segunda-feira, 8 de março de 2010

Oscar furado

Achei que daria para ver a entrega do Oscar pela Globo, mas só consegui saber quem vai para o próximo paredão no Big Brother. As horas iam correndo e nada do Oscar - o programa do Bial não acabava. Nos intervalos, uma sorridente Maria Beltrão - realmente simpática - ia nos dando as pílulas, que na verdade eram os prêmios importantes que íamos perdendo: melhor ator coadjuvante, melhor animação, direção de arte, efeitos especias, entre outros. Mesmo assim, a apresentadora nos garantia que a festa estava "apenas começando" (!) - teve que falar isso umas duas ou três vezes, não deve ter sido fácil para ela, que é uma jornalista séria e profissional. Quando a transmissão começou para valer, perto da meia noite e meia, eu já estava quase dormindo e desisti. O comentário do grande ator José Wilker, pouco antes, dizendo que as roupas do filme tal - vencedor na categoria figurino - eram "realmente bonitas", contribuiu para a decisão.

Democracia

Uma matéria sobre Ongs no caderno Link (Estadão). Parece que a função primeira destas organizações seria a de 'repensar a democracia no Brasil'. Acho estranho. O Brasil precisa de defensores da democracia - ela já tem sido repensada o suficiente e com as consequências conhecidas em países como Bolívia e Venezuela.

O implacável

O cineasta e importante montador do cinema brasileiro, Eduardo Escorel, na Folha de umas semanas atrás, descendo a lenha no Jornal Nacional e novelas. Me incomoda o tom "cineasta analisa a TV", com a arrogância de quem julga não como telespectador/cidadão, mas como um ente superior - fazendo a linha 'artista/especialista com apuradíssimo senso estético e ético'. Para ele, não há distinção clara entre intervalos comerciais, novela e telejornal na Globo. Seria uma acusação gravíssima caso fosse minimamente verdadeira, mas evidente que não é o caso, é só uma frase solta (mirando talvez os merchandising), que Escorel nem tenta justificar e desenvolver. Quer dizer que os blocos de notícia produzidos pelo JN são passíveis de serem confundidos com os breaks comerciais?? Onde?! Por quem??! Engraçado que esse tipo de observação coloca o público lá em baixo: é como se a audiência, manipulada que é, fosse formada por débeis mentais incapazes de distinguir o que é merchan e o que não é, o que é notícia e o que não é etc, etc. Ele também é de opinião que o comentário e a contextualização da notícia deixam muito a desejar na emissora carioca - seriam reduzidos ao mínimo. Me dá medo adivinhar qual seria a contextualização ideal desejada pelo cineasta. Nem o figurino dos repórteres escapa - "muito formais". Até o microfone com o logotipo da emissora o incomoda. A tentação óbvia é pedir que ele tenha o mesmo rigor com a sua obra cinematográfica como diretor, mas nem acho que seja esse o ponto. Fico pensando se alguns dos grandes diretores da atualidade como Woody Allen e Scorsese se dariam a esse trabalho de quase censores da "mídia". Difícil, eles não têm tempo ou interesse.

Pois é

Hoje é Dia Internacional da Mulher. Acho uma tremenda baboseira hipócrita. Se a mulher não recebe o mesmo salário que o homem para a mesma função, cria-se um dia especial para ela, com flores e presentinhos - um segundo dia da mamãe, mais genérico. No Brasil, o muito que se conquistou se deve basicamente ao exercício diário do estado de direito, a partir da promulgação da Constituição de 1988, aliás, antes disso, com as eleições para governador em 1982 e o fim da ditadura militar, em 1985 - claro que os avanços já faziam parte de um processo irreversível, sendo a promulgação da lei que instituiu o divórcio, em 1977, um exemplo. Nos países islâmicos, a violência a que as mulheres ainda hoje estão submetidas no cotidiano é basicamente tolerada no mundo democrático, em nome da diversidade cultural - a ONU é cega, surda e muda quanto a esta questão crucial de direitos humanos. Disgusting.