segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ronaldo

Fui pego de surpresa com a aposentadoria do grande Ronaldo Nazário. O futebol brasileiro fica obviamente mais sem graça sem ele, e os críticos cri-cri terão de escolher outra vítima. Neymar que se prepare.

Ronaldo teve momentos memoráveis em sua volta ao Brasil em 2009, vestindo a camisa do Corinthians, a despeito das toneladas de bobagens que saíram na imprensa esportiva na época, projetando seu fracasso antes mesmo que ele estreasse.
 
A estréia marcante contra o Palmeiras, com direto a drible de chaleira e gol de cabeça no acréscimos, os gols de antologia contra o Santos, na Vila, pela semi do Paulistão, o gol decisivo contra o Internacional, na final da Copa do Brasil, no Pacaembu, em que colocou o bom zagueiro Índio para dançar com um corte seco e tiro rasteiro com o pé esquerdo, no canto do goleiro; um de voleio contra a Ponte Preta, de alta precisão, em que trocou de pé no último momento, coisa de gênio. Sem contar os passes quase sempre precisos, o toque na bola diferenciado, os deslocamentos que confundiam as defesas e a visão de jogo que só os grandes mestres possuem. Em 2010, as seguidas contusões atrapalharam, mas ele continuou fazendo a diferença.

PS: Ronaldo tem uma trajetória atípica em relação aos grandes craques da história do futebol, ele que foi um deles, com todos os méritos e sem questionamentos - apesar de ter feito seu nome nos clubes, com impressionantes média de gols e arrancadas, os grandes títulos ficaram restritos à sua passagem pela Seleção Brasileira. Isso se explica pelo fato de que o excepcional atacante quase nunca jogava no melhor time do campeonato que disputava, com exceção do Real Madrid de 2003, no qual foi campeão nacional. Se o Corinthians não tivesse perdido alguns de seus principais jogadores no meio de 2009, talvez triunfasse no Brasileirão e/ou na Libertadores, títulos que compensariam com sobras o que lhe faltou na Europa. Mas não será mais possível, uma pena. Valeu Fenômeno!

PS2: Zico considerava os dribles em velocidade a qualidade mais marcante de Ronaldo, o que o fazia único. Da minha parte, lembro que Pelé, no auge, também tinha essa característica, e não muitos outros.

PS3: Não sei por que Ronaldo, tão bem conectado ao marketing, não coloca no mercado um DVD com TODOS os seus mais de 400 gols como jogador profissional. Ele já é de uma época em que há registros completos, imagino, diferente de Pelé, claro. Dizem que há dezenas de obras-primas em sua passagem pelo PSV, quando ainda não era tão conhecido, mas quase não se mostra. Sinto falta de um produto assim com Maradona, por exemplo.

PS4: Ronaldo chorou na entrevista coletiva ao se referir à torcida do Corinthians. Certamente não agradecia aos imbecis das organizadas, que só fazem piorar o nosso futebol, mas aos torcedores comuns, como eu, que o receberam de braços abertos. Como corintiano e amante do bom futebol, me emocionei também.

Jogos/gols Ronaldo: Fonte Wikipédia.
 
Cruzeiro (1993-94): 46 jogos, 44 gols.
PSV Heindhoven (94-96): 57 jogos, 54 gols.
Barcelona (96-97): 49 jogos, 47 gols.
Internazionale de Milão (97-2002): 99 jogos, 59 gols.
Real Madri (2002-2007): 177 jogos, 104 gols.
Milan (2007-2008): 20 jogos, 9 gols.
Corinthians (2009-2011): 69 jogos, 35 gols
 
Seleção Brasileira (1994-2006): 97 jogos, 62 gols.
 
Total: 614 jogos, 414 gols, média de 0.67. Números notáveis, mas frios, como toda estatística - e quanto à profusão de dribles, canetas, arranques, passes, lançamentos etc? Isso tudo somado é que fez dele um dos grandes da história.

Copacabana (1946)

Do gênio Braguinha, com o grande Dick Farney. Não consegui a versão original, mas a que segue está bem bonita.

http://www.youtube.com/watch?v=BRn_b7KVZO0

Noturno (1979)

Interpretada em grande estilo por Raimundo Fagner, esta gravação é uma obra-prima da MPB. A canção foi composta pelos irmãos cearenses Graco e Caio Sílvio. Ideal para ouvir bem alto no carro, cantando também bem alto (se possível em dupla), o refrão Ai, Coração Alaaaaaaaaaado!

http://www.youtube.com/watch?v=RbwLJGgU138