e o entendimento do xadrez político das nações está bem servido de especialistas. Já as nuances, que fazem toda a diferença, não. 
Quando os assuntos são de outras áreas, como música, literatura, comportamento, nada contra a visão do estrangeiro, pelo contrário, mas política é outra história – há que se conhecer um país a fundo, e a maioria dos estrangeiros não chegará lá, incluindo brasileiros no exterior, claro. E o estranho é que isso não se restringe a povos de cultura muito diversa ou muito distantes entre si. É algo que se dá mesmo entre países vizinhos, que têm a mesma religião e podem falar a mesma língua, como Uruguai e Chile, Estados Unidos e Canadá, Brasil e Argentina etc. Então qual seria a solução? Ler jornais no original, ou parte deles (mal) traduzidos?
Honestamente, penso que não há solução no curto prazo - nosso destino, mesmo na era da informação, é processar apenas uma fração ínfima do dia a dia dos que vivem em outra sociedade. Mas no tempo em que o deslocamento for questão de segundos, seja qual for a distância, as coisas evidentemente mudarão radicalmente - o comportamento do ser humano tende a se homogeneizar (argh!), e talvez um grande e único idioma se forme. Mas vai levar tempo!

Turismo


Não basta o lugar ser badalado ou bonito (lindo), interessante ou histórico etc. Acho que tem que haver uma comunhão para queremos voltar. Não precisa acontecer logo de primeira, mas tem que acontecer. Para mim, às vezes acontece o contrário: não me sentir bem em um dado destino, e desde a chegada. Neste caso, dificilmente consigo reverter a sensação de mal estar. Exemplos. Em Interlaken, na Suíça, senti uma tristeza que me fez quase sair correndo. No Brasil, não me sinto confortável em Paraty ou Ouro Preto. Em Morro de São Paulo até consegui reverter, mas o melhor dia foi o último, voltando para Valença de balsa, pelo belo rio Una. Coisas que não se explicam.

Baba O' Riley (1971)

Essa música espetacular ainda por cima está num compasso completamente fora dos padrões do pop - e não só do pop: 7 por 6! Descobri isso assistindo a um dos documentários sobre a feitura de álbuns clássicos do pop/rock de todos os tempos, que o canal History exibiu uns anos atrás - eram ótimos.  No caso do The Who, o programa mostrou, claro, os bastidores de Who´s Next. Possuo o disco desde os anos oitenta, o qual me foi emprestado e depois dado por Pedro Autran, expert em vários gêneros musicais.

http://www.youtube.com/watch?v=x2KRpRMSu4g

Doc chapa-branca

Documentário da TV Sesc* com atores do projeto Prêt-à-porter em depoimentos totalmente deslumbrados com as montagens. Os auto-elogios da troupe (são eles os protagonistas e elogiam o próprio desempenho) se alternam com elogios rasgados ao método de representação desenvolvido por Antunes, como se esse grande encenador tivesse criado tudo no éter... Como se a psicanálise e o surrealismo não tivessem mudado o registro do teatro a partir já do comecinho do século 20. Nenhum crítico é ouvido para avaliar as peças. Constrangedor, porque o diretor não precisa desse tipo de doc chapa-branca, de jeito nenhum! E constrangedor para os atores, que pagam mico. 

* Programa "Teatro e Circunstância".

"I gave myself fifty percent"

Cena crucial de Cassino (1995), em que o personagem de De Niro está para se encontrar com o de Joe Pesci, um assassino compulsivo, e não está muito otimista que vai sair vivo de lá. Scorsese, um virtuose, compõe um quadro dessa tensão com imagens refletidas no espelho retrovisor do carro de De Niro, ao chegar ao local (deserto de Nevada) e espalhando areia pela estrada, meio em slow. Como fundo musical, um tema de rara beleza, 'Thème de Camille', de Georges Delerue. Que cena.

Segue link tema: http://www.youtube.com/watch?v=NyyeqADH7p8

PS: por falar em Cassino, James Woods é um ator espetacular, e a grande Sharon Stone merecia ter levado o Oscar de melhor atriz por Cassino - perdeu para Susan Sarandon em Os Últimos Passos de um Homem.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Beatriz Sarlo e Kirchner

Longuérrimo ensaio pulicado pelo cadeno Prosa & Verso (O Globo), em que a autora argentina tece loas à trajetória do ex-presidente, bem como da sua herança política. Tocante. Argh. Para quem estiver com o estômago (e a paciência) em dia: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/02/05/a-sombra-de-kirchner-ensaio-inedito-de-beatriz-sarlo-361207.asp

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Relíquia

O melhor da (boa) entrevista de Caetano para a revista Serafina, foi a foto do manuscrito original (de um caderninho), com a letra de Alegria, Alegria, em bela caligrafia.

domingo, 30 de janeiro de 2011

La Famiglia (1987)

Um dos grandes filmes do grande Ettore Scola. Uma reflexão poderosa e tocante sobre a passagem do tempo. Nunca foi lançado em DVD no Brasil, e os canais da TV paga também costumam ignorá-lo, o que é uma pena.

