segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Eleições - e o colchão nem precisou ser usado

Dados importantes que pesquei na Folha de hoje, a partir dos votos válidos de Dilma (56,05%) e Serra (43,95%) no segundo turno.

1 – Dilma ganharia mesmo isolando as duas regiões em que teve votação maciça - Norte e Nordeste. Nestas, Dilma conseguiu uma diferença a seu favor de 11.7 milhões de votos (10.7 milhões no NE e um milhão no Norte). Como sua vantagem total foi de cerca de 12 milhões de votos, é correto afirmar que ela também venceu no restante do país - por uma diferença bastante apertada (0,3% dos válidos ou 300 mil votos), mas venceu.

2 - Pensando nas próximas eleições presidenciais, é assustador constatar que existe de fato um “colchão” de votos no Norte e Nordeste que não apenas apóia Lula - como em 2006 - mas quem quer que seja que tenha o seu apoio. Na prática, essa reserva ainda não precisou ser usada nem por Lula nem por Dilma, mas caso fosse (ou seja) necessário, significa uma vantagem praticamente intransponível de quase 12 milhões de votos a ser tirada pela oposição. Num segundo turno, 6 milhões eleitores têm de ser convencidos a mudar de candidato. Essa realidade obviamente não será eterna, mas tende a não se alterar tão cedo.

Ou seja: Dilma não precisou do Norte/Nordeste para se eleger, mas Serra, para derrotá-la, teria que ter conseguido nas outras regiões uma vantagem que, em condições normais, tem sido missão quase impossível ao PSDB - para reverter o quadro, Serra precisava de uma vantagem no Sudeste de pelo menos 20%, mas não só não a obteve como perdeu o duelo - 48,1% a 51,8%.

Em outro cálculo - agora incluindo a votação no Norte/Nordeste -, mesmo que os números contundentes pró-Dilma no Rio (60, 5% a 39,5%) e Minas (58,5% a 41,5%) fossem invertidos a favor de Serra, a candidata petista ainda venceria a eleição, e por boa margem (52,6% a 47,5%). Para o estado de São Paulo reverter sozinho a situação, a candidatura Serra teria que ter produzido um massacre de 80% a 20% – ontem os números foram bem mais modestos: Serra 54% a 46%. Essa é a verdadeira conta a ser feita pela oposição para disputar a Presidência, e ela é assustadora. PRI à vista.

PS: achei que tinha partido de uma premissa errada, mas verifiquei que não foi o caso. Na verdade, as variáveis são simples: Dilma teve uma vantagem total em relação a Serra de 12 milhões de votos em todo o país, mas no Norte e Nordeste o número chegou a 11.7 milhões, o que corresponde a 97.5% da vantagem. O que isso significa? Simples. Esses 11.7 milhões são uma espécie de zero - se a diferença total a favor dela fosse inferior a este número, isso significaria, obrigatoriamente, que Dilma teve menos votos que Serra no restante do país. E vice-versa. No primeiro caso, se o vencedor no Sudeste, hipoteticamente, fosse Serra, e não Dilma, e pela mesma diferença que deu a vitória à petista (1,6 milhão de votos), a diferença total entre eles cairia dos 12 milhões para 8.8 milhões, indicando que Dilma perdeu quando isolamos o Norte/Nordeste e, a depender dessa diferença, poderia até perder a eleição. No caso inverso, se Dilma, e não Serra tivesse vencido no Sul, a diferença total subiria mais 2.4 milhões, chegando aos 14.4 milhões, o que indicaria uma vitória ainda mais expressiva fora do esquadro Norte/Sul. Por último, se Dilma vencesse por exatos 11.7 milhões de vantagem, é claro que os votos nos outros estados mostrariam um empate entre ela e Serra.

De qualquer forma, a diferença total pró-Dilma, de 12 milhões, acabou sendo um pouquinho maior que os 11.7 milhões, portanto essa é a exata diferença a favor de Dilma no restante do país – 300 mil votos ou 0,3% dos votos válidos. Ufa!

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