segunda-feira, 8 de março de 2010
O implacável
O cineasta e importante montador do cinema brasileiro, Eduardo Escorel, na Folha de umas semanas atrás, descendo a lenha no Jornal Nacional e novelas. Me incomoda o tom "cineasta analisa a TV", com a arrogância de quem julga não como telespectador/cidadão, mas como um ente superior - fazendo a linha 'artista/especialista com apuradíssimo senso estético e ético'. Para ele, não há distinção clara entre intervalos comerciais, novela e telejornal na Globo. Seria uma acusação gravíssima caso fosse minimamente verdadeira, mas evidente que não é o caso, é só uma frase solta (mirando talvez os merchandising), que Escorel nem tenta justificar e desenvolver. Quer dizer que os blocos de notícia produzidos pelo JN são passíveis de serem confundidos com os breaks comerciais?? Onde?! Por quem??! Engraçado que esse tipo de observação coloca o público lá em baixo: é como se a audiência, manipulada que é, fosse formada por débeis mentais incapazes de distinguir o que é merchan e o que não é, o que é notícia e o que não é etc, etc. Ele também é de opinião que o comentário e a contextualização da notícia deixam muito a desejar na emissora carioca - seriam reduzidos ao mínimo. Me dá medo adivinhar qual seria a contextualização ideal desejada pelo cineasta. Nem o figurino dos repórteres escapa - "muito formais". Até o microfone com o logotipo da emissora o incomoda. A tentação óbvia é pedir que ele tenha o mesmo rigor com a sua obra cinematográfica como diretor, mas nem acho que seja esse o ponto. Fico pensando se alguns dos grandes diretores da atualidade como Woody Allen e Scorsese se dariam a esse trabalho de quase censores da "mídia". Difícil, eles não têm tempo ou interesse.
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