Revoluções

A Globo exibiu no Corujão Maria Antonieta, de Sofia Coppola. Belo filme, não tinha visto no cinema. A Revolução Francesa só aparece no finalzinho, e é inevitável pensar que ela foi a primeira de muitas que se arvoraram em "defensor do polvo”. Surgia ali um novo tipo de absolutismo – o bem intencionado, que se autojustificava sem nenhum limite. Ainda bem que a verdadeira revolução - a da democracia - já tinha começado nos Estados Unidos.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Calor

Ontem fazia 27 graus às onze da noite. Hoje está quase isso. O verão chegou forte em SP, para desespero da TV Record (e do Datena).

Menino prodígio

Passando Tubarão (1975), legendado. O filme não goza hoje de grande reputação, o que me parece injusto - as cenas de pânico na praia são puro Hitchcock, e da melhor safra. Na parte final, Hemingway para as massas. E claro, a cena do pescador sendo devorado pelo peixe é uma das mais impactantes do cinema, ever. Grande Spielberg.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PIB per capta, pizza e shushi em São Paulo

Transformando os dados do Estadão de hoje, relativos ao PIB per capita da cidade de São Paulo (320 bilhões de reais, 11.244 milhões de habitantes) em dólares (a um câmbio de 1.7), chega-se a quase 17 mil dólares/ano (já o país está próximo de alcançar a marca histórica dos 10 mil dólares). Sem a carga tributária excessiva e as transferências desmedidas para a União, acho que SP já teria ultrapassado os US$ 30 mil.

E sim, pizzas e shushis continuam a mil: diariamente, 1 milhão de pizzas e 350 mil shushis são consumidos na cidade que hoje aniversaria.

Para efeito comparativo, confira abaixo o PIB per capita de alguns países em 2008, pré-crise (em milhares de dólares). Fonte: Banco Mundial.

Estados Unidos: 47.4
Bélgica: 47.3
Austrália: 46.8
França: 46.0
Canadá: 45.0
Alemanha: 44.7
Reino Unido: 43.7
Itália: 38.9
Japão: 38.4
Espanha: 35.1
Hong Kong: 30.7
Israel: 28.4
Distrito Federal: 27.0
Portugal: 23.0
República Tcheca: 20.7
Coréia do Sul: 19.1
Cidade de São Paulo: 16.7
Estado de São Paulo: 14.1 
Rússia: 11.8
Venezuela: 11.4
Turquia: 10.5
Chile: 10.1
Uruguai: 9.6
Brasil: 8.3
Argentina: 8.2
Bolívia: 1.6

PS: Luxemburgo e Noruega lideraravam o ranking entre todos os países, com inacreditáveis, respectivamente, 113 e 94.3. Logo em seguida, Catar (93.2), Suiça (68.4), Dinamarca (62.0), Irlanda (60.5 - e  pensar que era um país pobre menos de 20 anos atrás, incrível!) e Emirados Árabes Unidos (55.0).

PS2: Obviamente a China (já virtualmente a segunda economia mundial), devido a sua enorme população (1.3 bilhões), possui um PIB per capita baixo (menos de 4 mil dólares em 2008). Mas a conta para eles é outra: se conseguirem que meros 400 milhões de chineses consumam em padrões americanos, já será mais que suficiente para liderar o ranking, algo que deve acontecer nos próximos 10 ou 15 anos, se não houver nenhuma reviravolta econômica, claro - aliás, se houver (toc, toc na madeira), o Brasil tá frito!

PS3: o Brasil tem muito que evoluir.

E o ex-Leo fechou

Não sei por que deixei passar, já tem uns quatro, cinco meses, o fechamento do bar e restaurante do Leo, na Maria Carolina com Sampaio Vidal. Na verdade, havia quase dois anos não era mais do Leo (adorável figura), que, junto com o irmão, o tinha vendido, mas, apesar de ter passado por uma reforma bastante discutível, a casa manteve (não inteiramente, mas quase) as características que fizeram sua fama – bar agitado à noite, preços camaradas no almoço, muita simpatia no atendimento, cerveja sempre gelada e um peixe frito e rabada (quinzenal) bastante acima da média, além de um filé à parmegiana suculento e bem montado. Tinha também uma costelinha de porco honestíssima, às terças, entre outros pratos sempre bem servidos.

