sexta-feira, 4 de junho de 2010

Infância: pau pra toda obra

Incrível como tem clichês evidentes que parecem não intimidar certa intelligentsia. Há pouco, em uma entrevista na revista Bravo, um conhecido escritor inglês repete a ladainha de que passou a escrever “depois de ter realizado que nunca mais teria sua infância de volta” etc e tal. É um clichê freudiano repetido como verdade absoluta, mas o ponto nem seria esse. Se perder a infância é um trauma tão acachapante, deveria ser assim para todos - para o arquiteto, enfermeira, cineasta etc. etc. Mas é engraçado notar que são os escritores os que mais reivindicam e se apegam a esse clichê para se justificarem como artistas. Essa atitude talvez diga algo sobre a natureza do ofício.

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