terça-feira, 17 de agosto de 2010

Beethoven - imitação de gênio

O primeiro movimento do concerto para piano nº 3, em Dó menor, de Beethoven, poderia ser, tranqüilamente, uma magnífica abertura do nº 28, de Mozart - que obviamente nunca foi composto, já que ele "só" chegou ao 27. É uma espécie de imitação, sim, porque, diferente da primeira sinfonia de Brahms* - que merece ser considerada a "décima" de Beethoven -, esteticamente não se dá um passo adiante. Mas só o fato de que a obra poderia, hipoteticamente, estar entre os melhores trabalhos da última e tão especial fase de Mozart, já é um grande feito, coisa de gênio. Como sabemos que não é o caso, falta a originalidade que Beethoven, ao menos em relação aos concertos para piano, só encontraria (não muito tempo) depois.


* Também a favor de Brahms, conta o fato de ter chegado tão longe logo em sua primeira sinfonia, enquanto Beethoven, já no terceiro concerto para piano, ainda não tinha alçado vôo próprio. Porém, há uma possível explicação: Brahms se lançou na empreitada de compor sua primeira sinfonia apenas na maturidade dos 40 e poucos anos, enquanto Beethoven, mesmo no concerto nº 3, ainda não tinha chegado aos 30 (a obra foi composta em 1800).

PS: há quem diga que a "verdadeira" 10ª de Beethoven é a segunda de Mahler... Ainda quero voltar ao assunto, que é fascinante.

Ouça com Nelson Freire ao piano e regência de Roberto Tibiriçá:

http://www.youtube.com/watch?v=b4cROUKAQSc (1º Mov. - primeira parte)
http://www.youtube.com/watch?v=j0IA6UUxk0Q (2 Mov. - segunda parte parte)

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