Nesta segunda fase, fiz amizade com o Djalma, jovem e competente gerente, exímio conhecedor de futebol internacional - gostava de passar lá para ver jogos da Champions League e me atualizar com ele das novas. Seu defeito é ser são-paulino!

Freqüentava o lugar desde 1998, como bar, mas só descobri que os almoços valiam a pena bem depois. Chato não ter podido me despedir do pessoal, fui pego de surpresa na última vez que fui para almoçar e encontrei tudo fechado - aliás, isso já tinha acontecido antes, mas achei que era por algum motivo excepcional e não dei muita bola (ato falho); na segunda vez perguntei a um vizinho, que me contou que o ex-Leo tinha sido comprado, e os novos donos fariam uma grande reforma (sempre ela!), para inaugurar a nova casa. A julgar pelos restaurantes do entorno, não tenho muita esperança que consiga ser tão interessante.  

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Reforma da Mário de Andrade

Parece que a biblioteca ficou maravilhosa, como em seus bons tempos. Meus pais, ainda universitários, começaram a namorar lá, no finalzinho dos anos 1950, época das "canalhas" literária e científica - grupos de estudos bem animados que batiam ponto na Mário de Andrade, de que faziam parte, além dos meus pais, Manoel Carlos, Carlos Henrique Escobar, Jairo Arco e Flecha, Zé Celso, Carlos Zara, Bento de Almeida Prado, José Gianotti, Cyro Del Nero, Enio Mainardi, entre muitos outros, assunto para outro post.

PS: minha mãe conseguiu no google uma longa entrevista com Mauro Rubens e Cyro Del Nero, de 2006, com histórias incríveis do período. Como está em PDF, coloquei o link da busca - depois de clicar, é a primeira pesquisa da página (em caixa alta), com o título Biblioteca Mário de Andrade Projeto Memória Oral.

http://www.google.com.br/search?sourceid=navclient&aq=10h&oq=&hl=pt-BR&ie=UTF-8&rlz=1T4GGLL_pt-BRBR375BR375&q=frequentadores+da+biblioteca+mario+de+andrade+na+d%c3%a9cada+de+50%2c+canalha+liter%c3%a1ria+e+cient%c3%adfica

sábado, 22 de janeiro de 2011

Documentário (canal National Geographic)

Impressionantes as imagens exibidas no programa Redescobrindo a Segunda Guerra, no episódio que trata da invasão da União Soviética pelos alemães, a partir de junho de 1941. No começo achei até que fossem encenações "vintage", picaretagem infelizmente comum e que assola  tantos docs de época, mas não era o caso - trata-se de imagens reais (em cores), feitas em película pelos próprios alemães (geralmente "soldados" da SS).

Que eles gravavam no front é sabido, mas o programa mostrou uma riqueza impressionante destes registros, ao longo de quase uma hora de programa: cenas de batalhas na Ucrânia e Rússia, rendições, execuções, colaborações de civis na perseguição e assassinatos de judeus, manobras dos soldados siberianos - trazidos do extremo leste para enfrentar os nazistas -, enfim, nada que lembrasse aqueles documentários com as mesmas imagens de sempre do conflito, como tantas vezes acontece com filmes sobre Pelé e Garrincha.

Tralhas Modernas

É um blog de música bem interessante, descobri há pouco. A propósito, faz tempo que quero escrever um post sobre Milton Nascimento, vou fazer isso.

http://tralhasmodernas.blogspot.com/

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

The Pocilga

Hoje comecei outro blog, uma experiência mais de levada twitter, mas sem os limites deste. Claro que a idéia é escrever textos bem mais curtos - às vezes só uma ou duas frases - que os de O Luzíada (que prossegue, sem mudanças), igualmente sem limitação de assunto.

Mas como nunca se sabe, posso precisar de um espaço maior que o do twitter, por isso um blog. Seu lema é: "Concisão sem pretensão". Segue link: http://thepocilga.blogspot.com/

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Confessionário

Que texto maravilhoso escreveu Armando Antenore sobre a grande Tomie Ohtake, na revista Bravo! deste mês. Brincando com o português precário da artista, mas sem nunca soar esnobe, o jornalista alterna passagens em que se faz passar por ela (na primeira pessoa) com descrições tradicionais em terceira pessoa, resumindo com maestria sua trajetória e pontos de vista. A revista também traz, ente outras boas reportagens -, um perfil de primeira classe da editora inglesa Liz Calder, idealizadora da Flip, assinada por ninguém menos que Thomaz Souto Correa (com reportagem de Cecília Brandi).

PS: a Bravo! reduziu em um terço seu preço em banca (de 14,90 para 10 reais), uma tacada inteligente, que parece ter influenciado positivamente na qualidade do seu conteúdo, visivelmente melhor que algumas edições que li no passado recente. Boa notícia.

http://armandoantenore.com.br/index.php/confessionario/tomie-ohtake

Iñarritu/Arriaga

Não suporto essa dupla - picaretas que se deram bem no cinema enganando trouxas influentes. Argh.

