quarta-feira, 12 de maio de 2010

Proust/White 2

Ainda sobre a microbiografia que Edmund White escreveu sobre Proust, acho uma bobagem quando ele o chama de “escritor-filósofo”, mas “anti-intelectual”. White chegar a dizer que essa incongruência é um paradoxo. Errado. Trata-se de uma impossibilidade – mesmo que ele tenha imaginado um paralelo com um tipo de filosofia oriental, o que é pouco provável e seria forçado de qualquer forma. Mas ainda que tivesse ficado só no “escritor-filósofo”, discordaria também. Proust pode não ter lido Freud, mas possuía uma rara compreensão das ambivalências do ser humano, mesmo em relação a outros grandes escritores - antes e depois dele - é algo que realmente salta aos olhos. Mas é um tipo de sabedoria e sensibilidade quase psicanalíticas, pouco a ver com a filosofia – ter lido Leibniz e Ruskin não faz de Proust um escritor de veio filosófico. Acima de tudo, Proust foi um grande artista.

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