quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cruéis

Inevitável ver algumas capas de revista que ficam expostas nas bancas. Geralmente as de fofocas, porque devem vender mais. Numa delas, foto estampando um belo sorriso da linda atriz Cissa Guimarães, que perdeu tragicamente o filho mais novo, no Rio. Claro que ela não tem culpa nenhuma da situação absurda. Pelo contrário, é vítima, já que, mais de duas semanas depois da fatalidade, os paparazzi não a deixam viver seu luto, estendendo ad aeternum o velório do rapaz – o necessário ritual em que, para atenuar a perda, amigos e parentes confortam os entes queridos de quem partiu, como para dar mais tempo de assimilar o choque, e depois enfrentar o vazio que está para chegar e é a etapa mais difícil. Mas a “mídia”, pelos piores motivos, faz disso um simulacro interminável, e em praça pública, prestando um grande desserviço à Cissa – ao receber tantas “homenagens”, talvez, fique a sensação de que o filho não tenha morrido, pelo contrário, estaria sendo saudado por algum grande feito, e ela também, por ser sua mãe. Os verdadeiros amigos dela deviam tentar impedir esse absurdo.

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