segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Estética e ridículo
O artista flerta com o ridículo o tempo todo. Mas é assim ou melhor nem tentar. Sabemos disso, por isso os idolatramos quando acertam, principalmente quando acertam muito. Porque refletir a condição humana é difícil e não permite meio termo: é a consagração ou ele, o ridículo. As produções de qualquer gênero artístico consideradas medíocres - inclusive as estritamente musicais - são menos medianas que patéticas, mas nos acostumamos a relevar, ou a aceitar os pastiches, afinal inevitáveis. De qualquer modo, para mim, o que fará a diferença não é exatamente o tipo de linguagem (a posteriori), mas a forma de expressão obtida no ato da criação, a saber: esta e não aquela nota, esta e não aquela palavra, tom, passo, diálogo, jogo de cena, verso ou orquestração etc. Considero que a amálgama forma/conteúdo está sendo gerada ao se tomar todas e cada uma destas decisões. Não se trata simplesmente de procurar uma voz, ela tem de surgir a partir desta construção, tijolo a tijolo, mesmo que tudo saia quase que de primeira, à la Mozart e Balzac, ou leve anos, e isso se aplica a todo o fazer artístico. A técnica é fundamental, mas não determinante. Para encerrar, registro que João Ubaldo Ribeiro não vacila em O Albatroz Azul, um pequeno grande livro.
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