segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Bikes e SP
A campanha pró-bicicletas em São Paulo é um equívoco só. Claro que nada contra se locomover de bike pela cidade, ainda que seja algo bem perigoso, pela falta de educação de boa parte dos motoristas. Pedalar não polui a cidade, faz bem para a saúde, tudo isso é inquestionável. Mas tentar estigmatizar motoristas de automóvel é absurdo, e é o que está se fazendo, pelo menos em campanhas informais, no rádio. Para começar, é bobagem associar usuários de carros com a elite (sempre ela!), ainda que ricos sempre andem de carro, por óbvio. Uma grande quantidade da frota paulistana (ao menos 6 milhões de veículos) pertence a pessoas das classes C e D (e até E), que se deslocam principalmente para trabalhar. Numa cidade das dimensões de São Paulo, é comum que o trajeto casa-trabalho seja longo, às vezes muito longo – principalmente para as camadas menos favorecidas. Uma campanha por um melhor e mais extenso e integrado transporte público seria muito mais útil e pertinente. É injusto exigir que um cidadão que mora na Vila Carrão e trabalha, por hipótese, no Socorro - um trajeto de, no mínimo, 35, 40 quilômetros - não use seu carro, no caso de tê-lo. Ele sofre no trânsito e vai demorar bem sua hora e meia para chegar, mas sem seu automóvel teria de procurar outro lugar para trabalhar. Numa cidade em que praticamente não há cilcovias, quem pode ir de bike ao trabalho são pessoas (geralmente de classe média alta para cima) que moram, em média, a não mais que quatro, cinco quilômetros dele. Enquanto a infraestrutura continuar na mesma, o resto é demagogia freak.
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