sábado, 9 de janeiro de 2010

Música e histeria

Tem gente que ouve música o dia inteiro, o tempo todo. São pessoas que trabalham ouvindo música, praticam esportes, fazem sexo etc, sempre com algum fundo musical. É aí que queria chegar - ouso dizer que essas pessoas não amam a música, porque acho que ela não nasceu para ser um mero pano de fundo. Ou melhor, pode ser, mas nesse caso ouvi-la terá sido um ato secundário. Quando escolho ouvir música, isso deve ser a principal coisa que estou fazendo naquele momento e tanto melhor se for um ato solitário, quase como a leitura, e mesmo que esteja dirigindo (sozinho) ou caminhando, já que conseguimos dar conta dessas atividades por reflexo, sem interferir na contemplação da música, até pelo contrário. Claro que tudo bem colocar música como fundo durante uma conversa, para uma visita, mas aí fica explícito que escutá-la está em segundo plano, é só um plus. Mesmo quando dançamos, o principal ali é estarmos dançando, a música é só o veículo, o detonador e tudo bem. O que quero chamar a atenção é que essas pessoas que ouvem música 15 horas por dia não se dão conta de que, provavelmente, a música quase NUNCA é prioridade para elas e isso é triste. Talvez a música lhes sirva apenas para encobrir o silêncio, o que é igualmente triste, pois o silêncio é vital e não deveria ser assustador. PS: o pior é que, em não poucos casos, esses ouvintes histéricos são músicos...

2 comentários:

Dani T Da Viá disse...

Acho que são poucos que conseguem a proeza de ouvir 15h ininterruptas de música... porque por melhor que seja o repertório, cansa demais.. O ideal seria vc se deter à arte como objeto de consumo, de como ela tem sido banalizada(a velha coisa da "indústria cultural" agora está mais complexificada na contemporaneidade)...

O Luzíada disse...

Eu não disse ininterruptas... E nem me proponho aqui a julgar o que ouvem por aí. De qualquer forma, minha crítica se aplicaria mesmo a alguém que ouvisse 15 horas de Bach e Mozart. Beijo lindona!