quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Não vale a pena ver de novo

Revi uma boa parte de um dos filmes de Woody Allen de que mais gosto, ou gostava, ‘Manhattan’ (1979). Allen idealiza demais a namorada adolescente (Mariel Hemingway), que no filme, além da beleza estonteante, é um anjo cheio de meiguice e maturidade - a realidade é que, fora a beleza habitual, adolescentes de 17 anos tendem a ser implacáveis, mesmo em 1979. A trama paralela com Diane Keaton é previsível, e a impressão de que, para o diretor (e não só neste filme), basta ser leitor do New York Times para ser considerado um intelectual, me incomoda. Mesmo assim, o belíssimo final compensa, mas o ideal seria não rever alguns filmes – 'Hannah e Suas Irmãs' e 'Radio Day's vou tentar preservar na memória.

Nanico engraçado

Uma das picaretagens mais divertidas desta campanha eleitoral vem do PCO (Partido da Causa Operária), que prega um salário mínimo de R$ 2.500 (nem um centavo a mais ou a menos!). Gostaria muito de saber se o candidato Rui Costa Pimenta, que disputa a presidência, paga a seus empregados (e ele os tem, com certeza) usando a referência de sua propaganda. Tem que dar o exemplo em casa, certo?!!

A volta do milagre

Hoje um dos Fernandinhos da Folha – sempre tão serelepes - presta uma bela homenagem involuntária a Emílio Garrastazu Médici, a pretexto de elogiar Lula, claro. Embaralhando conceitos caros a Norberto Bobbio, o colunista  escreve que “a atual prosperidade econômica e a ampliação de direitos sociais” seria um avanço democrático inquestionável da era Lula, e que Serra "não seria um ator convincente da direita" (!) para enfrentar nas urnas tais conquistas. Serra, de direita?? Prosperidade econômica e avanços sociais que só teriam começado em 2003, como que por mágica? É incrível como, 40 anos depois do "milagre econômico", época em que o país crescia a índices chineses, o mantra daquele tempo ("Ame-o ou Deixe-o") volte a assombrar o Brasil - não se pode fazer oposição a Lula sem patrulha, assim como não se podia fazer a Médici sem pancada. Os instrumentos são diferentes, (ditadura antes, mistificação agora) mas a lógica é a mesma (mentira e simplificações da realidade imperando). Triste é que a mistificação de hoje conta com a ajuda luxuosa de parte nada desprezível da grande imprensa.