domingo, 24 de janeiro de 2010
Lajedão
Falando em viagens, tem uma coisa fascinante que é viajar de carro sozinho. A sensação de liberdade derruba qualquer clichê. No caso de as estradas serem boas, sem buracos (não sou de off-road), e quase desertas, é quase um transe, um tipo de meditação extremamente prazerosa. No Brasil isso é difícil, mas não impossível. Viajando de carro podemos escolher ouvir música selecionada a dedo, no último volume, ou o silêncio da estrada, dirigindo e vendo a ampla paisagem se movendo, é muito bom - isso tb acontece quando estamos num trem mas no carro temos o controle da velocidade, do volante, é uma sensação ativa que acho insubstituível. Comparado com camelar em filas de aeroportos, não dá nem para começar. Tem um amigo que faz ou fazia isso de moto, deve ser sensacional também, mas duas rodas não é minha praia. Pena que fiz poucas viagens do tipo. Sozinho mesmo, que me lembre, só uma. Em 2001, ainda solteiro, decidi do nada que iria para Diamantina, norte de Minas, a 700 quilômetros de São Paulo. Saí de casa às 6h00 e cheguei ao destino antes das 16h00. Não é que corri demais, é que a as estradas estavam quase vazias, era dia útil . O trecho que liga Curvelo a Diamantina tem, espero que ainda tenha, uma estrada à francesa, só uma pista de cada lado mas com asfalto bem escuro e lisinho, curvas e retas acentuadas, e o cenário é deslumbrante - meio árido, amarelado, mas com alguma vegetação e grandes rochas fazendo parte de um cenário maior, com montanhas a perder de vista. Imagino fazer este percurso de bicicleta algum dia (não aprendo a deixar de querer retornar, não tem jeito!), mas neste caso, em grupo. Esta viagem à Diamantina não é das mais longas, claro. Uma outra ocasião, desta vez acompanhado de um ex-amigo, voltei do sul da Bahia tb por Minas*, um trajeto de 1.600 quilômetros, quase sem parar, revezando na direção. Me lembro da sensação estranha de olhar para os moradores de cada cidadezinha que passava com um ar de quase pena por eles não estarem também viajando, se deslocando. É que uma vez na estrada nos acostumamos quase que imediatamente, deve ser algo atávico. Meu sonho seria fazer uma viagem pelo mundo dirigindo, mas toda a burocracia, má conservação da maioria das estradas e o perigo de assaltos etc, me fazem voltar à realidade. Ficar parado não deixa de ser ótimo, e a gente também se acostuma rápido.
* As rochas ultradilatadas nas imediações de Teófilo Otoni são impressionantes. E a cidade de Lajedão, Bahia, que tem esse nome por causa de um maciço que forma um perfeito paredão, altíssimo, tb ficou na memória. Se bobear, volto lá para passar uns dias. Não tem jeito.
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