terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Modernos?

Gosto muito de Nava, mas, com exceção de Manuel Bandeira, não compartilho de sua admiração pela primeira geração de modernistas brasileiros. Melhor dizendo, não compartilho de sua veneração por eles. Na verdade, a proximidade era mais com os que vieram a se consagrar na década de 1930 - sua geração, - mas ele também foi amigo pessoal de Mario de Andrade, óbvia estrela de 22, a quem sempre conseguia um pretexto para elogiar, em suas memórias. Sempre considerei Oswald mais importante, mas hoje nem acho essa opção (preferir um ao outro) relevante, pois para mim é cada vez mais claro que Oswald e Mario criaram valor mais como agitadores culturais do que como criadores, ficcionistas de sua época. O que sobreviveu de cada um? Um poema aqui, outro ali, os títulos - realmente bem modernos, atuais até hoje, como Paulicéia Desvairada e Macunaíma (M.A) ou Rei da Vela, Manifesto Antropófago (Oswald) etc, mas os romances dataram, aliás, na minha modesta opinião, nunca chegaram a voar alto. As idéias e alguns pressupostos eram originais e interessantes, mas afundavam na (má) realização. Não dá para comparar a obra de nenhum dos dois com as de Drummond, José Lins do Rego, Jorge de Lima, Graciliano, Murilo Mendes, Cecília Meireles etc, etc. Mas esta geração, que é a de Nava (com exceção de Jorge de Lima, que regulava em idade com a dupla de Andrades), parece ter se sentido tão agradecida com a liberdade estética conquistada pelos 'pioneiros', abrindo-lhes as portas, que exagerou na admiração por eles - senão no aspecto puramente estético, consideravelmente nas relações pessoais, criando uma camaradagem que se revelou perversa. Basta lembrar o terrorismo que se promoveu em relação aos grandes de antes dos modernistas, colocados numa espécie de limbo, ou index sem volta, no melhor estilo stalinista. Olavo Bilac é só o caso mais notório, mas este pelo menos morreu antes (1918) da data-tóten (1922) - pior os que foram enterrados em vida, como Coelho Neto. Vou voltar depois ao assunto, tb para abordar a importância exagerada, quase canônica que se dava aos modernistas no Ensino Médio, no meu tempo de colegial - pelo que sei, isso não mudou nada até hoje.

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