segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Santo Amaro, Clipper e Ipanema

Apesar de não morar em Santo Amaro há mais de dez anos, considero o bairro minha 'terra natal', por ter vivido nele por quase trinta, em mais de um de seus subdistritos (não, não é o da Purificação, bem entendido, hehe). Portanto, serei sempre um santoamarense. Gostava de sair a pé aos sábados para longas caminhadas solitárias, passando por bairros menores, que fazem parte da grande Santo Amaro, se é que se pode usar esse termo. Nas mais longas, chegava a descer até a Granja (Julieta), mas nunca deixava de passar pelo Alto da Boa Vista, lindo recanto bastante arborizado e sossegado, com suas casas quase sempre térreas em terrenos amplos e jardins bem cuidados, às vezes em ruas de paralelepípedos. O lugar era um charme, tanto que passava pela minha cabeça, mesmo sendo tão novo na época, comprar uma casa lá depois que me aposentasse, ou algo assim - isso se pudesse, porque o lugar sempre foi caro, o que sempre me pareceu justo. Minha rua preferida era a Comendador Elias Zarzur. Nunca me preocupei com a ameaça dos prédios, porque sabia que lá era e é Z1, e isso muito dificilmente poderia ser modificado. Mas me enganei. De fato, continua sendo Z1, mas a malandragem das imobiliárias e incorporadoras, em concluio, claro, com vereadores do mal, fez com que passasse a ser permitida a construção de condomínios de casas relativamente pequenas (mas caras) no lugar das antigas que tanto gostava, que começaram, claro, a ser demolidas, uma a uma. Quer dizer, para cada casa antiga no chão, seu terreno vê brotar de oito a dez no lugar, de uma vez só, é mole?, uma ocupação caótica e grotesca, que ainda está em curso. Evidente que as ruas outrora tranquilas já têm carros passando a rodo... Claro que isso não aconteceu em um ou dois anos, vem acontecendo há quase dez, e como ainda voto num colégio do bairro, fui assistindo a sua degradação aos poucos, o que me causa uma sensação de perda, porque, quando e se me aposentar, o Alto da Boa Vista que conhecia não existirá, porque já não existe. Ainda bem que me resta outro lugar dos meus sonhos, e este ainda está bastante preservado, pelo menos em relação à minha memória afetiva. Fica no Rio, mais propriamente no Leblon, nas imediações da av. Ataulfo de Paiva, ou mais especificamente bem pertinho do Clipper, um maravilhoso bar que, sozinho, seria capaz de sintetizar a grande diferença entre Rio e São Paulo e ô porque de, sem a violência carioca (que há de acabar), o Rio vence por algumas cabeças (ou muitas). PS; ainda volto a falar do Clipper e de outro lugar no Rio para onde me mudaria amanhã, caso pudesse. O endereço? Rua Barão da Torre, qualquer número, Ipanema, amém!!

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