sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Reminiscências

Na sua coluna publicada hoje na Folha ("Tanta coisa e nada"), Carlos Heitor Cony conta um pouco de suas idas de carro à zona norte do Rio, para visitar a casa em que nasceu (1926). Ela ainda está de pé, mas muita coisa foi mudando nela ao longo do tempo. Além de bater umas fotos da fachada, Cony costumava tocar a campainha da casa e pedir para entrar, no que geralmente era atendido, mas não mais. Engraçado que também gosto de visitar e fotografar de vez em quando o sobrado em que vivi entre os três e quase seis anos, no começinho dos anos 70, cuja fachada continua praticamente intacta, na rua da Fraternidade, "baixo" Alto da Boa Vista - mas nunca me ocorreu tocar a campainha. É um bonito texto nostálgico (para assinantes da Folha http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0909201121.htm, que fez meu pai se lembrar de um lindo soneto que aborda o mesmo tema, de Guimarães Júnior (1845-1898).

Visita à casa paterna
Como a ave que volta ao ninho antigo
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.

Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma talvez do amor materno,
Tomou-me as mãos, olhou-me grave terno,
E, passo a passo, caminhou comigo.

Era esta a sala... (Oh! se me lembro! e quanto!)
Em que da luz noturna à claridade
Minhas irmãs e minha mãe... O pranto

jorrou-me em ondas... Resistir quem há-de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade.

Nenhum comentário: