terça-feira, 19 de janeiro de 2010

De novo ele

Outra pérola de Salles é aquele curta que ele realizou para o filme Paris Te Amo (ou algo assim), em que vários cineastas convidados fizeram pequenos filmes usando a cidade como tema, nada muito original, mas tudo bem. Bom, em nova parceria com Daniela Thomas (sempre ela!), Salles resolveu atacar de... crítica social, claro. Resumindo a história, que já é bem curta. Uma bela colombiana, mãe de um bebê recém-nascido, não tem tempo de cuidar dele, já que precisa se deslocar todo o santo dia de seu quarto e sala de um distante distrito parisiense a um bairro chique na parte velha da cidade, onde trabalha de babá o dia todo para uma família de milionários - franceses com pedigree. Quanta contradição e injustiça, meu Deus! O filme é isso, mais nada, muito sutil. Para Salles, deveria ser proibido ser mãe e trabalhar para outras mães. Melhor que ela trabalhasse num bar, por exemplo – ser garçonete parece mais cool. Talvez fosse melhor ela não trabalhar, e gozar de merecida licença-maternidade, para poder se dedicar ao filho etc, etc. É claro que a situação não é a ideal, mas quem disse que a realidade de sua vida difícil na Colômbia não seria bem pior? Quem disse que o fato de trabalhar temporariamente como babá (com um salário nada desprezível) seria assim tão ultrajante, tão “contraditório”, ou mais contraditório que ser garçonete? Não precisa ser um Freud para palpitar que Salles deve ter tido a presença de babás em sua vida, e que isso, além do fato de ser um herdeiro bilionário, deve lhe provocar alguma culpa etc e tal. Daí a sair por aí realizando filmes demagógicos e populistas foi um pulinho – não sem antes mergulhar nas “contradições” do mundo rico e ultra tecnológico do Japão – quem sabe foi lá que teve seu “estalo”, estalo que o fez alterar a rota, literalmente. Não importa. O fato é que esse filmeco tb passou batido pela crítica brasileira, que não viu nada de errado com ele – um crítico conhecido teve a pachorra de escrever em seu blog que o filme de Salles era um dos destaques entre todos os curtas do longa!! Verdade que os demais não eram grande coisa, mesmo - gostei de um ou dois, se tanto (o de Gus Van Sant). Mas para mim é inegável que o filme de Salles conseguiu ser, de longe, um dos piores. É isso, viva nosso cinema tacanho e nossa crítica indulgente. Argh.

2 comentários:

Sebastião Haroldo disse...

Marcelo

Perfeito! Concordo em gênero e grau com você, afinal ainda existiria no limite as FARCS, não é mesmo?!
Muito bonito e bem realizado seu blog, parabéns a todos que dele participam. Veio para ficar.
Um abraço.
Sebastião Haroldo de F. C. Porto

O Luzíada disse...

Oi Sebastião, que bom que tenha gostado! Respeito muito sua opinião, por isso um elogio seu vale como grande incentivo, volte sempre (e mande o link para a Silvana e filhos, até o são-paulino!)
grande abraço, nos falamos, M