I can't stand it no more (1979)

Peter Frampton, beleza de música.

http://www.youtube.com/watch?v=pXBo-ynknsM

Afiador de facas

Há um afiador de facas que circula por Cerqueira César e Jardim Paulista. Talvez mais de um. Dá para ouvir bem, mesmo no 12º andar. Na verdade, não sei se seu trabalho é afiar facas, mas o interessante é que ele toca um instrumento musical semelhante a uma gaita* - não seria um realejo, já que não tem manivela, e suponho que a música não é predefinida, tem de ser tocada. Voltando ao (possível) afiador dos Jardins, suas frases musicais - sem ligação aparente, entremeadas de silêncio e às vezes bastante dissonantes - soam bem.

Caso a música não seja fruto de improviso (mais interessante que não seja), fico curioso se ela veio de outro afiador, ou se cada um compõe repertório próprio, mas com características (quais?) que sempre remetam ao ofício, que o identifique à primeira audição - razão primeira do instrumento nesse contexto. Só perguntando! Ou pesquisando.

* Conversei rapidamente com um afiador, no íncio de fevereiro. O instrumento é um tipo de gaita, sim, chamada por eles de Gaita do Ary; as melodias são transmitidas pelos veteranos aos que se iniciam na profissão. Há uma canção conhecida de Teixeirinha, "A Gaita Velha do Seu Ary", talvez o nome venha daí (com o perdão da rima!).

Dois artigos

Demétrio Magnoli começa 2011 tão inspirado quanto terminou 2010. Segue na íntegra (por meio do ótimo site Conteúdo Livre http://sergyovitro.blogspot.com/) dois artigos publicados no Estadão (às quintas-feiras alternadas), ambos brilhantes.

700 mortos e 8 passaportes  - 20/01/2011

Marco Aurélio Garcia qualificou como assunto "de uma irrelevância absoluta" a concessão de passaportes diplomáticos aos filhos e netos de Lula. Ele, certamente, considera relevante a tragédia que ceifou mais de 700 vidas e destruiu cidades inteiras na Região Serrana do Rio de Janeiro. Os dois eventos, cujos impactos sobre a vida nacional são incomparáveis, estão relacionados, ainda que indiretamente. Eles, além disso, têm igual relevância, pois procedem da mesma fonte: a delinquência atávica de uma elite política hostil ao interesse público.

A lei é cristalina ao listar os critérios que regulam a concessão de passaportes diplomáticos. O ex-ministro Celso Amorim violou a lei, a pedido de Lula, quando presenteou a prole estendida do ex-presidente com o privilégio reservado aos representantes do Estado. O gesto ilegal não é amenizado, mas agravado pelo recurso cínico à invocação do "interesse nacional". O que o Ministério Público precisa para acusar o ex-ministro e o ex-presidente de abuso de autoridade?

Certos grupos ambientalistas propensos à mistificação culpam as mudanças climáticas globais pela catástrofe no Rio de Janeiro. Mas as precipitações torrenciais e os deslizamentos em encostas de morros fazem parte da dinâmica climática e geomorfológica normal das serras do Sudeste brasileiro. A intensidade das chuvas não é explicação suficiente das causas de uma das maiores tragédias humanas da história do País. Uma urbanização descontrolada, com ocupação extensiva de encostas de morros e várzeas inundáveis, moldou o cenário do desastre. Os mortos, as famílias devastadas, os desabrigados são o produto de décadas de escolhas políticas baseadas numa racionalidade avessa ao interesse público e, muitas vezes, às próprias leis. O que o Congresso Nacional precisa para instalar uma CPI dedicada à investigação do enredo completo da tragédia anunciada?

O patrimonialismo "é a vida privada incrustada na vida pública", segundo a definição de Octavio Paz. Na sua trajetória rumo ao poder, o lulismo conectou-se com um anseio profundo da sociedade brasileira ao fazer a denúncia sistemática de uma elite política consagrada ao intercâmbio de privilégios oriundos do controle do aparelho de Estado. Lula tocou um nervo exposto com seus "300 picaretas do Congresso", tirada irresponsável que se converteu em canção popular e sintetizou a bandeira de mudança com a qual alcançaria o Planalto. De lá para cá, ele e seu partido traíram noite e dia o compromisso original. A emissão dos passaportes diplomáticos equivale a uma abjuração escrita: o presidente que sai transforma a corrupção em virtude, zombando da "lei das gentes".

