terça-feira, 20 de julho de 2010

500 Dias com Ela - por que não gostei

Quem ainda não viu favor pular esse post. Dito isso, adiante. Não sei por que o filme tem sido tão elogiado. Claro que Zooey Deschanel e Joseph Gordon-Levitt formam um casal lindo, e dão conta do recado nos papéis de, respectivamente, Summer e Tom, mas a questão é que o ‘tal ciclo da paixão’ não é esmiuçado com a devida profundidade nesta comédia romântica que supostamente teria ‘subvertido’ as regras do gênero.

No filme, Summer é uma gata blasé de vinte e poucos, que aparentemente desaprova o romantismo explícito do namorado na relação, e sempre que pode o acusa de ser meio pegajoso etc. Na primeira metade do filme, assistimos o rapaz ser rejeitado das mais várias formas, mas eles seguem juntos por algum tempo. O que me incomodou é que, enquanto dura o namoro, Summer tenta enquadrar o parceiro com um discurso não romântico, como se essa postura tivesse sido fruto de uma genuína reflexão de uma vida amorosa intensa, como se sua atitude tivesse uma conexão com seu jeito de ser. Não é o caso. Conforme o rompimento se aproxima, e depois que ele acontece, constatamos que Summer de fato nunca tinha se apaixonado de verdade, portanto suas premissas eram falsas, sua atitude blasé para com o amor só uma defesa adolescente, imatura, e que, acima de tudo, suas críticas a Tom eram injustas – ele, sim, estava apaixonado e tentava apenas viver a paixão sem freios, uma postura mais do que louvável, adulta. O problema é que o filme finge que nada disso aconteceu, e isso me incomodou - há uma cena no final que sintetiza o que quero dizer: o já ex-casal se encontra casualmente na rua, ela casada com outro, ele ainda com dificuldade de aceitar o fim do namoro.

Bom, se o filme fosse intelectualmente honesto, crítico, Tom teria a oportunidade de dizer que o imaturo sempre foi ela e não ele; que o fato de ela nunca ter abraçado a relação se devia ao fato de que ela nunca chegou a se apaixonar por ele (e não porque tinha um jeito de amar mais blasé), e que tão logo isso aconteceu ela se casou, só isso, nada muito original. Mas não é o que vemos. Ela, por sua vez, de fato diz que com o marido tudo tinha sido diferente, mas omite que a postura de indiferença de antes não era um jeito de ser, apenas uma ignorância. Ou seja, ela poderia, agora, mais afetivamente madura, ter aproveitado para se desculpar por sua imaturidade, por não ter sido honesta com o ex, honesta de dizer que apenas não o queria o suficiente. Sim claro, eu tive minhas Summers em verões passados, e sofri o diabo com isso.

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