segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Blockbusters, internet e Bergman

Nos últimos cinco, seis anos os filmes blockbusters passaram por mudanças importantes que lhes conferiram um upgrade de qualidade. O resultado mais óbvio foi que se tornaram melhores, ou menos ruins de ver. O roteiro ficou menos previsível e careta, os finais menos felizes (às vezes até exageradamente tristes), a direção mais arrojada, os protagonistas e coadjuvantes escolhidos mais badalados etc. Meu palpite é que isto é decorrência direta da internet - o público médio, agora menos ingênuo e inocente, ficou mais exigente. Mas vale a máxima surrada de Giuseppe Tomasi Lampedusa de que 'algo tem de mudar para que tudo permaneça igual', porque o esgotamento de certas regras antes consideradas imutáveis - exatamente nas estrutura do roteiro maniqueísta, previsível, direção acadêmica etc, etc provocou mudanças apenas para que a máquina pudesse continuar funcionando. Bom, isso para dizer que assisti hoje Sherlock Holmes, de Guy Ritchie, e a sensação foi exatamente essa - na linha Batman, O Homem de Ferro e vários outros, o filme ameaça empolgar, mas para mim continua sendo mais do mesmo. Por motivos opostos, me provoca tanta angústia quanto um filme de Bergman. Mas, ao contrário dos filmes do sueco, esse sentimento de vazio não chega aos poucos, no decorrer do filme, e vai ficando. Ele me toma assim que o filme acaba, mas passa logo. Meno male. Quero ver correndo Duas Senhoras e Avatar - pelo que me falam, este último transcende o seu gigantismo.

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