segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Solstício e humor

Hoje, que para nós é o dia mais longo do ano, fez um dia especialmente azul e luminoso em São Paulo. Em homenagem ao ano que quase já passou, e aos que virão, saudemos este belo dia. E para encerrar o ano aqui com algum riso, (assim espero), uma frase de minha lavra (não muito recente, mas o blog é.. hehe), espero que gostem, senão sorry e tento outra vez, qualquer hora... "Loira burra não tem o direito de ser feia". Haha!

Paul Samuelson

Não, a intenção aqui não é registrar "uma lágrima" pela morte de Paul Samuelson, como aquele colunista esperto costuma fazer, dando o truque, porque conhece tanto dos defuntos ilustres pelos quais chora como os da vala comum que morrem todo o santo dia - o que seria ótimo se a soma não fosse zero. Paul Samuelson foi grande, viveu quase 100 anos, e ninguém senão seus amigos próximos e familiares deve renvindicar as lágrimas por sua morte. Poucos como ele conseguiram tanto da vida e por tanto tempo, isso é o que conta na esfera particular. Na pública, foi um gênio que nos legou poucos e clássicos livros, e isso vai interessar por muito tempo ainda.

Mundo

Houve uma época em que, ainda adolescente, logo depois de descobrir a música, me propus a escutar simplesmente toda a obra de Bach e Mozart, e o máximo que pudesse dos outros compositores que me interessavam - e eles eram muitos. Sem contar os livros, a lista que já vinha fazendo desde os 18, 19 anos. Ainda que não fosse o preguiçoso que me tornei (ou fui, por um tempo), isso teria sido impossível, porque logo apareceram outras seduções, outras demandas, outros desejos, mas eu pensava, mesmo assim, que daria um jeito. É que a adolescência, e mesmo parte da juventude, é uma fase tão linda quanto essencialmente ingênua, claro. Mas amadurecer tb tem a beleza de se constatar que não, não leremos todos os livros, não veremos todos os filmes, não escutaremos sequer a íntegra de Bach, não, não e não... Mas se pode fazer muita coisa, isso se realizarmos que temos de fazer escolhas (e é bom que acertemos nelas) abrir mão disso e daqulio, mas seguir adiante, keep going e aproveitar o melhor possível. Só isso, e não será pouco. Acho que agora só volto a postar em janeiro, au revoir, me voi!

Santo Amaro, Clipper e Ipanema

Apesar de não morar em Santo Amaro há mais de dez anos, considero o bairro minha 'terra natal', por ter vivido nele por quase trinta, em mais de um de seus subdistritos (não, não é o da Purificação, bem entendido, hehe). Portanto, serei sempre um santoamarense. Gostava de sair a pé aos sábados para longas caminhadas solitárias, passando por bairros menores, que fazem parte da grande Santo Amaro, se é que se pode usar esse termo. Nas mais longas, chegava a descer até a Granja (Julieta), mas nunca deixava de passar pelo Alto da Boa Vista, lindo recanto bastante arborizado e sossegado, com suas casas quase sempre térreas em terrenos amplos e jardins bem cuidados, às vezes em ruas de paralelepípedos. O lugar era um charme, tanto que passava pela minha cabeça, mesmo sendo tão novo na época, comprar uma casa lá depois que me aposentasse, ou algo assim - isso se pudesse, porque o lugar sempre foi caro, o que sempre me pareceu justo. Minha rua preferida era a Comendador Elias Zarzur. Nunca me preocupei com a ameaça dos prédios, porque sabia que lá era e é Z1, e isso muito dificilmente poderia ser modificado. Mas me enganei. De fato, continua sendo Z1, mas a malandragem das imobiliárias e incorporadoras, em concluio, claro, com vereadores do mal, fez com que passasse a ser permitida a construção de condomínios de casas relativamente pequenas (mas caras) no lugar das antigas que tanto gostava, que começaram, claro, a ser demolidas, uma a uma. Quer dizer, para cada casa antiga no chão, seu terreno vê brotar de oito a dez no lugar, de uma vez só, é mole?, uma ocupação caótica e grotesca, que ainda está em curso. Evidente que as ruas outrora tranquilas já têm carros passando a rodo... Claro que isso não aconteceu em um ou dois anos, vem acontecendo há quase dez, e como ainda voto num colégio do bairro, fui assistindo a sua degradação aos poucos, o que me causa uma sensação de perda, porque, quando e se me aposentar, o Alto da Boa Vista que conhecia não existirá, porque já não existe. Ainda bem que me resta outro lugar dos meus sonhos, e este ainda está bastante preservado, pelo menos em relação à minha memória afetiva. Fica no Rio, mais propriamente no Leblon, nas imediações da av. Ataulfo de Paiva, ou mais especificamente bem pertinho do Clipper, um maravilhoso bar que, sozinho, seria capaz de sintetizar a grande diferença entre Rio e São Paulo e ô porque de, sem a violência carioca (que há de acabar), o Rio vence por algumas cabeças (ou muitas). PS; ainda volto a falar do Clipper e de outro lugar no Rio para onde me mudaria amanhã, caso pudesse. O endereço? Rua Barão da Torre, qualquer número, Ipanema, amém!!

Timing

Um dos escritores brasileiros que mais admiro é José Lins do Rego. Principalmente por Banguê, que acho genial. Mas nesse post queria falar como às vezes, para determinadas coisas, pode-se nascer ou morrer antes da hora. O escritor tb foi um cronista muito conhecido no Rio e apaixonado por futebol e seu Flamengo. Mas como ele morreu antes dos 60 anos, no final de 1957, acabou perdendo por pouco o advento Pelé (mas não o de Garrincha, que presenciou em parte). É como amar a música, mas não ter chegado a ouvir Mozart e tudo que veio depois. Perdeu tb Zico (para mim o melhor jogador brasileiro da história depois dos dois citados), que o teria enchido de alegrias, mas aí já não se pode falar em má sorte, porque o Galinho surgiria já na velhice do romancista. De quebra, tb por poucos anos, perdeu todos os desdobramentos do surgimento do Beatles, mas provalvelmente isso não o teria incomodado muito. De qualquer forma, é óbvio que, ao morrer, sempre perderemos grandes coisas que às vezes estão para acontecer.