segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Choque de realidade

O livro da dupla da pesada John Steinbeck (famoso escritor americano, hoje meio datado) e Robert Capa (célebre fotógrafo húngaro, ainda na crista da onda) sobre a União Soviética ("Diário Russo"), baseado em viagem pelo país realizada em 1947, tem um tom meio deslumbrado e bastante simpático* a ex-potência, o que era natural na época, já que a União Soviética tinha conseguido reverter a derrota inicial para os nazistas na Segunda Guerra, além de ter sido o país que mais perdeu** cidadãos em todo o conflito (inacreditáveis 26 milhões de um total de quase igualmente inacreditáveis 50 milhões de pessoas). Nenhum dos dois era comunista, mas a simpatia pelos russos era quase de lei - o que não teria produzido um Jorge Amado no período, tivesse ele tido a oportunidade da visita? Deus, nem quero imaginar o grau de propaganda...!

De qualquer forma, gostaria de ter visto a possível cara de tacho de ambos quando das denúncias de Kruschev, no início de 1956, pouco menos de três anos depois da morte do grande matador, digo, ditador Josef Stálin. Belo mico.

* Steinbeck, baseando-se no que teria "apurado", chega a descrever a capital da Geórgia, Tbilisi, onde Stálin passou a juventude, como quase um éden na Terra. Ridículo. E há várias passagens nessa linha, não dá!

** Ia escrever 'mais sacrificado', mas me lembrei da Polônia.

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