Não há mais de 700 mortos no Rio de Janeiro porque Lula concedeu à sua descendência o privilégio ilegal, mas porque a elite política que hoje Lula personifica zomba da "lei das gentes". Cada uma das áreas de risco ocupadas na Região Serrana fluminense tem a sua história singular. Alguns bairros surgiram por incúria das autoridades públicas. Outros se estabeleceram sob o amparo de acordos espúrios entre loteadores e políticos em cargos de mando. Prefeitos e vereadores formaram clientelas eleitorais estimulando a ocupação de vertentes e várzeas, ou apenas condescendendo com a violação das normas. A catástrofe foi tecida com os fios de uma política que combina populismo, patrimonialismo e clientelismo. Na Austrália, inundações muito mais amplas deixaram um saldo de mortes que se conta na casa de poucas dezenas, não de várias centenas.

Lula e os seus não se limitaram a absorver os usos e costumes da elite política estabelecida, mas foram bem mais longe, produzindo uma espécie de elogio público do patrimonialismo. O ex-presidente proclamou a inimputabilidade de José Sarney (o "homem incomum"), mudou a lei para beneficiar a empresa financiadora do negócio de seu filho e, na hora da despedida, comportou-se como um potentado, oferecendo passaportes diplomáticos aos familiares com a desenvoltura de um pai que distribui ovos de Páscoa. Como exigir de autoridades estaduais e municipais o respeito à lei, a adesão à norma, quando a República se transfigura na fazenda dos Lula da Silva?

"Sempre tem a hora de fazer avaliação. Tem que se fazer uma autocrítica, por que se permitiu fazer tudo isso. Mas agora é resgatar corpos e ajudar famílias desabrigadas. Não vamos perder tempo nesse momento." O governador Sérgio Cabral não é mais responsável pela tragédia que seus predecessores ou que os prefeitos, vereadores e lideranças locais da Região Serrana do Rio de Janeiro. Contudo, ao fabricar uma acusação preventiva contra os críticos, ameaçando crismá-los como inimigos da ajuda às vítimas, revela-se mais inteligente - e muito mais nocivo ao interesse público. A sua operação de linguagem tem o objetivo de suspender o debate político enquanto perdurar a emergência humanitária. É a receita certa para proteger a elite política que parasita a sociedade.

Uma tristeza avassaladora começou a se espalhar pelo Brasil inteiro com as primeiras imagens da tragédia. A memória dos mais de 700 mortos merece um monumento que não seja feito de pedra nem se preste à demagogia das inaugurações políticas. O monumento só pode ser um programa plurianual ambicioso de reconstrução das cidades devastadas e remodelação estrutural dos padrões de ocupação do solo na Região Serrana fluminense e em inúmeras outras cidades e corredores urbanos do País. Os recursos para tanto existem, mas serão queimados na pira ardente das obras colossais da Copa do Mundo e da Olimpíada.

As chuvas de janeiro provocaram um trauma nacional duradouro. O verão não terminou. As águas da destruição ainda podem apagar o fogo do desperdício sem freios e das negociatas fabulosas promovidas em nome do orgulho nacional. É a única homenagem verdadeira que os vivos podem prestar aos mortos.

Herói sem nenhum caráter - 24/12/2011

Lula jamais protestou contra o monopólio da imprensa pelo governo cubano e nunca deu um passo à frente para pedir pelo direito à expressão dos dissidentes no Irã. Ele sempre ofereceu respaldo aos arautos da ideia de cerceamento da liberdade de imprensa no Brasil. Mas é incondicional quando se trata de Julian Assange: "Vamos protestar contra aqueles que censuraram o WikiLeaks. Vamos fazer manifestação, porque liberdade de imprensa não tem meia cara, liberdade de imprensa é total e absoluta."

Assange é um estranho herói. No Brasil, o chefe do WikiLeaks converteu-se em ícone da turba de militantes fanáticos do "controle social da mídia" e de blogueiros chapa-branca, que operam como porta-vozes informais de Franklin Martins, o ministro da Verdade Oficial. Até mesmo os governos de Cuba e da Venezuela ensaiaram incensá-lo, antes de emergirem mensagens que os constrangem. Por que os inimigos da imprensa independente adotaram Assange como um dos seus?

A resposta tem duas partes. A primeira: o WikiLeaks não é imprensa – e, num sentido crucial, representa o avesso do jornalismo.

O WikiLeaks publica – ou ameaça publicar, o que dá no mesmo – tudo que cai nas suas mãos. Assange pretende atingir aquilo que julga serem "poderes malignos". No caso de tais alvos, selecionados segundo critérios ideológicos pessoais, não reconhece nenhum direito à confidencialidade. Cinco grandes jornais (The Guardian, El País, The New York Times, Le Monde e Der Spiegel) emprestaram suas etiquetas e sua credibilidade à mais recente série de vazamentos. Nesse episódio, que é diferente dos documentos sobre a guerra no Afeganistão, os cinco veículos rompem um princípio venerável do jornalismo.

Agente original A imprensa não publica tudo o que obtém. O jornalismo reconhece o direito à confidencialidade no intercâmbio normal de análises que circulam nas agências de Estado, nas instituições públicas e nas empresas.

A ruptura do princípio constitui exceção, regulada pelo critério do interesse público. Os "Papéis do Pentágono" só foram expostos, em 1971, porque evidenciavam que o governo americano ludibriava sistematicamente a opinião pública, ao fornecer informações falsas sobre o envolvimento militar na Indochina. A mentira, a violação da legalidade, a corrupção não estão cobertas pelo direito à confidencialidade.

Interesse público é um conceito irredutível à noção vulgar de curiosidade pública. Na imensa massa dos vazamentos mais recentes, não há novidades verdadeiras. De fato, não existem notícias – exceto, claro, o escândalo que é o próprio vazamento. A leitura de uma mensagem na qual um diplomata descreve traços do caráter de um estadista pode satisfazer a nossa curiosidade, mas não atende ao critério do interesse público. O jornalismo reconhece na confidencialidade um direito democrático – isto é, um interesse público. O WikiLeaks confunde o interesse público com a vontade de Assange porque não se enxerga como participante do jogo democrático. É apenas natural que tenha conquistado tantos admiradores entre os detratores da democracia.

Há, porém, algo mais que uma afinidade ideológica, de resto precária. A segunda parte da resposta: os inimigos da liberdade de imprensa torcem pelo esmagamento do WikiLeaks por uma ofensiva ilegal de Washington.

No Irã, na China ou em Cuba, um Assange sortudo passaria o resto de seus dias num cárcere. Nos EUA, não há leis que permitam condená-lo. As leis americanas sobre espionagem aplicam-se, talvez, ao soldado Bradley Manning, um técnico de informática, suposto agente original dos vazamentos. Não se aplicam ao veículo que decidiu publicá-los. A democracia é assim: na sua fragilidade aparente encontra-se a fonte de sua força.

Sorriso furtivo O governo Obama estará traindo a democracia se sucumbir à tentação de perseguir Assange por meios ilegais. O WikiLeaks foi abandonado pelos parceiros que asseguravam suas operações na internet. Amazon, Visa, PayPal, Mastercard e American Express tomaram decisões empresariais legítimas ou cederam a pressões de Washington? A promotoria sueca solicita a extradição de Assange para responder a acusações de crimes sexuais. O sistema judiciário da Suécia age segundo as leis do país ou se rebaixa à condição de sucursal da vontade de Washington? Certo número de antiamericanos incorrigíveis asseguram que, nos dois casos, a segunda hipótese é verdadeira. Como de costume, eles não têm indícios materiais para sustentar a acusação. Se estiverem certos, um escândalo devastador, de largas implicações, deixará na sombra toda a coleção de insignificantes revelações do WikiLeaks.

A bandeira da liberdade nunca é desmoralizada pelos que a desprezam, mas apenas pelos que juraram respeitá-la. Assange não representa a liberdade de imprensa ou de expressão, mas unicamente uma heresia anárquica da pós-modernidade. Contudo, nenhuma democracia tem o direito de violar a lei para destruir tal heresia. A mesma ferramenta que hoje calaria uma figura sem princípios servirá, amanhã, para suprimir a liberdade de expor novos Guantánamos e Abu Ghraibs.

"Vamos fazer manifestação, porque liberdade de imprensa não tem meia cara, liberdade de imprensa é total e absoluta." Lula não teve essa ideia quando Hugo Chávez fechou a RCTV, nem quando os Castro negaram visto de viagem à blogueira Yoani Sánchez que lançaria seu livro no Brasil. Não a teve quando José Sarney usou suas conexões privilegiadas no Judiciário para intimidar Alcinéa Cavalcante, uma blogueira do Amapá, ou para obter uma ordem de censura contra O Estado de S. Paulo. Ele quase não disfarça o desejo de presenciar uma ofensiva ilegal dos EUA contra o WikiLeaks. Sob o seu ponto de vista, isso provaria que todos são iguais – e que os inimigos da liberdade de imprensa estão certos.

