quinta-feira, 22 de julho de 2010

Questão de ordem

Se algum jornal ou canal de TV importante abraçasse a causa de uma ONG patrocinada hipoteticamente por Fernandinho Beira Mar, haveria muita chiadeira, e com razão – afinal, em nenhuma hipótese a imprensa livre pode compactuar com o crime organizado. Pois se um partido político apoiou por anos e ainda apóia, declaradamente e sem rodeios, uma organização criminosa que, a pretexto de fazer justiça social, promove, entre outras brutalidades, o seqüestro e o assassinato de civis, mantendo-os em campos de concentração construídos na selva colombiana, além de ser umbilicalmente ligada ao narcotráfico, qual o problema de associar, ainda que indiretamente, seus integrantes a esta organização? É o que penso sobre essa gritaria toda do PT contra qualquer menção à proximidade do partido com as Farc. O mesmo em relação ao primeiro programa de governo de Dilma Rousseff, apresentado como oficial e depois apenas parcialmente cancelado, que continha tentações totalitárias de controle dos meios de comunicação, atentando contra a democracia e o sagrado direito de expressão - conquistas institucionais que a sociedade brasileira aquiriu às duras penas desde o fim da ditadura militar, e de que não pode abrir mão. E o pior é que a imprensa livre assiste a tudo como se não tivesse nada com isso - ou pior, já que uma boa parte dela parece encampar as queixas petistas de que "os udenistas" de sempre estariam fazendo tempestade em copo d’água. Lamentável, deprimente e perigoso.

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