Alguém notou um sorriso furtivo, o tom de escárnio com que o presidente pronunciou as palavras "total e absoluta"?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Choque de realidade

O livro da dupla da pesada John Steinbeck (famoso escritor americano, hoje meio datado) e Robert Capa (célebre fotógrafo húngaro, ainda na crista da onda) sobre a União Soviética ("Diário Russo"), baseado em viagem pelo país realizada em 1947, tem um tom meio deslumbrado e bastante simpático* a ex-potência, o que era natural na época, já que a União Soviética tinha conseguido reverter a derrota inicial para os nazistas na Segunda Guerra, além de ter sido o país que mais perdeu** cidadãos em todo o conflito (inacreditáveis 26 milhões de um total de quase igualmente inacreditáveis 50 milhões de pessoas). Nenhum dos dois era comunista, mas a simpatia pelos russos era quase de lei - o que não teria produzido um Jorge Amado no período, tivesse ele tido a oportunidade da visita? Deus, nem quero imaginar o grau de propaganda...!

De qualquer forma, gostaria de ter visto a possível cara de tacho de ambos quando das denúncias de Kruschev, no início de 1956, pouco menos de três anos depois da morte do grande matador, digo, ditador Josef Stálin. Belo mico.

* Steinbeck, baseando-se no que teria "apurado", chega a descrever a capital da Geórgia, Tbilisi, onde Stálin passou a juventude, como quase um éden na Terra. Ridículo. E há várias passagens nessa linha, não dá!

** Ia escrever 'mais sacrificado', mas me lembrei da Polônia.

Sultans of Swing (1978) e Stones

Como tantas bandas britânicas (a maioria?), o Dire Straits faz (fez) um pastiche de gêneros musicais de raiz USA. Mas não há diluição neste pastiche; dá-se quase o oposto, o que resulta muitas vezes em música de primeira classe.

Essa metamorfose que os ingleses operam no pop é, para mim, um grande mistério, sem excluir os Beatles. A canção que dá título ao post é um bom exemplo - no caso, o pop se apropria do folk e country, criando algo meio insólito (sotaque britânico), mas poderoso. O solo de guitarra, puro rock 'n' roll, vem de brinde, perfeito.

Mas nem sempre funciona. Como já escrevi aqui, o "blues" dos Stones a mim nunca soou convincente, por mais bem tocado. Mas quando a banda faz pop, como em Under My Thumb, Start Me Up, (I Can´t Get No) Satisfaction e tantas outras jóias, são grandes.

http://www.youtube.com/watch?v=4yZVJdAqX6Q

domingo, 16 de janeiro de 2011

Jacinto de Thormes

Pseudônimo de Maneco Müller (Manuel Bernardes Müller,1923-2005), citado em "Café Soçaite". Foi uma figura interessantíssima - filho de diplomatas e neto do ex-governador Lauro Severiano Müller, Maneco é considerado o criador do moderno colunismo social brasileiro. Sua projeção trouxe mais espaço e prestígio à profissão. Apaixonado por futebol, trabalhou também como cronista esportivo.

Segue texto transcrito de uma saborosa entrevista concedida a Geneton Moraes Neto, da TV Globo, em março de 2004.

http://www.geneton.com.br/archives/000030.html

Dureza

Quando começo a ler uma crítica literária ou resenha, e aparece do nada clichês como "romance de alta (ou baixa) voltagem", bate uma preguiça atroz de seguir. É o tipo de figura de linguagem que me deprime.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Café Soçaite (1955)

Para fechar os posts musicais de hoje, um samba de breque de primeira, de Miguel Gustavo, que ficou famoso na voz de Jorge Veiga. Gustavo era colunista social conhecido no Rio e compositor de jingles que marcaram época. Teve parecerias com o grande Bezerra da Silva. Saboreou o sucesso com Café Soçaite - meu pai adora e me sugeriu.

Mais tarde, compôs o famosíssimo hino do Brasil tri-campeão na campanha do México, em 1970 (venceu o concurso para o evento) - "Todos juntos vamos, pra frente Brasil, salve a seleção (...)". Não duvido que tenha se queimado, por ter coincidido com o período mais sombrio da ditadura militar. Morreu dois anos depois, aos 50 anos incompletos.

Não consegui a música no Youtube (só um trechinho com Bethânia, mas muito curto), então vou com a letra, deliciosa, na íntegra:

Doutor de anedotas e de champanhotas,
Estou acontecendo no café soçaite,
Só digo enchanté, muito merci, all right,
Troquei a luz do dia pela luz da Light.

Agora estou somente contra a Dama de Preto,
Nos dez mais elegantes eu estou também,
Adoro riverside, só pesco em Cabo Frio,
 Decididamente eu sou gente bem.

Enquanto a plebe rude na cidade dorme,
Eu ando com Jacinto que é também de Thormes,
Teresas e Dolores falam bem de mim,
Já fui até citado na coluna do Ibrahim.

E quando alguém pergunta como é que pode
Papai de black-tie jantando com Didu,
Eu peço mais um uísque embora esteja pronto.

Como é que pode? Depois eu conto.

Absolute Beginners (1986)

Belíssima canção romântica "comercial" de Bowie, aqui em vídeo, ao 39 aninhos (não achava na época!).

http://www.youtube.com/watch?v=r8NZa9wYZ_U

Zezé Motta - Magrelinha (1978)*

A versão de Zezé para esta grande canção de Melodia é um dos pontos mais altos da MPB, na modestíssima (pero no mucho!) opinião do blog. Começo de arrepiar, vai  num crescendo, até chegar ao clímax - e que clímax: "super-sangue, super-sangue, super-sangueeeee!".  E depois: "super-carioca, super-eu, super-eu!". Bela linha de contrabaixo.

* Composição de 1973.

http://www.youtube.com/watch?v=wdmk28JQ5-A&feature=fvsr

Castles In The Air (1982)

É bem interessante porque possui um intervalo musical pouco comum na música popular, e que ainda tem o mérito de soar absolutamente natural - mas não é, porque um intervalo de quarta, que puxa para a dissonância. Está exatamente no trecho em que Don McLean canta "save me from all the trouble and the pain (...)"*. Linda e despretensiosa canção.

*Falando em intervalos quarta (intervalo entre as notas Mi e Si bemol, por exemplo), a canção do post abaixo, Não Existe Pecado (...), possui um belo intervalo de quarta: na parte em que Ney canta "a todo vapor", mais precisamente na pronúncia das sílabas "a to".

http://www.youtube.com/watch?v=TTqi7iEZEWA

Não Existe Pecado ao Sul do Equador (1978)*

Tema da novela (das sete) Pecado Rasgado (de Silvio de Abreu**), com Ney Matogrosso no auge da forma - aqui em vídeo hilário, Ney acompanhado de Os Trapalhões, provavelmente para um quadro do Fantástico da época - mas em playback, o que é bom, porque é a versão original de estúdio. Grande canção do Rei dos Jabutis

* Composiçãode 1973, da peça Calabar.

** Primeira novela do autor na Rede Globo. Apenas um ano antes, na TV Tupi, estreava com sucesso como autor (parceria com Rubens Ewald) de Éramos Seis.

http://www.youtube.com/watch?v=Sf-WGYJHO8g

A melhor versão de Lucy In The Sky é de Elton John (1974)

O começo, teclado soando quase como guitarra, discretos sinos de igreja e o vocal de Ellton, soberbo. Grande canção de John Lennon, mas que só encontra seu momento aqui, e não na versão de Peppers (1967), muito empostada, como de resto em boa parte do disco famoso.

http://www.youtube.com/watch?v=_nTGSIdW6pc

Jandaia

Chamadas de programas de TV voltados para a preparação de uma infinidade de drinques, receitas complicadas etc. Não é a minha praia, de jeito nenhum.
Bebo agora, num boteco, um drinque insuperável, "preparado" por mim mesmo e composto dos seguintes ingredientes: dose generosa de vodka Stolichnaya, outra de suquinho de caju Jandaia*, já adoçado (vem com o canudinho para copo!) e gelo a gosto. Precisa mais?

* Com suco de pêra SuFresh fica igualmente ótimo.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

-

A monstruosidade do caso Joana - que não aconteceu em Dachau, mas no Rio, e há tão pouco tempo; a tragédia das águas na Região Serrana do estado do Rio, principalmente Teresópolis e Nova Friburgo. Não há por que escrever agora.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Saudade FM

Assim que der, quero escrever sobre uma estação de rádio que descobri no litoral. É de Santos, chama Saudade FM (100,7 MHz), e se você não se incomodar de topar (muito de vez em quando) com um Nelson Ned (!), Reginaldo Rosse ("Mon Amour", anotei!) ou Wanderley Cardoso ("Socorro Nosso Amor Está Morrendo"), tem uma programação noturna sensacional, com um mix matador de hits de tudo que é estilo, época e lugar.

Dá para ouvir pela internet: http://www.saudadefm.com.br/

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Virtuose

Palavra quase francesa da língua portuguesa/Brasil.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Satisfação

Hoje meu filho, Gabriel, de 4 anos, tomou uma decisão importante, por conta própria. Numa lanchonete, um dos atendentes perguntou se ele era são-paulino. Na lata, ele respondeu “não, sou corintiano”! Fiquei duplamente surpreso (e feliz), porque nem sabia que ele conhecia o significado da palavra são-paulino (até porque evitamos ao máximo falar palavrões em casa!), e nunca o induzi a torcer pelo meu time. Dá-lhe Gab!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Back in town

De volta a São Paulo*, 12 dias de quase férias na praia, mas valeu muito! Amanhã o blog volta à ativa, assim espero.

*Como quase disse Caetano, São Paulo é a segunda melhor cidade do mundo para se viver na América do Sul!